sexta-feira, 26 de abril de 2024

terça-feira, 23 de abril de 2024

A Internet trouxe o equilíbrio para o Mundo

Eu amo a Internet, pois ela deu voz a todos. Agora todos podem falar, e podemos ouvir as mais diversas opiniões, desde as genuinamente idiotas às delicadamente equilibradas. O mundo 🌎 precisava quebrar o monopólio da informação e do saber. Era preciso deixar os jornalistas e os catedráticos de boca aberta. Nós precisávamos conhecer a sujeira que eles empurravam para debaixo do tapete ao invés de lidar com ela. Por mais que os certinhos estejam sofrendo agora, pelo menos deixamos de ser um joguete em suas mãos, conhecendo apenas às suas visões com aspas bem grandes, "corretas". Agora conhecemos a maldade, e sabemos que estamos nus, assim como Adão e Eva. E assim como Adão e Eva podemos escolher se vamos pecar ou não. A Internet trouxe equilíbrio entre os pecadores e os que se dizem deuses.

domingo, 7 de abril de 2024

Parceiros da Aventura de José Medeiros

Com um argumento de José Felício dos Santos e roteiro do grande José Louzeiro, um filme espetacular. Da época em que cinema brasileiro tinha pouco investimento, mas possuía grandes saidas criativas. Filme duro é seco, sobre a realidade do Rio de Janeiro.

A República dos Assassinos de Miguel Faria Jr

Outro filme bom, nesse caso uma ficção. Um filme que mostra a promiscuidade das relações de poder no Rio de Janeiro e a violência. Indpirado na vida de Mariel Mariscote, personagem intrigante, que nos diz muito sobre os meandros da corrupção carioca. Apesar da data em que o filme foi feito, quem assistir hoje verá muito da realidade atual. Esse filme é a adaptação de um livro de Aguinaldo Silva. 

A Opinião Pública de Arnaldo Jabor

Felizmente consegui esse filme para assistir. Ele vale muito a pena. Com ele conseguimos ter uma ideia do que a classe média pensava sobre o Brasil e sobre a vida nos idos anos 60. Filme belíssimo. Documentário interessante. 

sábado, 6 de abril de 2024

A arte é um momento

A arte é um momento. Assim momentânea não precisa ser perfeita. Quem sabe depois o próprio artista se arrependa daquele instante. Estou falando dos artistas honestos, e não daqueles que criam somente pelo vil metal. Julgar um artista por um trabalho ou uma fase é muito injusto. A arte não precisa nem deve ser perfeita. A arte, é apenas arte, só isso. Não é profana nem sagrada. 

Os críticos

Os críticos, sejam eles profissionais ou não, são todos heróis frustrados. O crítico musical é um músico frustrado, assim como o crítico de cinema é um cineasta frustrado, e o comentarista de futebol é um jogador frustrado.  O crítico é sempre aquele garoto que não foi escolhido para jogar, e que termina sendo ou o gandula ou o juiz da partida, pois ele quer estar ali por perto. 

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Não

Não, não, não, e não. 
Essa minúscula palavra, 
é a que eu mais ouço. 
Se esses idiotas pensam, 
que uma palavra tão pequena, 
vai foder comigo... 
Sim, sim, sim, e sim. 
Eles têm razão.

segunda-feira, 25 de março de 2024

Eu me aposentei das artes

Eu me aposentei das artes. Não vou mais fazer filmes, escrever livros, interpretar, ou gravar músicas. Não dá mais. Fiquei desatualizado nos meandros dos "negócios" das artes. Concomitante a isso, o interesse de outras pessoas pelo meu trabalho começou a rarear até que cessou. Ninguém vai sentir falta dele. Mas tudo o que deu certo foi feito com a ajuda de outras pessoas. Tudo que deu errado foi culpa minha. Tive chances igual a todo mundo; e não soube aproveitar. Abandono a vida artística sem lamentações; mágoas, ou ressentimentos. Apenas acabou porque teve que acabar. Simples assim. Já chega. Farei outras coisas na vida.

Renego

Renego a todo e qualquer material artístico que eu tenha produzido até hoje. Eles só fazem ocupar espaço no baú da vida e na vida em rede. Nada do que foi dito, criado, ou escrito por minha pessoa deve ser levado a sério. Eu pensava que estava certo. Tudo errado. Confesso que eu me equivoquei. Tudo desatualizado, fora do tom, ultrapassado... Aliás, esse material que por aí se encontra, só aí se encontra por minha falta de coragem para acabar com tudo. Renego a todo esse material, inclusive na modalidade cinema. Pro diabo com tudo isso! Só fez atrasar a minha vida. Agora eu vou poder dormir em paz sem sonhar com nada disso todas as noites.

sábado, 16 de março de 2024

A Crítica

A crítica aos trabalhos artísticos é uma bobagem. Pensar que existe um critério para julgar uma obra de arte é uma idiotice. Só os imbecis podem julgar algo intuitivo e subjetivo.

Raulseixista

Começou quando eu tinha quinze anos. Comecei a ouvir boleros, deixei a barba crescer, passei a usar óculos escuros. Disseram quê essa breguice toda era uma moda passageira. Se era ou não, não sei. Só sei que perdura até hoje.

As pessoas passam por nossas vidas

As pessoas passam por nossas vidas. É como a música de Milton Nascimento diz: "A hora do encontro é também despedida..." Fico pensando em tanta gente que conheci, com as quais passei algum momento, e que hoje já não tenho nenhum contato. O que foi feito de fulano? O que aconteceu com beltrana? Será que ainda estão vivos? Será que sabem o quanto foi agradável ter desfrutado das suas companhias? E o quanto me arrependo de não ter mostrado isso na época? Vá saber. É assim. Infelizmente. Faz parte. As pessoas passam. Fica a saudade. A inspiração é pouca. Cheia de lugares comuns. Mas o sentimento é verdadeiro. Posso dizer que o que sinto é saudade.


quarta-feira, 13 de março de 2024

Ás vezes o silêncio

Às vezes o silêncio.

Nenhuma trilha sonora.

Nada.

Nada mais que o silêncio.

Às vezes o silêncio.

Sem nenhum amor.

Sem nenhum motor.

Sem nenhuma dor.

Só.

Só.

Só.

O silêncio.



terça-feira, 12 de março de 2024

Beatlemania

Nós somos os órfãos da beatlemania. Nós que acompanhamos os Beatles desde o Cavern Club. Não ficamos tristes apenas quando a banda acabou. Nós estamos tristes desde quando eles deixaram de tocar exclusivamente, e deixamos de ser o seu público alvo e cativo. Antes daquela treta de John Lennon e o sonho acabou. Só nos resta ouvir Martha My Dear no rádio nessas manhãs de sol. A começar por seu piano de introdução … e sair a caminhar debaixo das árvores. 

Eu converso com a tela em branco

Eu converso com a tela em branco. Quando se escreve para ninguém é isso que se faz. Como num diálogo interno. Ninguém sabe porque um escritor cisma em escrever, mesmo não tendo a mais remota chance de publicar. São tantos. Eu não sou o único. Parece que arriscamos alguma companhia. Deve ser isto o que almejamos: ter alguém com quem conversar. O tempo todo. Falam também do prazer. Um satisfazer solitário, talvez. Como a masturbação. Qual graça tem praticar esse hobby na solidão do quarto como se fosse um dever. Entupir caixas de livros, os armários de contos, e os blogs de crônicas. Talvez por não ter a mínima habilidade social para puxar assunto. Mesmo fantasiando conversar com inúmeras pessoas ao mesmo tempo. Só nos resta escrever. Talvez seja destino. Outros irão romantizar e dizer que é o que eles conseguem fazer. A verdade é que ninguém sabe o porquê disso.

domingo, 10 de março de 2024

Os escritores que eu gosto

Eu só queria estar na companhia dos escritores que eu gosto. Ou dos seus livros para ser mais exato. Não quero falar de ninguém. Com nenhum chato que não compreende nada. Sem tempo agora. Quando tiver, estarei apenas com os escritores que eu gosto. Agora ando ao lado de outros por causa dos meus estudos. Gosto deles também. Sou obrigado a textualizar. É interessante. No dia em que puder escrever apenas para o meu bel-prazer; eu continuarei a criar romances para ninguém. E andarei com os escritores que eu gosto.

Animais Abandonados

Eu já escrevi textos falando que os animais de estimação não podem ser considerados como filhos e fui massacrado nas redes sociais. Não tenho um animal em casa, pois sei que vou querer viajar e não vou poder. Mas percebo que o mesmo tipo de gente que reclama tal maternidade e paternidade abandona os seus supostos filhos chorando e latindo nos fins de semana. Então reforço o que disse. Não, eles não são os seus filhos. Se abandonar uma criança como abandona um animal em casa você vai preso.

sábado, 9 de março de 2024

O Peso dos Pecados

Os pecados pesam uma tonelada em minhas costas e eu preciso carregá-los por aí. Pois sempre que são acionados pela memória eles me fazem sofrer. Não ficam mais leves. O tempo não cura nada. Com o tempo, o que acontece com eles, é que são esquecidos mais rápido. Antes de voltarem novamente. É incrível chegar aos 128 anos.  

Os Meus Clichês

Sequência de dias quase felizes.

Isso não é normal.

Uma hora ela volta.

E não é que ela voltou com força total?

Mas dessa vez teve um motivo.

Ela sempre carrega uns motivos.

Antes de me jogar na cama.

É bom ter o sol no rosto.

O sol entra pela janela.

Ela entra pela janela. 

Eu não consigo trabalhar.

Eu não consigo estudar.

Mas confesso que não estou tentando.

Pois eu não consigo.

Sinto vontade de ver pessoas.

Não sinto coragem de falar com ninguém.

E lá se vai mais um objetivo abandonado.

Eu acordo dormindo e durmo acordado.

Ela deita ao meu lado e rouba meus sonhos.

Os meus clichês.

segunda-feira, 4 de março de 2024

Acabou a Música...

Acabou a música. 
O violão está jogado no quarto em cima da cama.
Não há mais letras para decorar...
ou canções para serem gravadas.
Simplesmente acabou a música.
Assim como acabou o teatro,
a literatura,
e o cinema.
É uma pena.

A Música na Nuvem...

Entendo que agora vivemos em outra época. Mas eu que experimentei o mundo no passado, estou de saco cheio de ouvir música digitalizada. Vou comprar uma vitrola e discos de vinil só para sentir aquela emoção de colecionador. Ouvirei os conceitos do conjunto da obra. A música na nuvem parece dispersa.

domingo, 3 de março de 2024

Plantão de Polícia

Ontem um homem de vinte anos em atitude suspeita foi abordado por dois policiais. O cidadão se encontrava agachado, e quando perguntado o quê fazia naquela posição, ele disse estar à procura de  uma moeda. Ao sentir um forte odor, os policiais pediram para o revistar, e descobriram um estupefaciente em sua posse. Indagado sobre a origem da substância, o homem respondeu que a havia ganhado de um desconhecido na praça. Os policiais argumentaram que a posse de determinadas substâncias é ilegal,  e que ele teria de ser autuado em flagrante e levado à delegacia. No que o homem argumentou que estava sendo preso por causa de uma planta. Independente de suas indagações, ele foi recolhido e o material apreendido. Como penalidade o homem terá de pagar dez cestas básicas e frequentar um programa de esclarecimentos sobre o uso de substâncias ilícitas para que possa ser reinserido à sociedade.

Compulsão Sexual

A compulsão sexual acaba com a dignidade. Ela toma conta do cotidiano de sua vítima. Ninguém sabe o que leva a esse tipo de comportamento. Mas, provavelmente, como a maior parte dos vícios, ele está relacionado a alguma carência que faz com que a pessoa queira ocupar esse vazio. É o vício menos levado a sério por estar associado a um prazer supostamente "natural". Em discursos machistas, o homem que mantém essas práticas é visto como "normal". Já as mulheres podem ser muito "malvistas". Preconceitos que tumultuam a busca por uma vida de melhor qualidade. A Internet parece ter potencializado o número de sexólicos, pois a busca por pornografia foi facilitada com o advento da rede. Com certeza é um dos vícios mais nocivos, já que a substância em que se está viciado se encontra no próprio corpo. Sendo a satisfação de muito fácil acesso. Esse deleite não se esgota, e o doente viciado caminha em círculos descendo cada vez mais fundo pulando de uma prática à outra sempre com a desculpa de que a atual está satisfeita. O compulsivo sexual gasta dinheiro em demasia, prejudica a qualidade de seus relacionamentos, de seu sono, arrisca a sua saúde e a dos outros, passa a ter dificuldades no trabalho e nos estudos, desenvolve vícios em outras substâncias, e pode chegar ao ponto de como em qualquer droga, emagrecer e negligenciar os seus cuidados. Quando procura ajuda não é raro ouvir que "não passa de sem vergonhice", ou "quem não queria ter um vício desses?" Com a facilidade do acesso ao sexo, e o preconceito, essa doença tem avançado a cada dia, contaminando cada vez mais jovens. A sociedade evita o assunto, e poucos profissionais das áreas de saúde mental estão prontos para lidar com o problema. Os viciados se escondem nas sombras e temem ser rechaçados. Por isso, se encontram sozinhos. É difícil saber qual é o limite entre o sexo saudável e o obsessivo, mas provavelmente é o quanto prejudica a vida de uma pessoa.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Renego

Renego a todo e qualquer material artístico que eu tenha produzido até hoje. Eles só fazem ocupar espaço no baú da vida e na vida em rede. Nada do que foi dito, criado, ou escrito por minha pessoa deve ser levado a sério. Eu pensava que estava certo. Tudo errado. Confesso que eu me equivoquei. Tudo desatualizado, fora do tom, ultrapassado... Aliás, esse material que por aí se encontra, só aí se encontra por minha falta de coragem para acabar com tudo. Renego a todo esse material, inclusive na modalidade cinema. Pro diabo com tudo isso! Só fez atrasar a minha vida. Agora eu vou poder dormir em paz sem sonhar com nada disso todas as noites.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Esse filme eu não encontrei

Dando seguimento à crônica anterior. Eu assisti a um filme de um cara como uma mulher loura e que ele era ladrão e que era cercado na cena final numa espécie de fronteira com o México enquanto a sua namorada olhava para ele. O filme terminava congelado. Tudo indicava que ele iria morrer e o diretor não quis dar esse desprazer para o espectador. Esse filme eu não encontrei. 

Sobre quando assisti Badlands de Terrence Malick

Havia assistido esse filme ainda criança. De madrugada. Ele passou na televisão. Naquela época eu não tinha como encontrá-lo. Não havia nem videocassete na minha família. Fiquei décadas com esse filme na cabeça. Só lembrava que a menina loura fugia de moto com o cara e que no caminho eles iam assaltando. Há uns três anos atrás eu estava procurando material sobre psicopatas e ouvi algo dizendo que esse filme contava a história de um deles. Fui atrás do filme, mas quando começou não tive dúvidas. Era o filme que eu procurava há décadas. O filme é mais maravilhoso do que eu pensei quando criança. 

Sergio Leone

Sou apaixonado por Sergio Leone. Embora os meus filmes preferidos não sejam os de sua primeira fase. Curioso é que tenho adoração também pelos filmes de Clint Eastwood. Com todo o respeito a ele como ator, mas eu gosto dos últimos filmes. Vou escrever os seus nomes da tradução brasileira. Era uma vez na América, Era uma vez no Oeste, e Aguenta-te canalha. Estou no mestrado tendo de admitir que o meu melhor trabalho, o que mais tenho carinho, é o que na licenciatura fiz sobre esses últimos filmes de Sergio Leone. O texto se chama A pós-trilogia dos dólares e está no academia.edu. Ninguém vai ler. Uma pena. 

Sobre quando assisti ao filme Henry & June

Não é segredo para ninguém o quanto gosto de Henry Miller. Aconteceu uma coincidência engraçada. Era louco para assistir ao filme Henry e June baseado na obra de Anaïs Nin que obviamente recomendo. Não tinha na época como conseguir o tal do filme. Um dia acordei de madrugada e fiz algo que eu não fazia desde que era criança, ligar a televisão de madrugada. Depois de apertar o botão entra uma tela com os nomes Henry e June. Nunca mais esquecerei de quando assisti esse filme.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

O melhor da Internet são os comentários

O melhor da Internet são os comentários. Ignorem as leis, a opinião pública, os formadores de opinião… A vida real está nos comentários. Os comentários são as conversas de alcova, o palavreado das casernas, das tabernas, das zonas, das tascas imundas, dos pés sujos, das bocas de fumo, e dos risca facas. O politicamente correto e os seus modismos são motivos de piada nos comentários. Eu vejo o título de um vídeo e nem assisto. Pulo direto para os comentários. Ali é onde a vida pulsa. Onde está o povo. A massa. As conversas de rua e das celas das cadeias. Lugar onde filho chora e a mãe não vê. Onde você conhece a podridão humana. Esqueçam os púlpitos, os altares, os plenários... nem quero ouvir esses chatos com suas notas de repúdio, seus abaixo-assinados, suas manifestações... Eu gosto da idiotice humana, de sua cupidez, e do seu ultrarrealismo. Eu quero a verdade. Eu quero a realidade. Por mais feia que ela possa parecer.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Manu Chao: uma inspiração

Sempre lembro da música Clandestino de Manu Chao. Pois desde que comecei a mudar de cidade me sinto assim. Já sentia ser um estrangeiro em minha própria terra. Pois lá, como em todo lugar sofria descriminação. Por causa da origem, da raça, e das escolhas. Vim morar em outro continente. Compus um poema pensando nisso. Amo tanto a canção Me Llaman Calle, o clipe, o filme, a sua história, que fiz uma versão dela. Mas ninguém nunca vai ouvir. É uma pena. Manu Chao morou no Rio de Janeiro. No clipe de Desaparecido ele anda por suas ruas. A música inicia com a narração de um jogo do meu time, o Flamengo. E aquela em homenagem ao Maradona? Ele cantando à sua frente. Não canso de assistir...

Logos in loco

In loco. 
Em bloco.
Sigo logo.
Tenho logos.
A Deus,
ateus,
adeus,
eu jogo.
Não cobro.
Não troco.
Não logo.
Dialogo.
Aos seus,
aos teus,
aos meus,
eu rogo.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Ouvindo Billy Paul cantando Purple Rain...

Hoje a tristeza veio com tudo. Nesta manhã de domingo ensolarada. Eu lembrei do meu livro Cidade Nova e de seu protagonista e fiquei triste. Ele morre na estante. Os meus tios todos mortos. Eles, os meus pais, e os meus avós estão no livro. Eu carregando a mesma árvore genealógica deles. Com os mesmos fracassos. Os mesmos vícios. Ouvindo Billy Paul cantando Purple Rain. Eu queria chorar mas não tenho lágrimas. Tem tanta gente com quem eu quero falar, e tanta gente que eu sei que ficaria feliz se eu entrasse contato. Mas simplesmente não tenho essa disposição. Devia ter ido caminhar. Vou ver o que eu faço. Ouvindo Billy Paul cantando Purple Rain...

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Raul Seixas e Edith Wisner

Edith Wisner foi o grande amor da vida de Raul Seixas. Ou, melhor, Edith foi o grande amor da vida de Raulzito. Antes da invenção Raul Seixas. Tudo o que aconteceu depois na vida de Raul, teve início com a quebra dessa paixão. Toda a depressão e as drogas onde ele tentou aliviar a sua dor. Raul não amou nenhuma mulher com a mesma intensidade com à qual amou Edith. Assim como Salinger com Oona O'Neill, ou Henry Miller com June. Todas as vezes que fingiu amar profundamente alguém foi apenas para chamar à sua atenção. Edith amou Raul com a mesma efervescência. Basta ver o seu depoimento magoado para o documentário sobre ele. Se Edith não sentisse mais nada por Raul, ela teria simplesmente ignorado. Mas, depois de tanto tempo se manifestou de forma agressiva. Ficou frustrada tanto quanto ele pelo fim do romance. Não é possível tanto sofrimento. Eles deveriam ter se acertado. Talvez hoje não existisse Raul Seixas. Quem sabe se o casal não estaria vivendo uma vida comum nos Estados Unidos. Com o Raul tendo um cotidiano normal com as suas alegrias e tristezas. Mas ao lado do seu amor. Creio que eles ainda vão se reconciliar um dia. O mundo não pode ser tão injusto. Talvez eles já estejam vivendo juntos em outra dimensão. 

Chico Buarque e a Zona Sul Carioca

Quando ouço músicas como Todo o Sentimento, Leve, e As Vitrines… eu me lembro da Zonal Sul Carioca. De sua beleza. "De um tempo em que eu não vivi". Lembro do sonho de Jovelina Pérola Negra em Garota Zona Sul. E da tristeza que eu sinto em não ter explorado essa parte da cidade ou conhecido as suas Lauras e Marianas. Da bronca pelo Rio de Janeiro não ter mudado e feito com que eu precisasse mudar. Provoca mágoa a minha cidade. Ela foi injusta demais comigo depois de tudo o que eu fiz por ela. Não há gente, como gente de teatro, como diz Caetano Veloso. As lembranças que eu tenho da Zona Sul, é de seus morros, e das coxias de seus teatros. De ouvir Chico Buarque com os elencos. Um dia desses aqui em Portugal, nos bastidores do teatro ouvíamos Chico Buarque, antes da peça, e eu me lembrava de tudo isso.

ChatGPT e a literatura

Pedi ao ChatGPT para criar textos como se fosse escritores aos quais eu domino completamente, pois li tudo o que eles escreveram. Por exemplo, Nelson Rodrigues e Henry Miller. O resultado foram trabalhos clichês e caricatos visivelmente baseados na média do que o senso comum diz sobre esses artistas. Ele tentou se inspirar na primeira fase de Henry Miller, apenas parte de sua escrita, além do vulgarmente dito sobre ela, e montou uma baboseira qualquer. O mesmo aconteceu com Nelson Rodrigues. Tive a impressão de ler alguém sem conhecimentos desse autor e que escreveu a partir do que ouviu falar. A inteligência artificial terá de comer muito feijão com arroz se quiser substituir os seres humanos em algumas funções da vida. Quanto a isso, os escritores podem ficar sossegados.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

A importância dos laços afetivos na luta contra a depressão e a bipolaridade

No momento em que sentimos necessidade de nos isolar devemos recorrer à companhia dos outros. Caso contrário nos afastamos mais e mais e ficamos viciados em solidão. Mesmo relutantes precisamos nos expor a presença de outras pessoas para que sintamos um prazer saudável. Se faz necessário saber escolher as nossas amizades e com quais de nossos familiares temos relações de respeito mútuo. Principalmente nas horas em que estamos fragilizados. Tendo feito isso, não há porque não manter contato. As conversas agradáveis e os sorrisos compartilhados melhoram a nossa autoestima e fazem com que nos sintamos amados e úteis. Tudo o que a depressão e a bipolaridade não suportam. Não importa se você tem tendência para se manter isolado ou se é solitário por temperamento. A ligação com entes queridos quando estamos abertos sempre ajudam a melhorar o nosso humor. 

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Bandidos no desfile do Sambódromo

Para entender como funciona o Brasil e o Rio de Janeiro basta ver a promiscuidade das relações nos desfiles das escolas de samba. O bicheiro e contraventor (bandido) Anísio Abraão David, presidente de "honra" de uma das maiores agremiações; a Beija-Flor de Nilópolis, desfilando alguns passos atrás de Arthur Lira, presidente da câmara dos deputados (bandido). Os desfiles são transmitidos pela maior rede de televisão brasileira, a Rede Globo. A mesma que mostra as operações quando os bicheiros são presos e acusados, por exemplo, de serem mandantes de assassinatos. Nos camarotes a história não é diferente, no mesmo ambiente respirando o ar podre e fétido, estão artistas famosos e todo tipo de gente, corruptos e etc. Sou a favor da descriminalização do bicho. Gosto de samba e não sou santo. Mas o jogo precisa ser às claras. Não podemos festejar com bandidos importantes, enquanto ladrões de galinha, pobres e negros, são executados à luz do dia e apodrecem nas cadeias. Isso mostra porque o país é tão desigual. Como dizem, a lei precisa ser para todos.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Jogaram sopa no quadro de Monet

Nunca vi um quadro de Leonardo da Vinci pessoalmente. Admiro a inteligência e talento que ele possuía. Nunca vi um quadro de Van Gogh, que eu amo por causa de sua faceta onírica, que é algo pelo qual eu sou atraído. Além de sua vida. Por acaso fui à uma exposição de Monet. Tudo isso para dizer que eu não me importo se os quadros desses artistas valem milhões ou se ficam trancados no cofre de um bilionário ou num museu. Não me perturbo com isso. Assim como não estou nem aí para o que esses idiotas que atiram coisas em quadros defendem. Posso até defender o mesmo que eles, mas não as suas atitudes. Os quadros desses artistas são obras de artes atemporais, diferente dessas picuinhas políticas, como sempre passageiras. Além de serem objetos históricos.

Redesfobia: o medo das redes sociais

Eu sempre socializei com muita gente desde antes das redes sociais. Só que não soube me adaptar a elas. Ainda hoje não sei fazer uso dessas ferramentas. Já saí e entrei diversas vezes até que fui convencido que são necessárias. Elas não me ajudaram em nada na divulgação do meu trabalho. Muito menos na prometida "socialização". Pelo contrário, fizeram com que eu me distanciasse ainda mais das pessoas. Eu me sinto uma fraude nas redes sociais. Sinto como se tivesse a Síndrome do Impostor. Pois nunca estou em sintonia com o que está acontecendo. Pode ser que numa noite de sábado, em que as outras pessoas estão postando fotos de festas, eu esteja pensando em outra coisa. Também não consigo investir meu tempo em sua "socialização", que significa clicar e enviar mensagens para outras pessoas. Não tenho tempo para isso. Nem me sinto estimulado. Desisti de postar o que sinto ou o que penso. Quando faço isso me sinto demasiadamente exposto. Embora foda-se, acontece. Na maior parte das vezes o que eu posto não desperta interesse ou os algoritmos boicotam. Hoje as tenho apenas como forma de contato, principalmente com familiares e amigos reais. Vai ver que eu é que sou estranho.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

A Polarização Bipolar

O mundo está dividido,
entre dois polos.  
Um é o Polo Norte,
e o outro é o Polo Sul. 
O mundo tem ido,
de um Polo a outro. 
O mundo está dividido, 
entre dois extremos. 
O extremo direito,
e o extremo esquerdo. 
O mundo está dividido,
entre dois Trópicos;
o Trópico de Câncer, 
e o Trópico de Capricórnio. 
E nós que estamos em cima,
da Linha do Equador, 
com episódios de mania,
e de depressão,
engolimos a nossa dor,
e a nossa opinião.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Assassinato de jovem por policial na Maré

Essa imagem do jovem sendo morto pelo policial me provoca náuseas. Os gritos daquela mulher me provocam lembranças de tristezas absolutas. Eu lembro de algumas vezes em que homens foram assassinados. Não consigo ouvir os prantos dessas mães, irmãs, e esposas. É insuportável demais. O Brasil é um país onde a vida de um ser humano não vale absolutamente nada. É uma nação que como tantas outras não pode ser considerada civilizada. Pois não consegue acompanhar a evolução das leis. E que se dane o vitimismo querendo colocar a culpa de suas mazelas internas em outras nações. O Brasil deixou de ser colônia há mais de um século. É um país rico em recursos naturais. Deveria ser expulso de órgãos internacionais enquanto não conseguisse diminuir os seus números de guerra. Ao invés de ficar procurando culpados. Agora é o Carnaval, e nos camarotes estarão juntos; polícia, bandido, assassinos, corruptos, artistas, e todo tipo de gente influente. Semana que vem continuam as festas e o genocídio.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Cannabis também faz mal

Dos males, o menor.
Se for usar alguma droga,
que seja Cannabis.
Pois, 
Cannabis pode dar uma onda boa.
Mas,
Cannabis também faz mal.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Preconceito contra depressão e bipolaridade

Duas pessoas das minhas relações tiveram um desentendimento e uma delas justificou o fato acusando a outra de ser bipolar. Sendo que a pessoa em questão não tem nenhum diagnóstico de bipolaridade. No Brasil, o termo "bipolar" virou sinônimo de pessoa agressiva. Principalmente ao fazer referência a mulheres ciumentas do tipo que arrebentam os vidros dos carros de seus parceiros. Preconceito dobrado. Algumas vezes dito em tom de ironia, e outras a sério. Muitos advogados na tentativa de amenizarem as penas de seus clientes alegam doença mental independente se esses as têm ou não. Argumentam que o réu estava deprimido. Se uma pessoa com diagnóstico de depressão ou bipolaridade comete um crime violento, os jornalistas fazem questão de frisar esse aspecto. Como se a doença fosse a causa do ato. Muitas vezes fazendo referência ao abandono do tratamento. O que também não justifica determinadas atitudes. Doenças como a depressão, onde não existem sintomas psicóticos, não tornam ninguém violento. Isso é uma questão de caráter. Essa propaganda negativa só aumenta o preconceito; e faz com que nós, os doentes, que já sofremos com os estigmas de sermos portadores dessas doenças, soframos ainda mais. E também desestimulam outras pessoas que precisam a buscarem ajuda. Da mesma forma que criam a imagem do doente como perigoso. Mesmo quando o maior perigo que ele representa é para si mesmo.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

A loucura da loucura

Ao ser atendido por um psicólogo eu me senti exausto tendo que reviver tanta coisa. Por alguns momentos pensei se eu não estava mentindo. Tenho consciência de quem sou. Isso dá a sensação de estar me vendo de fora como se fosse outra pessoa. Senti medo. Raul Seixas fala sobre o medo da loucura em algumas canções. Entendo o que diz. O mesmo acontece quando ouço Renato Russo cantar que esteve cansado por causa do seu orgulho, egoísmo e vaidade. Fazer uma análise de si mesmo é como pensar sobre a loucura que é a loucura.

A importância da cultura

Ouvi uma pessoa dizer que a vontade do ser humano explorar Marte é influência da cultura popular. Poderia ser outro planeta. Não há uma explicação plausível. Li um escritor desmistificando o mito da potência sexual dos negros como mais um sinal racista. Pensei dessa ideia também ter origem numa crença cultural como tantas outras às quais não questionamos.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Violência

Eu li um autor respeitado em muitos meios que pregava a luta armada para os povos oprimidos. E defendia que isso era autêntico como último recurso. Meu amigo, eu cresci em bairros violentos. Sou traumatizado por isso. Violência de nenhum tipo sobre qualquer aspecto. Não vou nem entrar no mérito; de que, quando o poder muda de lado, normalmente os que são oprimidos, se tornam eles, os opressores. Quanto mais os anos passam, mais eu me convenço de que a paz precisa prevalecer de qualquer forma. Nenhum ato de violência é justificável. Nem contra o estado, nem a favor dele. Nem dos marginalizados, nem de quem quer que seja. Eu pensava e falava esse tipo de bobagem quando era adolescente. Com o tempo aprendi a valorizar a vida. Percebi o valor que ela tem com as perdas. Tirar a vida de ninguém sobre hipótese alguma. Hoje eu tenho pavor de violência. Paz!

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Imprevisibilidade Humana

Antigamente quando alguma máquina de fliperama travava com um problema que aparecia na tela; nós dizíamos que a máquina havia dado "tilt". E sempre lembro disso, quando num ato repentino, alguma pessoa, de onde menos se espera, tem uma atitude agressiva. Eu lembro do tilt. Pois nós seres humanos também damos tilt, ou "bugamos". Mas poucos saben ou admitem isso.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Dizer a Verdade

Dizer a verdade em seu trabalho; estudo, ou vida social, pode ser digno, mas também é perigoso.

Autocrítica

É mais fácil atacar aos outros do que fazer uma autocrítica.

Voltei a ouvir Raul Seixas

Depois de anos sem ouvir o Raulzito, pensei que ele já havia sido superado. Mas estou sentindo a mesma sensação de quando tinha quinze anos, que foi quando eu o ouvi pela primeira vez.

Voltei a ouvir MPB

Depois de seis anos sem ir ao Brasil; e sem escutar os críticos, os chatos de plantão, e os invejosos... me fizeram voltar a ouvir a MPB, os meus heróis de infância. Estou redescobrindo gente como Raul Seixas; Jorge Aragão, Chico Buarque, Moreira da Silva, Noel Rosa...

Subjetividade

Somos vítimas da nossa própria subjetividade. Pela qual injustamente seremos julgados.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Opinião

Nos dias atuais ter opinião é arriscado. A melhor resposta para um pedido de opinião é: "Não sei." O silêncio se faz necessário.

Bem Bolada

Eu não consigo te esquecer. 
Você não saí da minha cabeça.
E que a sua imagem nela se fortaleça.
Antes que eu enlouqueça.
Ou desapareça.
Ela entra pelos meus olhos.
Vai para a minha mente.
E desce para o meu coração.
Nesse meu ranger de dentes.
A frente dos meus sentidos.
Ela afeta a minha razão.
É o que acontece comigo.
Acontece com uma porção.
Não importa que você tenha.
Ou não um mal caráter.
Não importa que você finja.
Ou não ser minha alma mater.
Eu fui pego estou preso.
Neste fraque em desalinho.
Sentir paixão é bom.
Mas não quando se está sozinho.
A mulher que eu amo.
É toda é bem bolada.
E tem uma pele dourada.
Superbronzeada.
Dentro de um short curto.
Toda depilada.
Ela pra mim é tudo.
Para os outros não é nada.

Meio Caminho Andado

Diga o seu nome.
E me fale alguma coisa.
Sobre o seu passado.
Cantando a gente se conhece.
Já é meio caminho andado.
Dê uma entrada.
Pague uma parcela.
Ou compre tudo parcelado.
Já é meio caminho andado.
Comece em junho.
O que começou em janeiro.
Já era pra ter terminado.
Já é meio caminho andado.
Erga a cabeça.
Mantenha o peito estufado.
Finja que não é com você.
Já é meio caminho andado.
Ê melhor chegar tarde.
Do que nunca ter chegado.
Devagar se vai ao longe.
Já é meio caminho andado.

Vá até a Lua.
Antes de chegar a Marte.
Deixe tudo enluarado.
Já é meio caminho andado.

Já é meio caminho andado.
Nem tão pouco caminhado.
Objetivo perseguido.
Objetivo encaminhado.
Já é meio caminho andado.

A Sentença

Eu sou o inadaptado.
Do navio negreiro.
O pistoleiro solitário.
Eu sou o forasteiro.

Eu sou o imigrante.
Eu estou ilegal.
Em meu voo errante.
Capital ou litoral.

Então é por isso.
Que me olham desconfiados.
Eu vivo do presente.
Eles vivem de passado.
Se fossem inteligentes.
Não teriam reparado.
O que há de diferente.
Como o que há de errado.

Eu não tenho passado.
Talvez eu tenha futuro.
Um dia com a cabeça a prêmio.
Outro dia dando murro.

Eu corro atrás.
Caçador de recompensa.
Um dia foragido.
Outro esperando uma sentença.

Então é por isso.
Que me olham desconfiados.
Eu vivo do presente.
Eles vivem de passado.
Se fossem inteligentes.
Não teriam reparado.
O que há de diferente.
Como o que há de errado.

O Resto do Ocidente

Eu sou americano.
Eu tenho orgulho de ser sul-americano.
Eu sou latino.
Eu tenho orgulho de ser latino-americano.
Eu sou brasileiro. 
Eu tenho orgulho de ser afro-brasileiro.
Mas, aonde quer que eu vá...
Eu serei sempre um estrangeiro.

Por causa da minha classe.
Por causa da minha cor.
Por causa da minha arte.
Desconhecem a minha dor.

Por causa do que eu faço.
Por causa do que eu penso.
Não é um canto de acalanto.
É só um canto de lamento. 

Caos Menor

Não tem água na torneira. 
Em casa não tem ninguém.
Não tem nota na carteira.
Na biqueira você tem.
Parecia até toada.
Que lambada, você, hein?
Ninguém não me disse nada.
Ninguém não disse ninguém.
Não apontem as suas flexas para o mal...
Nem que seja um mal menor.
Não apostem as suas fichas no caos...
Nem que seja um caos menor.
Sentimento é o que fica.
Pensamentos vem e vão.
No final quem acredita.
É que se sagra campeão. 
Mas nem uma palavra dita.
Mas nenhuma frase, não.
Pois a impressão desdita.
É a primeira impressão.
Não apontem as suas flexas para o mal...
Nem que seja um mal menor.
Não apostem as suas fichas no caos...
Nem que seja um caos menor.

Opinião Pública

O que chamamos de opinião pública é regulada em sua maioria por indivíduos e grupos oriundos de escolas e universidades distribuídos para os meios de comunicação, legislação, instituições religiosas, forças de segurança, saúde,  mercado, e terceiro setor. Mesmo as pesquisas de opinião são enviesadas, pois passam pelo crivo de tais reguladores. É impossível saber o que vai nos corações e mentes das pessoas comuns. Talvez nem elas saibam, ou neguem; pois apenas seguem regras que lhes foram impostas ao nascer. Mas é melhor que seja assim, caso fosse dada voz a todos; a democracia estaria em risco.

Eu fui abandonado por minha mãe

Eu fui abandonado por minha mãe… Ela deixou que um sádico me puxasse de dentro do seu ventre aconchegante e luminoso para esta terra. Ele me agrediu com uns tapas humilhantes na bunda, e quando eu comecei a chorar uma de suas capangas me levou para junto de outros pobres coitados enfileirados distinguidos apenas por pequenas placas de identificação. Depois a minha mãe me deixou com uma mulher que os outros chamavam de "tia" e que me puxava pela mão enquanto eu berrava para que ela não me abandonasse. Eu fui levado para um edifício onde dizem que formam seres humanos melhores e que nos preparam para a vida… mas, como podem perceber, esse não foi o meu caso. Eu pulava de uma instituição para outra e depois ia para esses lugares onde pagam uma miséria para que compre seu uniforme, coma, e volte no dia seguinte. Eu insistia para que a minha mãe fosse comigo; mas ela negava dizendo que eu precisava aprender a me virar, e eu me virava para outro lado. A última vez que minha mãe me abandonou ela se foi sem previsão de volta. Mas próximo a ela pude sentir o céu onde poderemos ficar juntos de novo, dessa vez eternamente. Enquanto isso eu espero aqui neste purgatório com outros milhões de pobres diabos órfãos que vagam sem pai nem mãe por este mundo onde a vida é dura e a morte é certa.


Na Academia

Na academia você percebe que não malha nada. Até que de tão fraco descobre que os mais fortes são os que frequentam os concursos de halterofelista.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

O Estudante

O estudante lê o mesmo parágrafo novamente. Ele está na solidão no silêncio do quarto. Procura o significado de dois conceitos e três palavras. Uma pássaro canta lá fora. Ele se distraí. Lê o mesmo parágrafo novamente. Caí a noite. O mesmo parágrafo novamente…

domingo, 28 de janeiro de 2024

Cidade Nova

A motivação para a escrita veio quando por curiosidade passei a ler sobre a história do samba e cheguei às suas raízes. Desci à Belle Époque com o seu encanto e as suas mazelas. Isso com o apoio de inúmeros autores; entre pesquisadores, jornalistas, cronistas, memorialistas, romancistas, e poetas. Inclusive conversei com guias e malandros vivos. Creio ter escrito do ponto de vista dos pobres; da malandragem, dos capoeiras, dos moradores dos cortiços, dos moradores dos morros, dos artistas, da cidade cosmopolita, das mulheres da vida, e dos boêmios. Além da inclusão de personalidades importantes da época e personagens de sua ficção. Com exceção de alguns autores daquele tempo, não conheço romances produzidos com esse enfoque. Não estou dizendo que não existam. O livro abrange o final do século dezenove e início do século vinte. Mas os acontecimentos nele resgatados nem sempre são fiéis ao tempo histórico. Por isso não pode ser definido como histórico e muito menos jornalístico. Nem era essa a minha intenção. Não sou historiador ou jornalista. A proposta era escrever um livro em que as pessoas pudessem viver por alguns momentos as fantasias e a realidade sombria pouco conhecida daquele tempo do centro da cidade do Rio de Janeiro. Após uma pesquisa de dez anos para Cidade Nova, eu perdi toda a mágoa que sentia por minha cidade ser tão desigual e violenta. Serviu de consolo saber que ela sempre foi assim.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Eu leio Henry Miller escondido

Henry Miller é o escritor no qual eu mais identifico a liberdade; a celebração de viver, e a vontade humana. Extremamente sincero expôs as suas incongruências e as da mente dos outros seres humanos num pensamento verdadeiramente livre e independente de influências externas que cerceassem as suas conclusões. Por ser um escritor completamente honesto durante a sua vida foi censurado e boicotado. Hoje é simplesmente impossível sussurrar seu nome em meio ao apagamento sofrido por artistas sem ouvir as recriminações da falta de diálogo. É uma pena. No meu caso, os seus livros sempre foram um apoio nos momentos mais esdrúxulos em que faltava forças para seguir. Junto de seu ânimo inquebrantável ajudou a me tirar do buraco diversas vezes. Com o avanço da idade se tornou um homem sábio. As suas últimas obras são de uma sabedoria suntuosa. A coleção dos seus livros se foi com a nossa biblioteca quando viemos embora. Mas a minha esposa me presenteou com este Plexus que eu camuflado vou reler em meu bunker.


É melhor falar...

É melhor falar. Sabemos que a maioria não entende ou não está preparada para ouvir. Mas o pouco apoio que se recebe já vale a pena. Fraco é o que se fingindo de forte não se fortalece e sozinho implode. Não viva sob uma carapaça que não é sua. Ela pode pesar. Aparentar força não é ser forte. Mostrar fraqueza não é ser fraco. Pode vir a ser robustez.

domingo, 21 de janeiro de 2024

Transtorno Bipolar

Digo como me sinto. A mulher no telefone diz que precisa mandar uma ambulância. Não quero causar transtorno. Ela insiste que é o seu trabalho. Os enfermeiros chegam e eu repito a mesma cantilena que vou repetir na triagem, e depois com a médica. Fui parar na urgência umas quatro ou cinco vezes num período de meses. Tomo tantos remédios que o meu corpo parece uma farmácia ambulante. A doutora diz que a única coisa que pode fazer por mim é ajustar os medicamentos. Mas, de novo? Ela me pergunta como pode me ajudar. Não sei. As religiões, a filosofia, os vícios, e os grupos de autoajuda também tentaram. Eu torço para que a medicina evolua. Existem boatos sobre novas drogas e impulsos elétricos milagrosos. Sonho servir de cobaia para algum novo tratamento. Desde criança que vivo neste inferno. Uma vez tentei acabar com esta dor. Não deu certo. Meu problema não é a morte, se é isto que esta doença pensa; é a vida. E não tenho apego a ela, e sim temo pela dor dos que vão ficar. Quanto a mim, desconfio que já vivi os "melhores dias de minha juventude". Necessito expor esta maleita, se ela pensa que pode fazer o que quiser comigo... vou gritar por ajuda até o meu último suspiro! Tombarei lutando. Preciso cumprir com as minhas obrigações. A vida continua. Sei que para a maior parte das pessoas é frescura ou algo irreal. Eu mesmo penso se há alguma enfermidade. Pode não ser... embora seja uma ilusão extremamente palpável.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Nós somos os privilegiados

Nós somos os privilegiados do mundo ocidental. Vocês vivem em zonas de guerra, miseráveis barracos de madeira, e bolsões de pobreza; nós desfrutamos das nossas casas com aquecimento, planos de saúde, e automóveis. Falamos duas ou três línguas, frequentamos terapia, e tomamos remédios controlados para dormir. Vocês comem  o que tem e cochilam de sobreaviso. Olhem para vocês…  são tão ignorantes que ao dormir não capazes de sonhar. Só porque tal político ou livro diz que sabe o que vocês precisam; nós damos lições de moral nos outros pela Internet. Mas não deixamos de frequentar os cursos e escolas especializadas para que futuramente ocupemos os melhores cargos dentro da sociedade. Sempre teremos uma história triste para contar; de uma vida num subúrbio perigoso ou numa periferia. Até quando somos discriminados fingimos nos preocupar com vocês. Fato é que os nossos filhos estarão bem colocados nas empresas e no serviço público; independente de serem netos de faxineiros ou não. Vocês nunca ouviram a máxima de que conhecimento é poder. Vocês continuarão a viver em meio à desgraça e a fealdade para que nossas vidas se mantenham dentro do expectável. Enquanto debatemos sobre o futuro que para vocês não chegará nunca.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Mesmo não sendo igual você não vai poder ser diferente

Apenas um por cento dos artistas do aplicativo de música que mantém o monopólio da música no mundo obtêm noventa e nove por cento dos lucros. O mesmo acontece com a plataforma de vídeo que abriga praticamente tudo o que é produzido para este meio. Mas os produtores culturais que geram riquezas ainda são burlados em seus ganhos. Da mesma forma as redes sociais se nós acreditarmos que hoje elas são a extensão da divulgação de bens culturais. Quatro ou cinco serviços de streaming corroboram com isto. A cultura ficou à mercê de um punhado de empresas. O domínio da indústria cultural nunca foi tão eficaz. Ou você dança conforme a música do capital, ou você não dança. Se você for pequeno e estiver com sonhos de divulgar a sua arte, simplesmente será irrelevante com os seus poucos cliques, pois os algoritmos são o meio de exclusão mais eficaz criado até hoje. Eles sabem muito bem quem paga e o quanto paga. E não toleram autenticidade, pois o mais do mesmo, de fácil assimilação; é vendido rápido e servido requentado como o prato do dia. Não há como burlar o seu sistema. Tem muita gente pagando muito e recebendo pouco. Pois você pode comprar cliques, mas não a admiração das pessoas. Se você se revolta contra o sistema dos algoritmos não consegue nem fazer cócegas em seus calcanhares; é tão ignorado quanto os que estão dentro. A indústria cultural finalmente conseguiu esmagar os seus inimigos que são aqueles a favor de uma cultura autêntica. Mesmo não sendo igual você não vai poder ser diferente.