segunda-feira, 25 de março de 2024

Eu me aposentei das artes

Eu me aposentei das artes. Não vou mais fazer filmes, escrever livros, interpretar, ou gravar músicas. Não dá mais. Fiquei desatualizado nos meandros dos "negócios" das artes. Concomitante a isso, o interesse de outras pessoas pelo meu trabalho começou a rarear até que cessou. Ninguém vai sentir falta dele. Mas tudo o que deu certo foi feito com a ajuda de outras pessoas. Tudo que deu errado foi culpa minha. Tive chances igual a todo mundo; e não soube aproveitar. Abandono a vida artística sem lamentações; mágoas, ou ressentimentos. Apenas acabou porque teve que acabar. Simples assim. Já chega. Farei outras coisas na vida.

Renego

Renego a todo e qualquer material artístico que eu tenha produzido até hoje. Eles só fazem ocupar espaço no baú da vida e na vida em rede. Nada do que foi dito, criado, ou escrito por minha pessoa deve ser levado a sério. Eu pensava que estava certo. Tudo errado. Confesso que eu me equivoquei. Tudo desatualizado, fora do tom, ultrapassado... Aliás, esse material que por aí se encontra, só aí se encontra por minha falta de coragem para acabar com tudo. Renego a todo esse material, inclusive na modalidade cinema. Pro diabo com tudo isso! Só fez atrasar a minha vida. Agora eu vou poder dormir em paz sem sonhar com nada disso todas as noites.

sábado, 16 de março de 2024

A Crítica

A crítica aos trabalhos artísticos é uma bobagem. Pensar que existe um critério para julgar uma obra de arte é uma idiotice. Só os imbecis podem julgar algo intuitivo e subjetivo.

Raulseixista

Começou quando eu tinha quinze anos. Comecei a ouvir boleros, deixei a barba crescer, passei a usar óculos escuros. Disseram quê essa breguice toda era uma moda passageira. Se era ou não, não sei. Só sei que perdura até hoje.

As pessoas passam por nossas vidas

As pessoas passam por nossas vidas. É como a música de Milton Nascimento diz: "A hora do encontro é também despedida..." Fico pensando em tanta gente que conheci, com as quais passei algum momento, e que hoje já não tenho nenhum contato. O que foi feito de fulano? O que aconteceu com beltrana? Será que ainda estão vivos? Será que sabem o quanto foi agradável ter desfrutado das suas companhias? E o quanto me arrependo de não ter mostrado isso na época? Vá saber. É assim. Infelizmente. Faz parte. As pessoas passam. Fica a saudade. A inspiração é pouca. Cheia de lugares comuns. Mas o sentimento é verdadeiro. Posso dizer que o que sinto é saudade.


quarta-feira, 13 de março de 2024

Ás vezes o silêncio

Às vezes o silêncio.

Nenhuma trilha sonora.

Nada.

Nada mais que o silêncio.

Às vezes o silêncio.

Sem nenhum amor.

Sem nenhum motor.

Sem nenhuma dor.

Só.

Só.

Só.

O silêncio.



terça-feira, 12 de março de 2024

Beatlemania

Nós somos os órfãos da beatlemania. Nós que acompanhamos os Beatles desde o Cavern Club. Não ficamos tristes apenas quando a banda acabou. Nós estamos tristes desde quando eles deixaram de tocar exclusivamente, e deixamos de ser o seu público alvo e cativo. Antes daquela treta de John Lennon e o sonho acabou. Só nos resta ouvir Martha My Dear no rádio nessas manhãs de sol. A começar por seu piano de introdução … e sair a caminhar debaixo das árvores. 

Eu converso com a tela em branco

Eu converso com a tela em branco. Quando se escreve para ninguém é isso que se faz. Como num diálogo interno. Ninguém sabe porque um escritor cisma em escrever, mesmo não tendo a mais remota chance de publicar. São tantos. Eu não sou o único. Parece que arriscamos alguma companhia. Deve ser isto o que almejamos: ter alguém com quem conversar. O tempo todo. Falam também do prazer. Um satisfazer solitário, talvez. Como a masturbação. Qual graça tem praticar esse hobby na solidão do quarto como se fosse um dever. Entupir caixas de livros, os armários de contos, e os blogs de crônicas. Talvez por não ter a mínima habilidade social para puxar assunto. Mesmo fantasiando conversar com inúmeras pessoas ao mesmo tempo. Só nos resta escrever. Talvez seja destino. Outros irão romantizar e dizer que é o que eles conseguem fazer. A verdade é que ninguém sabe o porquê disso.

domingo, 10 de março de 2024

Os escritores que eu gosto

Eu só queria estar na companhia dos escritores que eu gosto. Ou dos seus livros para ser mais exato. Não quero falar de ninguém. Com nenhum chato que não compreende nada. Sem tempo agora. Quando tiver, estarei apenas com os escritores que eu gosto. Agora ando ao lado de outros por causa dos meus estudos. Gosto deles também. Sou obrigado a textualizar. É interessante. No dia em que puder escrever apenas para o meu bel-prazer; eu continuarei a criar romances para ninguém. E andarei com os escritores que eu gosto.

Animais Abandonados

Eu já escrevi textos falando que os animais de estimação não podem ser considerados como filhos e fui massacrado nas redes sociais. Não tenho um animal em casa, pois sei que vou querer viajar e não vou poder. Mas percebo que o mesmo tipo de gente que reclama tal maternidade e paternidade abandona os seus supostos filhos chorando e latindo nos fins de semana. Então reforço o que disse. Não, eles não são os seus filhos. Se abandonar uma criança como abandona um animal em casa você vai preso.

sábado, 9 de março de 2024

O Peso dos Pecados

Os pecados pesam uma tonelada em minhas costas e eu preciso carregá-los por aí. Pois sempre que são acionados pela memória eles me fazem sofrer. Não ficam mais leves. O tempo não cura nada. Com o tempo, o que acontece com eles, é que são esquecidos mais rápido. Antes de voltarem novamente. É incrível chegar aos 128 anos.  

Os Meus Clichês

Sequência de dias quase felizes.

Isso não é normal.

Uma hora ela volta.

E não é que ela voltou com força total?

Mas dessa vez teve um motivo.

Ela sempre carrega uns motivos.

Antes de me jogar na cama.

É bom ter o sol no rosto.

O sol entra pela janela.

Ela entra pela janela. 

Eu não consigo trabalhar.

Eu não consigo estudar.

Mas confesso que não estou tentando.

Pois eu não consigo.

Sinto vontade de ver pessoas.

Não sinto coragem de falar com ninguém.

E lá se vai mais um objetivo abandonado.

Eu acordo dormindo e durmo acordado.

Ela deita ao meu lado e rouba meus sonhos.

Os meus clichês.

segunda-feira, 4 de março de 2024

Acabou a Música...

Acabou a música. 
O violão está jogado no quarto em cima da cama.
Não há mais letras para decorar...
ou canções para serem gravadas.
Simplesmente acabou a música.
Assim como acabou o teatro,
a literatura,
e o cinema.
É uma pena.

A Música na Nuvem...

Entendo que agora vivemos em outra época. Mas eu que experimentei o mundo no passado, estou de saco cheio de ouvir música digitalizada. Vou comprar uma vitrola e discos de vinil só para sentir aquela emoção de colecionador. Ouvirei os conceitos do conjunto da obra. A música na nuvem parece dispersa.

domingo, 3 de março de 2024

Plantão de Polícia

Ontem um homem de vinte anos em atitude suspeita foi abordado por dois policiais. O cidadão se encontrava agachado, e quando perguntado o quê fazia naquela posição, ele disse estar à procura de  uma moeda. Ao sentir um forte odor, os policiais pediram para o revistar, e descobriram um estupefaciente em sua posse. Indagado sobre a origem da substância, o homem respondeu que a havia ganhado de um desconhecido na praça. Os policiais argumentaram que a posse de determinadas substâncias é ilegal,  e que ele teria de ser autuado em flagrante e levado à delegacia. No que o homem argumentou que estava sendo preso por causa de uma planta. Independente de suas indagações, ele foi recolhido e o material apreendido. Como penalidade o homem terá de pagar dez cestas básicas e frequentar um programa de esclarecimentos sobre o uso de substâncias ilícitas para que possa ser reinserido à sociedade.

Compulsão Sexual

A compulsão sexual acaba com a dignidade. Ela toma conta do cotidiano de sua vítima. Ninguém sabe o que leva a esse tipo de comportamento. Mas, provavelmente, como a maior parte dos vícios, ele está relacionado a alguma carência que faz com que a pessoa queira ocupar esse vazio. É o vício menos levado a sério por estar associado a um prazer supostamente "natural". Em discursos machistas, o homem que mantém essas práticas é visto como "normal". Já as mulheres podem ser muito "malvistas". Preconceitos que tumultuam a busca por uma vida de melhor qualidade. A Internet parece ter potencializado o número de sexólicos, pois a busca por pornografia foi facilitada com o advento da rede. Com certeza é um dos vícios mais nocivos, já que a substância em que se está viciado se encontra no próprio corpo. Sendo a satisfação de muito fácil acesso. Esse deleite não se esgota, e o doente viciado caminha em círculos descendo cada vez mais fundo pulando de uma prática à outra sempre com a desculpa de que a atual está satisfeita. O compulsivo sexual gasta dinheiro em demasia, prejudica a qualidade de seus relacionamentos, de seu sono, arrisca a sua saúde e a dos outros, passa a ter dificuldades no trabalho e nos estudos, desenvolve vícios em outras substâncias, e pode chegar ao ponto de como em qualquer droga, emagrecer e negligenciar os seus cuidados. Quando procura ajuda não é raro ouvir que "não passa de sem vergonhice", ou "quem não queria ter um vício desses?" Com a facilidade do acesso ao sexo, e o preconceito, essa doença tem avançado a cada dia, contaminando cada vez mais jovens. A sociedade evita o assunto, e poucos profissionais das áreas de saúde mental estão prontos para lidar com o problema. Os viciados se escondem nas sombras e temem ser rechaçados. Por isso, se encontram sozinhos. É difícil saber qual é o limite entre o sexo saudável e o obsessivo, mas provavelmente é o quanto prejudica a vida de uma pessoa.