sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

O leitor é um luxo

Os leitores são raríssimos. Os meus são ainda mais raros. E percebo que os tenho perdido paulatinamente. Devem pensar que eu estou louco por causa das minhas opiniões com as quais não concordam. Mas, para se viver é preciso ter o mínimo de elegância. Não confundo as coisas nem ando por aí discutindo. Hoje, não mais... Em minhas relações evito assuntos polêmicos. Até porque atualmente eles me deixam entediado. Apenas gosto de escrever sobre as minhas reflexões solitárias. Meus sobrinhos que estão no Brasil, e que são crianças inocentes, sabem que sou uma pessoa tranquila no convívio. Fora isto, sinto uma pena imensa de mim mesmo... ah, como eu sinto pena de mim! Fico escrevendo feito um louco para pouquíssima gente. Mesmo com tanto desperdício de papel e de espaço na nuvem. O que serve de consolo é que figuras do naipe de um Kafka ou de um Fernando Pessoa também passaram por isso. Então, nós, os simples mortais, precisamos perseverar fazendo o que nos dá mais prazer; que é escrever.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Texto de Despedida

A maior parte das pessoas sobrevive. Independente dos otários e dos malvados que possa encontrar pelo caminho. A maior parte das pessoas levanta e vai trabalhar e volta para casa. A maior parte das pessoas não faz as guerras, não inventa as leis, não invade países, e não dificulta o acesso ao sistema de saúde ou de educação. E isso independe de qualquer blá-blá-blá ou teoria sobre o ser humano. Não existe etnia, cor, ou raça; quando o assunto é sobreviver. A maior parte das pessoas não é boa nem má. A maior parte das pessoas é o que é. Se a maior parte das pessoas fosse má não girava. A maior parte das pessoas só quer viver em paz e com as suas famílias.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Coimbra Sem Autocarros

Coimbra está tão triste estes últimos dois dias sem autocarros. Fica parecendo que falta alguma coisa na paisagem. É como se as Escadas Monumentais de repente desaparecessem. Os autocarros deveriam ser tombados como parte do patrimônio cultural e imaterial da cidade. É difícil olhar para um congestionamento e não ver um autocarro. Carro é chato. Às vezes uma pessoa fica solitária ali dentro daquele trambolho. E são várias as pessoas solitárias. Os autocarros são coletivos e lugar de encontro e confraternização. Ouvi da boca de uma rapariga que os taxistas estão dispensando corridas. Imagina os úberes (com o perdão do trocadilho). Penso na quantidade de velhotes que ficaram em casa; pois só usam o transporte público, e não tem jeito ou dinheiro para pedir uma viatura. É preciso encarar as suas ladeiras e as suas ruas de calçadas estreitas e cheias de obstáculos. Numa outra ocasião em que os autocarros sumiram, eu ouvi de uma matrona cheia de bolsas: "O autocarro faz falta." Acho que é porque a cidade fica triste.



sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

A Xenofobia

Quando brasileiros me perguntam se os portugueses são preconceituosos eu respondo que parte deles é; assim como parte dos brasileiros. E que eles assim como os brasileiros, também sofrem preconceito em outros países. Inclusive parte dos brasileiros não gosta de portugueses. Na Europa eu descobri que parte dos povos não gosta de ninguém. Mesmo entre os povos brancos e ricos. Quando eu pergunto aos europeus o que eles acham dos seus vizinhos, parte deles vem com mil teorias para justificar sua falta de simpatia. E desconfio que na África; assim como na América do Sul, ou na Oceania, não seja diferente. Lembro do tratamento dispensado aos venezuelanos, chineses, e angolanos em terras tupiniquim. Inclusive contra aqueles gringos, brancos, ricos e "lerdos", que parte dos brasileiros olham como "otários". Esperança nenhuma no ser humano. Sem conversa fiada. Aqui, ó!


quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Dos Círculos

Não escrevo mais sobre isso. Das últimas vezes que escrevi fui enxovalhado e achincalhado. Como dizem. Ninguém muda de opinião. Ninguém quer saber da minha opinião. E existem bilhões de opiniões perdidas no espaço. Hoje tenho preocupações imateriais como as coisas da "mente" e do "espírito". E que aliás sempre foram o meu foco. Mas instigado pela mediocridade desviava do meu caminho. Deixa que eles morram fechados nas picuinhas de um ciclo histórico que se movimenta em círculos aos quais os mesmos não conseguem compreender ou explicar.