segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Carnaval

Todo ano a minha avó compra os discos das escolas de samba e nós aprendemos os enredos de ponta a ponta. A minha avó costura o meu bate-bola de cetim em sua máquina, e com o dinheiro que a minha mãe me dá eu vou ao armarinho comprar os decalques para colar na capa e a bexiga de plástico. De vez em quando uns bêbados juntam instrumentos, se vestem de mulher, e nós vamos atrás deles no bloco das piranhas. Mas o que nós gostamos mesmo é do carnaval de clube. Nós vamos para a matinê. Muitas meninas se vestem de melindrosa e muitos garotos de carrascos. No clube tocam duas bandas; uma no ginásio, e outra no salão. O pessoal mais velho que fica em casa, quando chega à noite faz churrasco na varanda, põe a televisão do lado de fora, e assiste ao desfile. Quem tem idade e não é tão velho para ficar em casa vai ao clube no baile dos adultos à noite. Ele dá voltas ao quarteirão. O pessoal mais velho que vai dormir bem mais tarde, assiste o desfile até o fim no canal 4 e aos bailes no canal seis. Algumas músicas nós só cantamos na época do carnaval; A Cabeleira do Zezé, Maria Sapatão, e o Ô Abre-Alas... Na terça-feira à noite nós ficamos tristes. Quando a banda toca aquela marcha mais lenta e arrastada de despedida do carnaval dá uma tristeza danada, pois nós sabemos que felicidade assim de novo só ano que vem.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Não importa

Não importa o que você fez ou o que os outros fizeram. Não importa o que aconteceu ou o que você deixou de fazer ou dizer. Não importa. Você não criou o mundo, não inventou as pessoas, e muito menos a si mesmo. Chega, chega de culpas, mágoas e ressentimentos. Os clichês servem nestes momentos. A culpa não é sua. Ninguém tem culpa de nada e você é tão vítima quanto os outros. O mundo seria da mesma forma caso você não estivesse aqui ou trocasse o dito pelo não dito. Não foi você quem inventou a roda, a bomba H, ou a história. Problema de cada um. Não faz diferença. Não se deve chorar pelo leite derramado ou pelo leite a ser derramado. É preciso apenas respirar e seguir em frente. É preciso ser como a zebra, ele apenas faz o que deve ser feito, não fica se perguntando o que é certo ou errado. Não existe melhor caminho, existem apenas escolhas. A única direção a seguir é o Norte. Siga sempre em direção ao Norte. Não se deve olhar para atrás como aquela mulher daquela estória fez. Não importa. I don`t care. I don`t mind. Forget about it.


Você é

Você não é quem era.

Você não é quem será.

Você é quem você é.

Agora, neste momento.


sábado, 26 de fevereiro de 2022

A Maioria

Uns fazem guerra.

Outros carnavais.

Mas a maioria,

não faz nada.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Este lugar não tem nada

Quando eu era criança em Caxias, na Baixada Fluminense, as pessoas diziam que lá não tinha nada. Nós fomos para a Penha, no subúrbio carioca, atrás de alguma coisa que eu nem sabia o que era. Fiquei décadas ouvindo das pessoas que lá não tinha nada. Depois que conheci a minha esposa e eu fui com ela para Campos no interior do Rio, e ao chegarmos lá, as pessoas disseram que não havia nada por ali. Ela decidiu que íamos para Piracicaba, no interior de São Paulo, uma das melhores cidades do Brasil, e chegando lá nos disseram que não adiantava insistir, aqui não tem nada. Voltamos para a Penha e eu perguntei: "Alguém fez alguma coisa?" E a resposta foi: "Não, nada."  Então nós decidimos ir embora do Brasil e viemos para Abrantes, Portugal. E as pessoas dizem que aqui não tem nada. A cidade é linda e tranquila. E não tem nada mesmo; não tem crimes, assassinatos, ou pessoas morando nas ruas. Talvez o que eles queiram sejam zonas, shoppings, boates, e bocas de fumo. E se não tem nada, por quê não fazem alguma coisa? Pode ser que essas pessoas sintam um vazio dentro de si, e culpem a cidade. Sendo assim, mesmo que forem morar em Manhattan irão reclamar depois de um tempo. Igual o Elon Musk, que não tendo mais o que conquistar na Terra, deseja ir para Marte, pois lá que é que está o bom. Onde será a minha próxima parada...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Transtorno de Estresse Pós-Traumático em soldados e policiais

Outro problema da guerra é que os soldados enlouquecem. O Estados Unidos tem um problema sério com estresse pós-traumático, suicidas, e dizem que até assassinos em série direta ou indiretamente relacionados às guerras. O meu avô não podia ouvir barulho de bomba que se escondia. Um senhor que morava na mesma rua que eu havia enlouquecido na guerra. J.D. Salinger enlouqueceu na guerra. Louis-Ferdinand Céline enlouqueceu na guerra. Ernest Hemingway que foi para guerra cometeu suicídio. Ninguém toca no assunto, mas vários soldados brasileiros das missões no Haiti voltaram com problemas graves. E os policiais não estão muito distante disse não, pois assim como os militares eles fazem o trabalho sujo da sociedade. Basta olhar o número de suicidas, assassinos, e encostados por depressão. Eu sei que a besta-fera humana precisa escoar a sua perversidade e o seu instinto de destruição, mas deveria existir uma outra forma de se fazer isso. Vai assistir às lutas, mas sem depois não pode arrebentar a cabeça do amiguinho, ou vai jogar videogame, mas depois não pode atirar na professora e nos coleguinhas de classe…

Guerra!

Nós, o povo, não somos nada mesmo. Assim como outros povos, o povo ucraniano agora sangra. Mas, uma guerra com a tecnologia e o poderio militar russo atual, é de uma bestialidade maior que a das grandes guerras. O psicopata acorda um dia, decide mandar tudo pelos ares, e quem sofre são os pobres mortais. Um homem não pode ter tanto poder. Mas quem pode curar as doenças do espírito humano? A nós, pessoas comuns, só nos resta fazer o que sempre fazemos, que é rezar. Mas tome cuidado; o político que você apoia hoje, acuado, pode ser o tirano de amanhã que enviará o seu filho para o campo de batalha ao iniciar o confronto.

TikTok

Olá, leitores privilegiados. Tudo bem? Um desses amigos à moda antiga veio me cobrar porque eu estou pondo os meus vídeos no TikTok. Nem contei a ele que falei mal, nas não me culpo, pois sei que a contradição faz parte, e que quem fica parado é poste. Eu estou neste páreo desde a época da fita demo. As coisas agora são assim; tentei explicar a ele, o mundo decidiu que é assim, e acabou. Eu gostaria que ainda estivéssemos trocando ideias nos risca-facas, pés-sujos, escadarias, e bibliotecas da vida. A criatividade se beneficiava do encontro e do olho no olho. Mas, o que posso fazer? E ele falou como se todas as redes sociais não fossem compostas em sua maioria por falta de massa cinzenta. A diferença é que lá o cara é chinês e aqui é americano. Mas os dois roubam dados, manipulam, e pintam os canecos. Embora o TikTok   tenha mais pessoas exibindo os seus corpos seminus... 

Putin

Putin...

put in.

Put off,

putinho!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Política Brasileira

Lula, Bolsonaro, Sergio Moro e todos os outros são canalhas. Não me impressiono com isso, mas sim com parte daqueles que pensam ser inteligentes defenderem o Lula só porque ele é de esquerda. O Getúlio Vargas foi um grande presidente brasileiro que fez o país avançar em muitos pontos, inclusive no setor cultural. Mas era um ditador sem vergonha que entregou Olga Benário, esposa de Prestes, grávida, para os nazistas. Depois, o Prestes, símbolo da esquerda até hoje, subiu num palanque com ele. Todos os avanços pelos quais o Brasil passou com o PT, nas áreas culturais, e sociais foram parte da luta e suor de muita gente numa época em que o contexto exigia. Hoje, inclusão de minorias na maior parte do mundo é condição de mercado, e cresceram com o avanço da internet. O país nunca foi tão roubado em toda a sua história. Basta ver o Rio de Janeiro dos amigos de Lula; Sérgio Cabral e Eduardo Paes. Foi o melhor governo para os ricos e banqueiros. Não adianta chorar, o Lula roubou, é fato. Dilma Rousseff ganhou um impeachment num problema com os seus inimigos, não pagou o suficiente como Bolsonaro tem feito. Esse argumento besta de quem defende o PT é o mesmo de quem diz que FHC foi um grande presidente por causa do real. E o povo brasileiro esquece que tudo é feito com o dinheiro de seus impostos. Como as mães diziam para as crianças com boas notas nos boletins antigamente, não fez mais do que a sua obrigação.


domingo, 13 de fevereiro de 2022

A cultura está em declínio

A sociedade tecnológicas criou abstrações instantâneas como esta para compensar o tempo de trabalho e escoar a produção, que não há mais tempo para o lapso e o encontro necessários à cultura. É hora de dar os últimos suspiros.

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Saúde pública e mental

Não vou arrastar a barra ou ler os comentários. Eu perco, perdem os meus amigos, mas ganha a saúde pública e mental.

Eu

Não corroboro com o que você diz, mas não desejo ser deselegante nem omitir opiniões baseadas no ciúme, na inveja, ou falta de empatia. Pensarei sobre isso.

Sábado Brasileiro

Eu vou beber, fumar, e cheirar no bloco, a ouvir funk, discutir futebol, Big Brother, Lula e Bolsonaro. Pois isso ameniza a dor de viver num Brasil de merda.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Ilha de Edição

Waly Salomão disse: "A memória é uma ilha de edição." Estou aqui trancado numa igual àquela personagem do filme Doces Poderes de Lúcia Murat que edita as campanhas políticas ou o narrador do livro Pornopopeia de Reinaldo Moraes. É verdade, montamos tudo na nossa cabeça, o passado, e cada frase  que vamos dizer. Quando chego ao ponto de escrever já pensei diversas vezes sobre o assunto. Tenho a Síndrome do Pensamento Acelerado, TDAH e ansiedade. Os meus olhos são câmeras e os meus ouvidos gravadores. Por isso que o ritmo da minha montagem é igual ao de Vertov em O Homem da Câmera de Filmar, e o de Godard em O Acossado, e a linguagem videoclipe. Gosto das redes sociais porque trabalham com colagens de imagens, apropriação, e found footage. Mas eu queria mesmo era gravar ao invés de escrever, porque eu falo como escrevo, e a única diferença da fala para a escrita é o tempo. Pensamos- falamos. Pensamos-repensamos-escrevemos. Não consigo gravar com o celular por causa da pontuação... o texto saí todo errado. Alguns clássicos foram ditados por seus autores. Quando conseguir isso vou escrever ao caminhar como já faço.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Vício é vício

A agressividade é inerente ao ser humano e precisa ser canalizada. É por isso que muitos adoram filmes violentos, sadomasoquismo e lutas. A maioria vê um lutador matar o outro e vai dormir satisfeito sem precisar estrangular o chefe na segunda-feira. Outros, não. Antigamente os videogames precisavam de televisão. Se você fosse classe média baixa ia ter de disputar à tevê com adultos que desejavam assistir à novela ou o jornal. Mesmo assim os aparelhos esquentavam e começava o cheiro de queimado. A ficha do fliperama custava dinheiro. Hoje os telemóveis estão nos bolsos e os computadores portáteis nas mochilas. Todo mundo evita lugares sem Wi-Fi. E não existe nada melhor do que um filho quieto. Um estudioso acredita que o número de psicopatas cresceu nos Estados Unidos em decorrência dos traumas da guerra e do aumento da fascinação pela violência exibida no cinema. O normal das famílias hoje em dia é ter gente viciada em pornografia, redes sociais, e jogos. Mesmo que não admita. O nosso cérebro não estava preparado para a internet, creem alguns neurocientistas, é muito estímulo, vicia. A indústria dos jogos movimenta milhões e agora faz parte da cultura. Todo mundo joga. Os governos fazem vista grossa com a regulamentação para não perderem as suas fatias. Vício é vício, e vício rouba tempo, atrapalha o desenvolvimento, e põe ideias na cabeça de quem têm poucas. Sejam elas; fazer sexo com crianças, roubar para comprar crack, ou explodir uma escola.

Se liga, malandragem

Se liga malandragem, o racista homofóbico machista que você tem que temer não é o Trump ou o Bolsonaro, desses vocês já sabe o que esperar. Você tem que temer é esse lobo em pele de cordeiro que está ao seu lado, sugando o seu sangue, ganhando dinheiro com o seu sofrimento, fazendo projetos, angariando votos, querendo que você bata sempre na mesma tecla enquanto ele se adianta com os seus projetos acadêmicos, artísticos, e políticos, e você fica aí parado dando o seu sangue na favela enquanto ele volta para a sua casa aconchegante de carro. Se liga!

Preciso Repetir

Não sou escritor de periferia. Sou escritor e cantor, assim como Chico Buarque de Holanda, que não é escritor de àrea nobre. Mas apenas, escritor. Embora escreva muito sobre a periferia em minhas músicas e livros. Sou cineasta, assim como Woody Allen não é um cineasta branco, eu não sou um cineasta negro, eu sou um cineasta. Sou ator, e negro, assim como Morgan Freeman, não sou um ator negro, embora fale sobre negritude e combata o racismo. E sou um pensador, e não me sinto na obrigação de falar sobre filosofia negra que vocês incentivam porque não querem dividir o bolo com pessoas que julgam serem inferiores em seus espaços, e que espaços!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Monark

O Monareta-Monark é um semianalfabeto que nunca leu nem o Harry Potter, mas mantinha a maior audiência do Brasil e carregava na testa o rótulo de inteligente. Assim como o seu avô, o Olavo de Caralho, que o Diabo o tenha, também falava para supostos inteligentes igual às funkeiras que vivem de suas bundas deliciosas e são símbolo da esquerda e do feminismo porque xingaram o Bolsonaro no Twitter inspiradas por suas amigas patricinhas da Globo que nunca puseram a cara na rua e são militantes virtuais como diria o Fat Joe: "Eu vejo mais o Michael Jackson na quebrada do que você." Temos um rapazola criado a leite com pera que era da Jovem Pânico e o vi bater no peito e dizer que era editor do Olavo de Caralho. Defendia o Bolsonaro até que isso passou a ser de mal gosto. Agora é da Band onde tem um bolsonarismo mais clean, lembra da reunião: "O cara da Band está aqui atrás de dinheiro…" E o Datena quase infartou ao vivo, coitado, lembra? Então, esse rapagão agora é isento e fala da Lapa, Santa Teresa, e samba de raiz e só falta aparecer com uma camisa do Lula Molusco. Não sou a favor de cancelamentos porque julgamentos no calor da história não são confiáveis. As empresas fazem isso por causa da dinâmica do capitalismo, apenas. O povo boicota quem quiser. Eu mesmo sou cancelado em em pequeno cosmos por expressar as minhas opiniões. O que me impressiona é um idiota desses ter esse número de seguidores. Embora não creia que manifestar os seus preconceitos e a sua violência, como os americanos acreditam, seja sinônimo de liberdade. E é isso que eles querem levar para o Brasil. Michael Moore diz: "Meu país, o país dos idiotas", e eu complemento: "Com o maior deles no poder."

Matar Bolsonaro

Mais gente morando na rua, desemprego, fome, miséria, e violência. Misturou Bolsonaro com COVID. Uma porção de gente que eu conhecia de todas as idades morreu das mais variadas formas. Com certeza boa parte em decorrência do stress, ansiedade, sequelas do vírus; e os assassinados de sempre. Mais sofrimento, aumento de drogas (sobretudo álcool), má alimentação, e péssimo serviço de saúde. Nunca tantos conhecidos morreram doente com tão pouca idade. O brasileiro não liga porque é apático. Fico deprimido rezando por minha família. Se esse povo pensasse como eu, ele iria esquartejar o Bolsonaro em praça pública, e sambar sobre o seu corpo, antes de ir atrás dos outros.

Guerra ortográfica

Sobre essa guerra do acordo ortográfico Brasil-Portugal… pessoal, vós relaxai. Até porque a opinião de vocês e nada é a mesma coisa. Os homens da lei bateram o martelo faz tempo. Sabemos que não dominá-lo-emos; o angolano, português ou brasileiro. Continuem falando ou a falar o inglês mequetrefe que conhecem, e nos deixem em paz. A língua é viva, como dizem os linguistas. E nós mal conhecemos o teor semântico dessa discussão. Assinado: homem do povo, semiletrado, falante de português das arábias.

Extrema-esquerda versus extrema-direita

Eu gosto dessa análise que diz que a extrema-esquerda viu que não poderia vencer o capitalismo, abandonou a sua opção pelos pobres, e começou a radicalização do seu discurso ideológico. Impulsionou seus inimigos. Tudo que era nazista de armário limpou o pó da lapela, aparou os pelos das narinas, e veio à tona. Agora nós temos que aturar todos os tipos de aberrações e os fascistas cada vez mais subindo no poder por todo o canto. A extrema-esquerda continua onde sempre esteve, nos bares bebendo cerveja, e nos departamentos de humanas espalhados pelo mundo mordiscando bolsas. A diferença é que agora temos de aturar esses racistas da extrema-direita por todo canto, e com as redes sociais isso virou um inferno. E nós que não temos nada com isso, ficamos no meio desse fogo cruzado, e temos de ver parte dos nossos impostos irem para o bolso de gente que nos odeia.

Nós, os verdadeiros artistas

Nós, os românticos do século XIX, e polímatas da Renascença, somos raros e odiados por 99,9 por cento dos autômatos desde que o samba é samba. Como a maioria deles não consegue amar nada tão intensamente além do dinheiro, eles pensam que nós somos vagabundos ou que apenas queremos aparecer. Na verdade nós somos um bando de lunáticos dedicados a viver integralmente para o seu amor. É por isso que quando alguém põe o pé na minha frente para que eu possa cair, eu vou para casa, choro de ódio, bebo vinho, bato com a cabeça na parede, tomo remédio, falo com a minha terapeuta, vou dormir, e no outro dia estou bem. Até porque descobri que a minha arrogância é mais forte do que qualquer prepotência, e depois de trinta anos de sofrimento, o chão se torna macio igual veludo. Ali embaixo eu deito, cruzo as pernas, aproveito à paisagem, olho para o céu, descanso um pouco, e depois sigo em frente.

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Rapaz congolês

Ainda sobre o impacto da morte do rapaz congolês ao ouvir às notícias soube que ele morava nas 5 Bocas em Brás de Pina. Quebrada com a qual tínhamos alguma intimidade, e que até um dia desses estava sofrendo com extremistas cristãos, impulsionados provavelmente por Bolsonaro, pastores de extrema-direita e o se fetiche com a bandeira de Israel, segundo notícias que me chegam, como diria o ilustre Sérgio Cabral Filho. Sobre o sofrimento de sua pátria, e com as terríveis colonizações, ele citou ainda o clássico Coração das Trevas, de Joseph Conrad, que inspirou o filme Apocalipse Now de Francis Ford Copolla, e que é um dos meus livros preferidos. E acrescento à lista O Sonho de Celta de nosso orgulho latino Mario Vargas Llosa, e que nós lemos recentemente aqui em casa. Outra coisa que eu não sabia, era que o quiosque demoníaco levava o nome da nossa querida Tropicália, e que entre os agressores, havia, só para variar, gente das nossas violentas forças de insegurança. E não posso esquecer dos milhares de linchamentos e execuções com os quais não aprendi a conviver.

Escrevo porque preciso

 Ainda havia café, pão com manteiga, arroz, feijão e ovo. A casa cheirava à morte, solidão e carestia. Todo mundo tinha ido embora e eu dormia no chão frio em cima de um lençol com o qual tentava me cobrir. Esqueceram um computador velho com algumas teclas faltando e sem internet. Eu olhava para ele e pensava: “O que posso fazer com isso?” Então escrevi o meu primeiro romance. E lembrei… Shakespeare escrevia por encomenda para sobreviver. Balzac com os credores à sua porta. Dostoiévski, idem. Salinger no campo de batalha. James Joyce com dores terríveis nas costas. Céline com dores, e zumbido no ouvido, mal conseguia dormir por causa das sequelas da guerra. O apagado Proust, como o descreveram, escreveu sua obra numa cama convalescendo. John Fante já debilitado e amputado por causa do diabetes, cego, ditava para a esposa. Lima Barreto bêbado e ignorado pelos baluartes da literatura brasileira, escrevia no hospício. Bukowski, alcoólatra convicto dizia que escrevia para não enlouquecer. Henry Miller esmolava em Paris. Nietzsche sentia dores inimagináveis a maior parte do ano, e ignorado pagou de seu bolso suas últimas edições. Esses são os meus heróis. Dificuldades não são pedras de tropeço, e sim gasolina para a minha inspiração. Eu não escrevo porque eu quero. Eu escrevo porque eu preciso.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Irvine Welsh

Eu li Trainspotting e disse, Irvine Welsh não vai conseguir escrever um livro melhor que esse. Aí apareceu o Porno, e eu não ia ler porque esse negócio de continuação não dá certo. Mas adorei, e volta e meia eu me lembro dele. É claro que Trainspotting é o terror, pois é o primeiro; sopro, vômito, gozo. Depois eu li o livro dos cozinheiros que trata da inveja, e eu pensava que ele não ia conseguir fugir daquele mundo onde havia se enfiado, e me surpreendi, novamente. E agora cai em minhas mãos este Ectasy, que também eu me recusei a ler, pois é um que contém três estórias curtas, e poucos são os autores que conseguem me convencer com suas estórias curtas. Novamente quebrei a cara. Pirei com o livro, pois mostra o ser humano como ele é, e não como nas literaturas de compadres e comadres. Foda!

Amigos Patriotas

Amigos patriotas, mudança de planos. O Trump agora está defendendo a vacinação porque os seus eleitores estão morrendo e ele não terá quem vote nele nas próximas eleições. Bora nos vacinar para podermos votar em Bolsonaro 2022. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!

A namorada do jogador

O cara joga bola e a namorada dele que não consegue correr cem metros, não pode dar um peido em seu castelo que fica todo mundo sabendo. Eu tenho pena é desses pobres que consomem estas notícias; eles têm caganeira, diarreia, e não aparece um jornalista com um copo de soro caseiro.

Letras de músicas brasileiras

Pouca leitura, nenhuma educação,

muitacachaça, e muita internet.

Letra na música popular brasileira?

Ninguém merece, então, esquece!

Seja no samba, no rock, ou na MPB,

no funk, sertanejo, ou no tal hip-hop.

Vejo surgir uma porção, muita gente,

mas nada inteligente, realmente top.

O que tem é discurso e bom blablablá,

muita conversa fiada, e perfumaria.

O meu coração precisa é de choque,

ele deseja berrar: "Isso, sim, é poesia!"

Os últimos tem mais de cinquenta.

Poucos do inicio dos anos noventa.

Os outros estão com setenta, oitenta,

até quando será que esta gente aguenta?

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

O Brasil tem um problema

O imbróglio do Brasil é tão grande que as pessoas (sabiamente) estão lutando contra uma injustiça que aconteceu agora, e já esqueceram os inúmeros assassinatos anteriores que ainda não foram resolvidos. Enquanto existirem casos em aberto e questões não respondidas isso nunca vai diminuir. A questão está além do racismo e do preconceito de quem quer que seja. Essas lutas são autênticas, mas a cova brasileira é bem mais profunda. Os negros americanos têm problemas com o racismo. O povo brasileiro tem o racismo e todos os outros tipos de problemas. O país tem um sistema de justiça historicamente falido que privilegia quem paga e faz com que a agressividade fique entranhada na pele de quem sabe que não será punido.

Uber

Escuta essa... Um cara entra num Uber numa rua do Rio. Papo vai, papo vem, pagode no rádio, sabe como é, futebol, e o Uber diz: "País, filho da puta! Todos os meus amigos viraram Uber!" O cara vira para o Uber e diz: "Eu também sou Uber!" O Uber olha assustado para ele: "Por quê tá aqui?", "Estou indo buscar o meu carro no conserto. Tá foda..." , "Tá foda..." É a conclusão à qual chegam.

Xennial

Eu sou um Xennial, nasci entre os Xis e esses molengas dos Millennials. Fomos os últimos a criarem os seus próprios brinquedos e a nos reunirmos espontaneamente, o que fortalecia a cultura e estimulava tanto a criatividade quanto o pensamento. Daqui para frente o que há é um bando de abobados que imaginam serem avatares e hologramas. Acabou! É o fim!

Constantin Stanislavski

Uma das maiores técnicas da arte do ator é o Se Mágico de Constantin Stanislavski, que consiste em se pôr no lugar do outro, e pensar: "E se eu fosse ele, como eu agiria? Se eu estivesse nesta situação, o que sentiria?" Você precisa defenderem a personagem, e talvez seja alguém com quem não concorde. Existe um outro exercício de teatro em que os atores participam de um debate em que mudam de opinião, e são orientados a defender o ponto de vista ao qual estavam atacando anteriormente. São ensinamentos para a vida. Vou tentar segui-los.

Esforços

 Vamos tentar valorizar o trabalho das pessoas. Não é preciso ir com a cara de ninguém. Temos de contabilizar esforços. É preciso esquecer as simpatias. Digo de coração, como um advogado de si mesmo, já conheci muito artista vagabundo e canalha, mas que respeito a sua história, empenho e talento. Tento não pôr as minhas expectativas nas pessoas. Caso contrário, não irei ver, nem assistir, nem ouvir nada. Até porque no quesito ser humano é sempre o sujo falando do mal lavado.

O Fim

Charles Chaplin vai embora sozinho ou com o cachorro e o garoto balançado a sua bengala caminhando na linha do trem. É o mesmo final de Pixote, depois de Betty Faria não querer fazer sexo com ele. Pobre menino, volta para São Paulo caminhando pela linha do trem. Com naquela foto das casas das avós do menino na linha do trem, vestido de cowboy e com a bunda de fora. É o mesmo final do Didi indo embora sozinho, no fim o Didi nunca fica com a mulher, apesar de ser o protagonista, nunca se dá bem. É o Russo do Chacrinha, indo embora sozinho naquele documentário, de chinelos, naquela rua triste do subúrbio. Acabou, chega, é o fim. Foi todo aquele turbilhão, foram tantas emoções, mas acabou. Aquilo foi só um momento. É assim nos filmes, e é assim também na vida.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Cisco

Nós somos um cisco,

nas vistas da natureza.

E um piscar de olhos...

para o tempo do mundo.

Talvez, saber disso, sirva,

quem sabe, como consolo.

Ler

Quer escrever? Escreva!

Você conhece as letras!

e com elas cria palavras,

das quais expira frases.

Não é preciso inspiração,

e muito menos formação.

Sabe o que faz um autor?

Ler, ler, ler, ler... e compor!

Sociedade Protetora dos Animais

Somos da sociedade protetora dos animais. Assim como conseguimos acabar com as touradas e rinhas de galo, não vamos mais permitir que nenhum animal humano participe de lutas de Boxe ou MMA, pois essas causam sérios danos cerebrais. Fica proibida a participação e exibição de animais humanos em circos como palhaços. Nenhum turismo será feito em favelas para observar os tipos pobres, igual em zoológicos e safáris. Serao libertados das prisões bem como os passarinhos das gaiolas. Os reality shows como Big Brother para exibirem esses animais serão proibidos, assim como vídeos pornográficos. Está proibida a aplicação de hormônios, anabolizantes e silicones em animais humanos. Os testes para a produção de medicamentos nesses animais também serão proibidos. E por último, não se pode mais comer carne humana, tanto para fins recreativos, canibalismo, ou de reprodução. Nós incentivaremos a adoção desses animais que se encontrem em asilos, abrigos ou orfanatos.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

O único brasileiro vivo

Eu sou o único,
brasileiro vivo,
que apesar de,
abusado,
nunca foi,
seduzido,
por nenhum,
político.

Viagem a Marte

A viagem a Marte está certa. O maior problema é como pôr um grupo de seres humanos dentro de uma nave durante um ano. Os confinamentos na terra não têm funcionado. Tanto os da NASA, quanto os da Endemol. Assim como os involuntários dos presídios; e os necessários da última pandemia, quando famílias se mataram. Os caras que enxergam a espécie humana como um objeto de estudo chegaram à mesma conclusão de Sartre em sua peça de teatro Entre Quatro Paredes: "O inferno são os outros..." Então nós que somos uma criação divina e o centro do umbigo do universo viramos uma fraude? E todos esses ursinhos carinhosos do meu Facebook? Será que eles são perfis fakes? Da minha parte alterno momentos de pura ternura com aqueles em que a baba escorre. Se eu sou o dono da nave, aproveitaria logo para criar outro Big Brother. O nome seria: "Um Ano no Inferno."

Trabalho

O trabalho, foi tenso,

imenso, lento, e intenso.

Mas, a conclusão, afinal,

uma, explosão, sem igual,

de, enorme, contentamento.

Paixões

A paixão assim como o álcool retraí o senso crítico. É preciso desconfiar do que dissemos ou pensamos hoje de manhã. Embora seja impossível a total imparcialidade, precisamos buscar por ela e tomarmos cuidado para não morrermos ou matarmos por nossas paixões. Sejam elas: um partido, candidato, instituição religiosa, causa, movimento, ideologia, ou mesmo uma pessoa.

Violência brasleira

O Brasil é violentíssimo. O país tem um problema com a vida. A nação extermina qualquer ser vivente das mais variadas formas; tiros, linchamentos, negligência, abandono, e queimadas. O trânsito brasileiro tem números de guerra, como dizem. É claro que os pobres sofrem mais que os ricos que vivem em seus carros blindados e pelos quais o brasileiro médio mata e morre em época de eleição. Mas combater a violência em território nacional é um serviço árduo, até porque essa agressividade é histórica. Seria necessário um longo investimento em setores invísiveis e que não dão votos. Assim como um maior envolvimento coletivo de um sociedade que nunca foi coletiva.  

No que você realmente está pensando?

É hora de quebrar o fluxo de colunas sociais. E com essas estorinhas de que o meu pau é maior, a minha bunda é maior, eu bebo mais, olha quem eu como, vê para quem eu dou, o meu carro é novo, sente a paisagem e o tamanho do meu meu sorriso! Isso é legal, também. Mas tem hora que dá no saco. Chega para trocar uma ideia, qual música boa você tem escutado? Que livro você está lendo? No que você realmente está pensando?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Povo Brasileiro

Esta semana no Brasil espancaram um jovem africano e negro até a morte. Como a sua família foi para cima, o caso tem tido muita repercussão. Milhares de outras pessoas morrem assassinadas no país toda semana, pois além de sermos extremamente violentos, nós somos um povo sangue de barata.

Brasil

Amigos continuam morrendo,

desde que eu era adolescente,

vítimas da violência, ou doentes.

Nós mudamos, amadurecemos,

Mas o Brasil, esse, nunca muda!

A Vida

A vida pode, ser breve,

triste, pobre, ou tensa.

Mas não pode, deixar,

de ser, sempre, intensa.