Waly Salomão disse: "A memória é uma ilha de edição." Estou aqui trancado numa igual àquela personagem do filme Doces Poderes de Lúcia Murat que edita as campanhas políticas ou o narrador do livro Pornopopeia de Reinaldo Moraes. É verdade, montamos tudo na nossa cabeça, o passado, e cada frase que vamos dizer. Quando chego ao ponto de escrever já pensei diversas vezes sobre o assunto. Tenho a Síndrome do Pensamento Acelerado, TDAH e ansiedade. Os meus olhos são câmeras e os meus ouvidos gravadores. Por isso que o ritmo da minha montagem é igual ao de Vertov em O Homem da Câmera de Filmar, e o de Godard em O Acossado, e a linguagem videoclipe. Gosto das redes sociais porque trabalham com colagens de imagens, apropriação, e found footage. Mas eu queria mesmo era gravar ao invés de escrever, porque eu falo como escrevo, e a única diferença da fala para a escrita é o tempo. Pensamos- falamos. Pensamos-repensamos-escrevemos. Não consigo gravar com o celular por causa da pontuação... o texto saí todo errado. Alguns clássicos foram ditados por seus autores. Quando conseguir isso vou escrever ao caminhar como já faço.
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