Todo ano a minha avó compra os discos das escolas de samba e nós aprendemos os enredos de ponta a ponta. A minha avó costura o meu bate-bola de cetim em sua máquina, e com o dinheiro que a minha mãe me dá eu vou ao armarinho comprar os decalques para colar na capa e a bexiga de plástico. De vez em quando uns bêbados juntam instrumentos, se vestem de mulher, e nós vamos atrás deles no bloco das piranhas. Mas o que nós gostamos mesmo é do carnaval de clube. Nós vamos para a matinê. Muitas meninas se vestem de melindrosa e muitos garotos de carrascos. No clube tocam duas bandas; uma no ginásio, e outra no salão. O pessoal mais velho que fica em casa, quando chega à noite faz churrasco na varanda, põe a televisão do lado de fora, e assiste ao desfile. Quem tem idade e não é tão velho para ficar em casa vai ao clube no baile dos adultos à noite. Ele dá voltas ao quarteirão. O pessoal mais velho que vai dormir bem mais tarde, assiste o desfile até o fim no canal 4 e aos bailes no canal seis. Algumas músicas nós só cantamos na época do carnaval; A Cabeleira do Zezé, Maria Sapatão, e o Ô Abre-Alas... Na terça-feira à noite nós ficamos tristes. Quando a banda toca aquela marcha mais lenta e arrastada de despedida do carnaval dá uma tristeza danada, pois nós sabemos que felicidade assim de novo só ano que vem.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
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