De início foi assim começou com o bate papo
Um moleque me disse dá mulher igual mato
E disse que era a grande invenção do homem
Internet banda larga mais que telefone
Quando eu fui ver, estava viciado
O silêncio era quebrado, o barulho do teclado
Todo dia assim, o dia inteiro…
Levantava pra comer ou então ir ao banheiro
Até o próximo clique
Até o próximo time
Pega meu nick
Vô tá online
A extensão do meu corpo era um computador
Para teclar comigo só mesmo com provedor
O Sofrimento do meu pai foi ficando tamanho
Eu não comia, não tomava banho!
Irreconhecível, um ser virtual…
Minha mãe quando me viu desmaiou passando mal!
Só que o pior viria com o tempo
Com um famoso site de relacionamento
Até o próximo clique
Até o próximo time
Pega meu nick
Vô tá online
O meu pai foi para o quarto e quebrou o monitor
Eu sofri tanto perdi o meu grande amor
Tive que roubar para sustentar meu vício
Tive que sair de casa que momento difícil
Cinco da manhã na porta da lan-house
Com a mão tremendo para encontrar o mouse
Ia para outra quando aquela era fechada
Uma que ficasse aberta até de madrugada
Até o próximo clique
Até o próximo time
Pega meu nick
Vô tá online
Nicotina vicia mais que cocaína
E internet muito mais que nicotina
Eu que era ateu pedi a Cristo e a Buda
E frequentei grupo de autoajuda
Ninguém vai te dizer que internet vicia
Tá aí o meu testemunho
A vida que eu vivia
Ninguém vai te dizer que o excesso faz mal
Pois assim como a cerveja é uma paixão nacional!
sábado, 4 de abril de 2020
sexta-feira, 3 de abril de 2020
A Monika de Bergman...
Monika é a puta. A Vagabunda… A piranha! A nora que nenhuma sogra
deseja. A destruidora de lares. Desviadora de destinos e índoles. A vadia!
Harry é à sua presa mais fácil. Monika é à adolescente eternamente entediada;
que acende o cigarro logo que acorda, e que mastiga o chiclete enquanto a tia
do noivo fala. É uma espécie de Madame Bovary em seu tédio profundo, e
depressão. Ela tem um ataque dos nervos quando começa a chorar naquele barco.
Monika quer mais. Monika sonha ser uma mocinha do cinema clássico americano,
onde galã encantado sempre aparece. Mas, volta e meia tem de voltar para o
muquifo onde dorme com à família; à sua triste realidade de menina pobre,
completamente diferente daquela exposta na tela, no breu do cinema ao fundo
onde acontecem os amassos. Mas ela é uma Lolita encapetada. Tem o diabo no
corpo! Aquela vida é um tédio. O que mais Monika deseja além de Harry? O
príncipe que abandona tudo para fugir com ela? O que mais se pode desejar além
de uma amor e uma cabana? Nada. Ninguém sabe. Quando chega lá Monika já deseja
outra coisa. Parece até essas adolescentes atuais que sonham o tempo todo com a
festa, e quando chegam na festa enfurnam a cara no celular e só levantam o
rosto para bocejar de vez em quando. O objectivo foi alcançado. Não há mais
caminho a percorrer. É uma fome de tudo. Uma insatisfação infinita. A libido
nunca é saciada. Os desejos são mórbidos. Quanto mais se deseja mais se vai
desejar. Somos seres insatisfeitos por natureza. Harry aceita a vida. Ele gosta
dela. Ela diz: saia! Ele sai. Do emprego. Da sua vida. De tudo. É o corno não conformado.
Monika agora quer um casaco novo. Monika tardiamente descobriu que não tem
nada. Monika diz que quer se divertir. Ela vai dar para Lelle novamente. Àquele
vagabundo do bairro onde ela cresceu e por quem viverá apaixonada. Monika vai
abandonar o bebê. Os bebês só são bonitos nos filmes. São fofinhos. Berrando de
madrugada são insuportáveis. Harry está resignado. Vai cuidar da criança.
Talvez entre para uma igreja e case com uma outra mulher menos esbelta que
Monika. Talvez ela não se mantenha em forma com o passar do tempo. Talvez o seu
corpo irresistível que levou Bergman à loucura naquela praia, ceda ao tempo. Um
dia desses, talvez, Monika esteja sentada num bar, e seja aquela senhora
gordinha ao canto. Longe dos seus dias de glória. Com a voz enrouquecida. O
cigarro entre dedos. Vai lembrar de Harry, e mostrar fotos para alguém. E
dizer, ele cuidou do meu filho, o pai do meu filho é bom! E Harry vai ter uma
família feliz. Ou quem sabe não aconteça nada disso, e Monika vire uma carola
com uma família feliz assim como à de Harry. Talvez seja Harry que comece a
beber, enquanto a sua criança anda sozinha pelas ruas. Talvez ele morra de
cirrose. Talvez o destino seja diferente de tudo isto. Pois assim como o cinema
de Bergman... A vida um final sempre aberto!
Poeminha a Favor...
Ainda hoje, na Crimeia, alguém dormiu com o seu amor.
Ainda hoje, na Galileia, alguém acordou com estupor.
Ainda hoje, no Butão, alguém soube o que é felicidade.
Ainda hoje, no Japão, alguém gritou por liberdade.
Ainda hoje, em Amsterdã, alguém se disse feliz.
Ainda hoje, no Irã, alguém fez o que quis.
Pois existe um outro mundo,
Do lado de lá, outra cidade.
Nem sempre o que acontece no Brasil…
pode ser encarado, como verdade.
Pois mesmo longe, em Chernobyl,
existe outra realidade.
Ainda hoje, na Galileia, alguém acordou com estupor.
Ainda hoje, no Butão, alguém soube o que é felicidade.
Ainda hoje, no Japão, alguém gritou por liberdade.
Ainda hoje, em Amsterdã, alguém se disse feliz.
Ainda hoje, no Irã, alguém fez o que quis.
Pois existe um outro mundo,
Do lado de lá, outra cidade.
Nem sempre o que acontece no Brasil…
pode ser encarado, como verdade.
Pois mesmo longe, em Chernobyl,
existe outra realidade.
quinta-feira, 26 de março de 2020
A Síndrome de Aglomeração…
Alguns dos meus pacientes tiveram recaídas bruscas nesta época de confinamento. Como não conseguem ficar sozinhos e nem desenvolver atividades que necessitem de silêncio e solidão, esses pacientes sentem enorme dificuldade ao se verem confinados. Mesmo com as suas famílias. Aumentando assim os níveis de exposição as redes socias e à ansiedade. Levando alguns a cometer o ato intempestivo de ir para a rua, agravando o perigo de contágio e propagação do Coronavírus.
A Síndrome do Interior…
Alguns dos meus pacientes apresentaram sintomas da Síndrome do Interior. São pessoas que normalmente moram numa cidade do interior com ótima qualidade de vida, e que vivem sonhando com cidades grandes; poluídas, e barulhentas. Estas pessoas vivem a reclamar que a cidade não tem nada. Mas também não fazem nada para melhorar a cidade. E não conseguem perceber as coisas boas que lá existem. Estão sempre em busca de outra localidade, como se este lugar pudesse curar a sua enfermidade. Culpam o local de nascença ou de moradia por seu mal, que na verdade encontra-se em seu interior.
quarta-feira, 25 de março de 2020
O Pronunciamento do Presidente...
Medo. Medo da morte. Medo de que o meu pai morra. Pensamentos catastróficos. E que morram pessoas da minha família. Pessoas que eu conheço. Senti medo que o Brasil finde. Espalhe o vírus pelo mundo. Acabe a vida na terra. Senti raiva. Ódio. Nojo. Repulsa. Instinto assassino. Vontade de voar no pescoço dele... Esganá-lo! Ele roubou a minha pureza. A minha paz. Subestimou a minha inteligência. Deu vontade de voltar para as redes sociais e xingar. Eu só ia xingar. Chorei três ou quatro vezes. Perdi a concentração. Fiquei dentro de casa andando de um lado para o outro. Eu preciso meditar. Alcançar a iluminação. Ser um filósofo da moda. Respirar alguns segundos. Esquecer. Rezar. Ficar em paz. Estar acima de tudo isto. Ter pensamentos positivos. Vou pensar positivamente. Ser um ser iluminado. Pacífico. Evoluído. Um verdadeiro guru.
terça-feira, 24 de março de 2020
É Preciso Parar De Culpar Os Chineses...
É preciso parar de culpar os chineses. É preciso parar de culpar os outros. É preciso ficar de quarentena. É preciso isolamento para o cérebro. Longe de tantos aparelhos… de tantas ideias que engavetam, e, engarrafam a mente. É preciso deixar de lado. Deixar a natureza respirar um pouco. Interromper o fluxo. Esquecer. Desligar a máquina. Ficar só com os próprios pensamentos. E pensar numa parada necessária. Tudo que aconteceu foi por desígnio da natureza. Uma fatalidade. Os governos não prestam. Disso todo mundo sabe. Mas ninguém tem culpa de nada. É preciso aproveitar a quarentena para ficar offline. É preciso manter a distância realmente. Mantenha distância! É preciso manter à distância das distâncias. É preciso tocar o outro. Mesmo sozinho, em silêncio.
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