o rapaz é um casto. um puro. parece um bebê gigante. um bonecão do posto. tem os traços finos e delicados de uma adolescente carola. a secretaria diz: homem nenhum faz mais as unhas... Edgar faz as unhas. as mãos são impecáveis. aparenta ter bem menos idade, diz a copeira. os amigos de infância dizem: Edgar tomou formol! o rapaz é de uma educação finíssima. clássica. um gentleman perdido na selva tropical. trabalha num desses prédios da Presidente Vargas. é funcionário público. a mulher, Clarisse, não destoa em nada do marido. profissão. idade. religião. beleza. e o mesmo temperamento angelical. a mãe diz: nossa, parecem irmãos... Clarisse diz a Edgar que as meninas do trabalho dele são simpáticas. ma algumas delas atacam Edgar quando não há ninguém por perto. ele parece não se importar com a malícia. é como se não existisse. esse aí, não trai mesmo! dizem as destruidoras de lares. os homens exortam. és um pulha, Edgar! ele pensa. fazer o quê? sou assim, ora bolas! não sinto vontade, sei lá! a única coisa que me incomoda é o meu nome. o meu nome é que mata! nome de velho... coisa de mamãe. Edgar entra no restaurante self-service e sua frio ao ver Palhares, um amigo que foi transferido. o outro grita: és um santo, Edgar! és um santo! você devia ser o novo papa! pois foi o único que eu não consegui corromper naquela repartição! e Palhares grita para os outros comensais, que observam Edgar em sua timidez arrasadora... esse homem é um santo! vocês estão diante de um santo... e eu sou a besta do apocalipse! ele não, ele é um santo! Edgar corou. não por causa do que foi dito. e sim pelo nome esfregado em sua cara daquela maneira.
sexta-feira, 1 de março de 2013
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Passeio de Bêbado...
hoje no período da manhã conversei com uma bêbado que não quis se identificar, e ele me contou que de madrugada dormiu no ônibus. pegou o 355 no ponto final na Praça Tiradentes, foi até o ponto final em Madureira, e depois voltou. e nada de descer na Penha onde era o seu destino. em depoimento perante a esposa, o meliante confessou que não é a primeira vez que isso acontece. e sim a terceira. eu já ouvi aqui na Penha outras histórias com o mesmo final. será que está surgindo uma nova modalidade... passeio de bêbado?
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Até Pensei, Chico Buarque...
quando eu era adolescente um moleque tinha um vinil antigo do Chico Buarque. aquele que tem o Pedro Pedreira e A Banda. A Banda tocava duzentas mil vezes por dia. eu estou nessa ouvindo os primeiros discos dele. não sou especialista de porra nenhuma. mas aquela música Até Pensei, ou a gravação, é de um lirismo absurdo, e esmagador. que nos joga numa época de um Brasil onírico. de um Brasil pacato e de um subúrbio com casas de varanda e cadeiras no portão, como está descrito em Gente Humilde. era o Brasil que talvez Getúlio Vargas (não xingue a mãe do rapaz), sonhava. e que vivia na nossa imaginação através das chanchadas e dos artistas da nossa era do rádio. esse é o subúrbio que eu como suburbano queria, lírico. chegar em casa com o pão da tarde embaixo do braço, e ainda ter tempo de assistir o jornal com Cid Moreira e a novela das 8 com a família. hoje isso é irreal. achei a música Subúrbio do disco Carioca extremamente triste para o subúrbio real que eu conheço, e que é mais cocainômano do que a zona-sul. isso, sem nem tocar nas favelas localizadas na ZN. e não me digam que o Chico Buarque é classe média pois eu sei disso. só que o alter ego dele, é de um homem preto e pobre que se transfigura numa mulher de mesma origem. pois quando eu ouço Quem Te Viu Quem Te Vê, eu me pergunto como ele sabe daquilo? e como ele sabe que a mulher espera o homem no portão, como a minha mãe esperava o meu pai? não nego que tenho alguns preconceitos. e pensar que isso pode ser mostrado até numa novela. talvez. talvez o porteiro tenha dito a ele... ele frequentar o subúrbio acho difícil. independente disso tudo tem de se ter uma sagacidade muito grande para se falar de algo que não viveu de maneira convincente. eu li em algum livro que quando ele era criança dizia querer cantar samba como os pretos do morro. parabéns. você conseguiu Chico Buarque.
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Ser Artista...
eu tava lendo um livro
perto da minha janela. tem um preço morar no primeiro andar. eu sou o alvo
preferidos dos Testemunhas de Jeová, carteiros, gente desocupada e caras da
Light. esse cara com a voz do Azambuja chegou na Janela e me pediu. irmão,
desculpe atrapalhar o teu lazer. mas na humilde, fortalece um pão com
manteiga e um café com leite. pô, e uma blusa que essa aqui tá fedendo e tá
maior calor. fui pra cozinha e preparei um Big-Mac de pobre, e um café com
leite. quando eu fui pegar a blusa, a primeira que eu vi foi uma do Sarau de
São João de Meriti. Poesia de Botequim. e pensei. vou dar a camisa do evento
pro cara. quase não uso porque é quente ("bondade"), depois pensei
melhor. eu não vou dar a porra dessa camisa de Poesia de Botequim pro cara
senão vão pensar que ele é artista. o cara já tá fudido, mas se pensarem
que é artista ele vai ficar estigmatizado! Vão dizer: tá vendo no quê dá
essa vida de artista! o pior dos fracassos para uma família pobre é um filho
querer ser artista, aos olhos daqueles cretinos que não perdem um concurso
público para ter um lugar onde se encostar antes de morrer. e fazer justamente
aquilo que o Raul Seixas dizia não desejar para nenhum ser humano. e
passar o resto da vida sem fazer porra nenhuma que preste, mamando nas tetas do
nosso governo. vermes! eca... é melhor pensarem que ele é um otário chifrado e
que a loura do funk levou tudo dele embora. ou que ele ganhou na loto e torrou
tudo com bebidas, pó e putas. mas se disserem que ele é um artista. ele tá
fudido. como diria o deus Henry Miller: "na sociedade o artista é menos
tolerado do que os ex-presidiários".
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
O Manuel Bandeira Disse...
...ali pelos anos 90 eu
ia à Lapa encontrar com o pessoal do hip-hop que ficava na praça em frente aos
Arcos no escuro fumando maconha, e conversando. de vez em quando apareciam
alguns punks. nessa época conheci um poeta. era um coroa branco, barbudo, e um
pouco grisalho. ele fazia alguns eventos na Febarj dia de semana, e colocava a
gente pra cantar. não dava ninguém. mas o encontro em si, e a troca de
ideias valiam absurdamente. um dia este poeta me disse: para escrever é preciso
maturidade! E completou, Manuel Bandeira me disse isso. enquanto ele limpava a
barba, eu perguntei: você conheceu o Manuel Bandeira?! não, ele respondeu. eu
li! quando terminei o meu primeiro romance me lembrei do que o poeta me disse.
pois desde a minha adolescência todas as tentativas de escrever um livro
haviam caído num vazio patético. não que a minha vida seja lá muito
emocionante... e tenho consciência de que não sou digno da palavra escritor. O
ofício sagrado... mas eu acho que quando o Manuel Bandeira me disse isso, ele
estiva se referindo ao exercício da escrita...
Eu Matei Um Homem!
eu viajava num desses bancos altos que ficam próximo a saída. quando esse cara surgiu na minha frente e anunciou o assalto. nem entendi o que ele falou, eu estava viajando, ouvindo uma música do Zé Ramalho num desses aparelhos que fazem tudo. mas eu vi o revólver e a expressão de ódio no rosto dele. aconteceu alguma coisa lá na frente. acredito que um velho não tenha dado o relógio. ou uma menina tenha gritado. ele olhou para o seu comparsa, e numa fração de segundos eu peguei o revolver e atirei. Não dei o tiro com medo da retaliação. hoje em penso que podia ter rendido o cabra. e nem disparei porque queria acabar com a vida dele. E sim porque foi um movimento veloz e instintivo. o comparsa fugiu. ele caiu estatelado, morto. um tiro no meio da barriga. os passageiros comemoravam. quinze minutos antes eu era um dos homens mais felizes do mundo. e quinze minutos depois era um assassino. havia tirado uma vida. e iria carregar aquela morte em minhas costas até o último dos meus dias. não importa que as televisões digam que os passageiros me aprovaram, e que os especialistas em segurança me reprovaram dizendo que esse foi apenas um golpe de sorte. e que não se deve reagir nunca. ou que eu vá a programas de auditório e seja tratado como um salvador da pátria. a única coisa que eu sei, é que eu matei um homem... e não queria ter feito isso!
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Menina Branca Até 3 Anos
É a preferência dos casais que decidem adotar crianças no Brasil.
Assinar:
Postagens (Atom)