eu viajava num desses bancos altos que ficam próximo a saída. quando esse cara surgiu na minha frente e anunciou o assalto. nem entendi o que ele falou, eu estava viajando, ouvindo uma música do Zé Ramalho num desses aparelhos que fazem tudo. mas eu vi o revólver e a expressão de ódio no rosto dele. aconteceu alguma coisa lá na frente. acredito que um velho não tenha dado o relógio. ou uma menina tenha gritado. ele olhou para o seu comparsa, e numa fração de segundos eu peguei o revolver e atirei. Não dei o tiro com medo da retaliação. hoje em penso que podia ter rendido o cabra. e nem disparei porque queria acabar com a vida dele. E sim porque foi um movimento veloz e instintivo. o comparsa fugiu. ele caiu estatelado, morto. um tiro no meio da barriga. os passageiros comemoravam. quinze minutos antes eu era um dos homens mais felizes do mundo. e quinze minutos depois era um assassino. havia tirado uma vida. e iria carregar aquela morte em minhas costas até o último dos meus dias. não importa que as televisões digam que os passageiros me aprovaram, e que os especialistas em segurança me reprovaram dizendo que esse foi apenas um golpe de sorte. e que não se deve reagir nunca. ou que eu vá a programas de auditório e seja tratado como um salvador da pátria. a única coisa que eu sei, é que eu matei um homem... e não queria ter feito isso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário