...ali pelos anos 90 eu
ia à Lapa encontrar com o pessoal do hip-hop que ficava na praça em frente aos
Arcos no escuro fumando maconha, e conversando. de vez em quando apareciam
alguns punks. nessa época conheci um poeta. era um coroa branco, barbudo, e um
pouco grisalho. ele fazia alguns eventos na Febarj dia de semana, e colocava a
gente pra cantar. não dava ninguém. mas o encontro em si, e a troca de
ideias valiam absurdamente. um dia este poeta me disse: para escrever é preciso
maturidade! E completou, Manuel Bandeira me disse isso. enquanto ele limpava a
barba, eu perguntei: você conheceu o Manuel Bandeira?! não, ele respondeu. eu
li! quando terminei o meu primeiro romance me lembrei do que o poeta me disse.
pois desde a minha adolescência todas as tentativas de escrever um livro
haviam caído num vazio patético. não que a minha vida seja lá muito
emocionante... e tenho consciência de que não sou digno da palavra escritor. O
ofício sagrado... mas eu acho que quando o Manuel Bandeira me disse isso, ele
estiva se referindo ao exercício da escrita...
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