segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024
Renego
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024
Esse filme eu não encontrei
Sobre quando assisti Badlands de Terrence Malick
Havia assistido esse filme ainda criança. De madrugada. Ele passou na televisão. Naquela época eu não tinha como encontrá-lo. Não havia nem videocassete na minha família. Fiquei décadas com esse filme na cabeça. Só lembrava que a menina loura fugia de moto com o cara e que no caminho eles iam assaltando. Há uns três anos atrás eu estava procurando material sobre psicopatas e ouvi algo dizendo que esse filme contava a história de um deles. Fui atrás do filme, mas quando começou não tive dúvidas. Era o filme que eu procurava há décadas. O filme é mais maravilhoso do que eu pensei quando criança.
Sergio Leone
Sou apaixonado por Sergio Leone. Embora os meus filmes preferidos não sejam os de sua primeira fase. Curioso é que tenho adoração também pelos filmes de Clint Eastwood. Com todo o respeito a ele como ator, mas eu gosto dos últimos filmes. Vou escrever os seus nomes da tradução brasileira. Era uma vez na América, Era uma vez no Oeste, e Aguenta-te canalha. Estou no mestrado tendo de admitir que o meu melhor trabalho, o que mais tenho carinho, é o que na licenciatura fiz sobre esses últimos filmes de Sergio Leone. O texto se chama A pós-trilogia dos dólares e está no academia.edu. Ninguém vai ler. Uma pena.
Sobre quando assisti ao filme Henry & June
Não é segredo para ninguém o quanto gosto de Henry Miller. Aconteceu uma coincidência engraçada. Era louco para assistir ao filme Henry e June baseado na obra de Anaïs Nin que obviamente recomendo. Não tinha na época como conseguir o tal do filme. Um dia acordei de madrugada e fiz algo que eu não fazia desde que era criança, ligar a televisão de madrugada. Depois de apertar o botão entra uma tela com os nomes Henry e June. Nunca mais esquecerei de quando assisti esse filme.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2024
O melhor da Internet são os comentários
O melhor da Internet são os comentários. Ignorem as leis, a opinião pública, os formadores de opinião… A vida real está nos comentários. Os comentários são as conversas de alcova, o palavreado das casernas, das tabernas, das zonas, das tascas imundas, dos pés sujos, das bocas de fumo, e dos risca facas. O politicamente correto e os seus modismos são motivos de piada nos comentários. Eu vejo o título de um vídeo e nem assisto. Pulo direto para os comentários. Ali é onde a vida pulsa. Onde está o povo. A massa. As conversas de rua e das celas das cadeias. Lugar onde filho chora e a mãe não vê. Onde você conhece a podridão humana. Esqueçam os púlpitos, os altares, os plenários... nem quero ouvir esses chatos com suas notas de repúdio, seus abaixo-assinados, suas manifestações... Eu gosto da idiotice humana, de sua cupidez, e do seu ultrarrealismo. Eu quero a verdade. Eu quero a realidade. Por mais feia que ela possa parecer.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
Manu Chao: uma inspiração
Sempre lembro da música Clandestino de Manu Chao. Pois desde que comecei a mudar de cidade me sinto assim. Já sentia ser um estrangeiro em minha própria terra. Pois lá, como em todo lugar sofria descriminação. Por causa da origem, da raça, e das escolhas. Vim morar em outro continente. Compus um poema pensando nisso. Amo tanto a canção Me Llaman Calle, o clipe, o filme, a sua história, que fiz uma versão dela. Mas ninguém nunca vai ouvir. É uma pena. Manu Chao morou no Rio de Janeiro. No clipe de Desaparecido ele anda por suas ruas. A música inicia com a narração de um jogo do meu time, o Flamengo. E aquela em homenagem ao Maradona? Ele cantando à sua frente. Não canso de assistir...
Logos in loco
Sigo logo.
Tenho logos.
A Deus,
ateus,
adeus,
eu jogo.
Não cobro.
Não troco.
Não logo.
Dialogo.
Aos seus,
aos teus,
aos meus,
eu rogo.
domingo, 18 de fevereiro de 2024
Ouvindo Billy Paul cantando Purple Rain...
Hoje a tristeza veio com tudo. Nesta manhã de domingo ensolarada. Eu lembrei do meu livro Cidade Nova e de seu protagonista e fiquei triste. Ele morre na estante. Os meus tios todos mortos. Eles, os meus pais, e os meus avós estão no livro. Eu carregando a mesma árvore genealógica deles. Com os mesmos fracassos. Os mesmos vícios. Ouvindo Billy Paul cantando Purple Rain. Eu queria chorar mas não tenho lágrimas. Tem tanta gente com quem eu quero falar, e tanta gente que eu sei que ficaria feliz se eu entrasse contato. Mas simplesmente não tenho essa disposição. Devia ter ido caminhar. Vou ver o que eu faço. Ouvindo Billy Paul cantando Purple Rain...
sábado, 17 de fevereiro de 2024
Raul Seixas e Edith Wisner
Chico Buarque e a Zona Sul Carioca
Quando ouço músicas como Todo o Sentimento, Leve, e As Vitrines… eu me lembro da Zonal Sul Carioca. De sua beleza. "De um tempo em que eu não vivi". Lembro do sonho de Jovelina Pérola Negra em Garota Zona Sul. E da tristeza que eu sinto em não ter explorado essa parte da cidade ou conhecido as suas Lauras e Marianas. Da bronca pelo Rio de Janeiro não ter mudado e feito com que eu precisasse mudar. Provoca mágoa a minha cidade. Ela foi injusta demais comigo depois de tudo o que eu fiz por ela. Não há gente, como gente de teatro, como diz Caetano Veloso. As lembranças que eu tenho da Zona Sul, é de seus morros, e das coxias de seus teatros. De ouvir Chico Buarque com os elencos. Um dia desses aqui em Portugal, nos bastidores do teatro ouvíamos Chico Buarque, antes da peça, e eu me lembrava de tudo isso.
ChatGPT e a literatura
Pedi ao ChatGPT para criar textos como se fosse escritores aos quais eu domino completamente, pois li tudo o que eles escreveram. Por exemplo, Nelson Rodrigues e Henry Miller. O resultado foram trabalhos clichês e caricatos visivelmente baseados na média do que o senso comum diz sobre esses artistas. Ele tentou se inspirar na primeira fase de Henry Miller, apenas parte de sua escrita, além do vulgarmente dito sobre ela, e montou uma baboseira qualquer. O mesmo aconteceu com Nelson Rodrigues. Tive a impressão de ler alguém sem conhecimentos desse autor e que escreveu a partir do que ouviu falar. A inteligência artificial terá de comer muito feijão com arroz se quiser substituir os seres humanos em algumas funções da vida. Quanto a isso, os escritores podem ficar sossegados.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024
A importância dos laços afetivos na luta contra a depressão e a bipolaridade
No momento em que sentimos necessidade de nos isolar devemos recorrer à companhia dos outros. Caso contrário nos afastamos mais e mais e ficamos viciados em solidão. Mesmo relutantes precisamos nos expor a presença de outras pessoas para que sintamos um prazer saudável. Se faz necessário saber escolher as nossas amizades e com quais de nossos familiares temos relações de respeito mútuo. Principalmente nas horas em que estamos fragilizados. Tendo feito isso, não há porque não manter contato. As conversas agradáveis e os sorrisos compartilhados melhoram a nossa autoestima e fazem com que nos sintamos amados e úteis. Tudo o que a depressão e a bipolaridade não suportam. Não importa se você tem tendência para se manter isolado ou se é solitário por temperamento. A ligação com entes queridos quando estamos abertos sempre ajudam a melhorar o nosso humor.
terça-feira, 13 de fevereiro de 2024
Bandidos no desfile do Sambódromo
Para entender como funciona o Brasil e o Rio de Janeiro basta ver a promiscuidade das relações nos desfiles das escolas de samba. O bicheiro e contraventor (bandido) Anísio Abraão David, presidente de "honra" de uma das maiores agremiações; a Beija-Flor de Nilópolis, desfilando alguns passos atrás de Arthur Lira, presidente da câmara dos deputados (bandido). Os desfiles são transmitidos pela maior rede de televisão brasileira, a Rede Globo. A mesma que mostra as operações quando os bicheiros são presos e acusados, por exemplo, de serem mandantes de assassinatos. Nos camarotes a história não é diferente, no mesmo ambiente respirando o ar podre e fétido, estão artistas famosos e todo tipo de gente, corruptos e etc. Sou a favor da descriminalização do bicho. Gosto de samba e não sou santo. Mas o jogo precisa ser às claras. Não podemos festejar com bandidos importantes, enquanto ladrões de galinha, pobres e negros, são executados à luz do dia e apodrecem nas cadeias. Isso mostra porque o país é tão desigual. Como dizem, a lei precisa ser para todos.
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024
Jogaram sopa no quadro de Monet
Nunca vi um quadro de Leonardo da Vinci pessoalmente. Admiro a inteligência e talento que ele possuía. Nunca vi um quadro de Van Gogh, que eu amo por causa de sua faceta onírica, que é algo pelo qual eu sou atraído. Além de sua vida. Por acaso fui à uma exposição de Monet. Tudo isso para dizer que eu não me importo se os quadros desses artistas valem milhões ou se ficam trancados no cofre de um bilionário ou num museu. Não me perturbo com isso. Assim como não estou nem aí para o que esses idiotas que atiram coisas em quadros defendem. Posso até defender o mesmo que eles, mas não as suas atitudes. Os quadros desses artistas são obras de artes atemporais, diferente dessas picuinhas políticas, como sempre passageiras. Além de serem objetos históricos.
Redesfobia: o medo das redes sociais
Eu sempre socializei com muita gente desde antes das redes sociais. Só que não soube me adaptar a elas. Ainda hoje não sei fazer uso dessas ferramentas. Já saí e entrei diversas vezes até que fui convencido que são necessárias. Elas não me ajudaram em nada na divulgação do meu trabalho. Muito menos na prometida "socialização". Pelo contrário, fizeram com que eu me distanciasse ainda mais das pessoas. Eu me sinto uma fraude nas redes sociais. Sinto como se tivesse a Síndrome do Impostor. Pois nunca estou em sintonia com o que está acontecendo. Pode ser que numa noite de sábado, em que as outras pessoas estão postando fotos de festas, eu esteja pensando em outra coisa. Também não consigo investir meu tempo em sua "socialização", que significa clicar e enviar mensagens para outras pessoas. Não tenho tempo para isso. Nem me sinto estimulado. Desisti de postar o que sinto ou o que penso. Quando faço isso me sinto demasiadamente exposto. Embora foda-se, acontece. Na maior parte das vezes o que eu posto não desperta interesse ou os algoritmos boicotam. Hoje as tenho apenas como forma de contato, principalmente com familiares e amigos reais. Vai ver que eu é que sou estranho.
sábado, 10 de fevereiro de 2024
A Polarização Bipolar
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024
Assassinato de jovem por policial na Maré
Essa imagem do jovem sendo morto pelo policial me provoca náuseas. Os gritos daquela mulher me provocam lembranças de tristezas absolutas. Eu lembro de algumas vezes em que homens foram assassinados. Não consigo ouvir os prantos dessas mães, irmãs, e esposas. É insuportável demais. O Brasil é um país onde a vida de um ser humano não vale absolutamente nada. É uma nação que como tantas outras não pode ser considerada civilizada. Pois não consegue acompanhar a evolução das leis. E que se dane o vitimismo querendo colocar a culpa de suas mazelas internas em outras nações. O Brasil deixou de ser colônia há mais de um século. É um país rico em recursos naturais. Deveria ser expulso de órgãos internacionais enquanto não conseguisse diminuir os seus números de guerra. Ao invés de ficar procurando culpados. Agora é o Carnaval, e nos camarotes estarão juntos; polícia, bandido, assassinos, corruptos, artistas, e todo tipo de gente influente. Semana que vem continuam as festas e o genocídio.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024
Cannabis também faz mal
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024
Preconceito contra depressão e bipolaridade
Duas pessoas das minhas relações tiveram um desentendimento e uma delas justificou o fato acusando a outra de ser bipolar. Sendo que a pessoa em questão não tem nenhum diagnóstico de bipolaridade. No Brasil, o termo "bipolar" virou sinônimo de pessoa agressiva. Principalmente ao fazer referência a mulheres ciumentas do tipo que arrebentam os vidros dos carros de seus parceiros. Preconceito dobrado. Algumas vezes dito em tom de ironia, e outras a sério. Muitos advogados na tentativa de amenizarem as penas de seus clientes alegam doença mental independente se esses as têm ou não. Argumentam que o réu estava deprimido. Se uma pessoa com diagnóstico de depressão ou bipolaridade comete um crime violento, os jornalistas fazem questão de frisar esse aspecto. Como se a doença fosse a causa do ato. Muitas vezes fazendo referência ao abandono do tratamento. O que também não justifica determinadas atitudes. Doenças como a depressão, onde não existem sintomas psicóticos, não tornam ninguém violento. Isso é uma questão de caráter. Essa propaganda negativa só aumenta o preconceito; e faz com que nós, os doentes, que já sofremos com os estigmas de sermos portadores dessas doenças, soframos ainda mais. E também desestimulam outras pessoas que precisam a buscarem ajuda. Da mesma forma que criam a imagem do doente como perigoso. Mesmo quando o maior perigo que ele representa é para si mesmo.
terça-feira, 6 de fevereiro de 2024
A loucura da loucura
Ao ser atendido por um psicólogo eu me senti exausto tendo que reviver tanta coisa. Por alguns momentos pensei se eu não estava mentindo. Tenho consciência de quem sou. Isso dá a sensação de estar me vendo de fora como se fosse outra pessoa. Senti medo. Raul Seixas fala sobre o medo da loucura em algumas canções. Entendo o que diz. O mesmo acontece quando ouço Renato Russo cantar que esteve cansado por causa do seu orgulho, egoísmo e vaidade. Fazer uma análise de si mesmo é como pensar sobre a loucura que é a loucura.
A importância da cultura
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024
Violência
Eu li um autor respeitado em muitos meios que pregava a luta armada para os povos oprimidos. E defendia que isso era autêntico como último recurso. Meu amigo, eu cresci em bairros violentos. Sou traumatizado por isso. Violência de nenhum tipo sobre qualquer aspecto. Não vou nem entrar no mérito; de que, quando o poder muda de lado, normalmente os que são oprimidos, se tornam eles, os opressores. Quanto mais os anos passam, mais eu me convenço de que a paz precisa prevalecer de qualquer forma. Nenhum ato de violência é justificável. Nem contra o estado, nem a favor dele. Nem dos marginalizados, nem de quem quer que seja. Eu pensava e falava esse tipo de bobagem quando era adolescente. Com o tempo aprendi a valorizar a vida. Percebi o valor que ela tem com as perdas. Tirar a vida de ninguém sobre hipótese alguma. Hoje eu tenho pavor de violência. Paz!
domingo, 4 de fevereiro de 2024
Imprevisibilidade Humana
Antigamente quando alguma máquina de fliperama travava com um problema que aparecia na tela; nós dizíamos que a máquina havia dado "tilt". E sempre lembro disso, quando num ato repentino, alguma pessoa, de onde menos se espera, tem uma atitude agressiva. Eu lembro do tilt. Pois nós seres humanos também damos tilt, ou "bugamos". Mas poucos saben ou admitem isso.
sábado, 3 de fevereiro de 2024
Dizer a Verdade
Dizer a verdade em seu trabalho; estudo, ou vida social, pode ser digno, mas também é perigoso.
Autocrítica
Voltei a ouvir Raul Seixas
Depois de anos sem ouvir o Raulzito, pensei que ele já havia sido superado. Mas estou sentindo a mesma sensação de quando tinha quinze anos, que foi quando eu o ouvi pela primeira vez.
Voltei a ouvir MPB
Depois de seis anos sem ir ao Brasil; e sem escutar os críticos, os chatos de plantão, e os invejosos... me fizeram voltar a ouvir a MPB, os meus heróis de infância. Estou redescobrindo gente como Raul Seixas; Jorge Aragão, Chico Buarque, Moreira da Silva, Noel Rosa...
Subjetividade
Somos vítimas da nossa própria subjetividade. Pela qual injustamente seremos julgados.
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024
Opinião
Bem Bolada
E que a sua imagem nela se fortaleça.
Antes que eu enlouqueça.
Ou desapareça.
Ela entra pelos meus olhos.
Vai para a minha mente.
E desce para o meu coração.
Nesse meu ranger de dentes.
A frente dos meus sentidos.
Ela afeta a minha razão.
É o que acontece comigo.
Acontece com uma porção.
Não importa que você tenha.
Ou não um mal caráter.
Não importa que você finja.
Ou não ser minha alma mater.
Eu fui pego estou preso.
Neste fraque em desalinho.
Sentir paixão é bom.
Mas não quando se está sozinho.
A mulher que eu amo.
É toda é bem bolada.
E tem uma pele dourada.
Superbronzeada.
Dentro de um short curto.
Toda depilada.
Ela pra mim é tudo.
Para os outros não é nada.
Meio Caminho Andado
Diga o seu nome.
E me fale alguma coisa.
Sobre o seu passado.
Cantando a gente se conhece.
Já é meio caminho andado.
Dê uma entrada.
Pague uma parcela.
Ou compre tudo parcelado.
Já é meio caminho andado.
Comece em junho.
O que começou em janeiro.
Já era pra ter terminado.
Já é meio caminho andado.
Erga a cabeça.
Mantenha o peito estufado.
Finja que não é com você.
Já é meio caminho andado.
Ê melhor chegar tarde.
Do que nunca ter chegado.
Devagar se vai ao longe.
Já é meio caminho andado.
Vá até a Lua.
Antes de chegar a Marte.
Deixe tudo enluarado.
Já é meio caminho andado.
Já é meio caminho andado.
Nem tão pouco caminhado.
Objetivo perseguido.
Objetivo encaminhado.
Já é meio caminho andado.
A Sentença
Do navio negreiro.
O pistoleiro solitário.
Eu sou o forasteiro.
Eu sou o imigrante.
Eu estou ilegal.
Em meu voo errante.
Chego ao litoral.
Então é por isso.
Que me olham desconfiados.
Eu vivo do presente.
Eles vivem de passado.
Se fossem inteligentes.
Não teriam reparado.
O que há de diferente.
Como o que há de errado.
Eu não tenho passado.
Talvez eu tenha futuro.
Um dia com a cabeça a prêmio.
Outro dia dando murro.
Eu corro atrás.
Caçador de recompensas.
Um dia foragido.
Outro esperando uma sentença.
O Resto do Ocidente
Caos Menor
Não tem nota na carteira.
Na biqueira você tem.
Parecia até toada.
Que lambada, você, hein?
Ninguém não me disse nada.
Ninguém não disse ninguém.
Não apontem as suas flexas para o mal...
Nem que seja um mal menor.
Não apostem as suas fichas no caos...
Nem que seja um caos menor.
Sentimento é o que fica.
Pensamentos vem e vão.
No final quem acredita.
É que se sagra campeão.
Mas nem uma palavra dita.
Mas nenhuma frase, não.
Pois a impressão desdita.
É a primeira impressão.
Não apontem as suas flexas para o mal...
Nem que seja um mal menor.
Não apostem as suas fichas no caos...
Nem que seja um caos menor.
Opinião Pública
O que chamamos de opinião pública é regulada em sua maioria por indivíduos e grupos oriundos de escolas e universidades distribuídos para os meios de comunicação, legislação, instituições religiosas, forças de segurança, saúde, mercado, e terceiro setor. Mesmo as pesquisas de opinião são enviesadas, pois passam pelo crivo de tais reguladores. É impossível saber o que vai nos corações e mentes das pessoas comuns. Talvez nem elas saibam, ou neguem; pois apenas seguem regras que lhes foram impostas ao nascer. Mas é melhor que seja assim, caso fosse dada voz a todos; a democracia estaria em risco.
Eu fui abandonado por minha mãe
Eu fui abandonado por minha mãe… Ela deixou que um sádico me puxasse de dentro do seu ventre aconchegante e luminoso para esta terra. Ele me agrediu com uns tapas humilhantes na bunda, e quando eu comecei a chorar uma de suas capangas me levou para junto de outros pobres coitados enfileirados distinguidos apenas por pequenas placas de identificação. Depois a minha mãe me deixou com uma mulher que os outros chamavam de "tia" e que me puxava pela mão enquanto eu berrava para que ela não me abandonasse. Eu fui levado para um edifício onde dizem que formam seres humanos melhores e que nos preparam para a vida… mas, como podem perceber, esse não foi o meu caso. Eu pulava de uma instituição para outra e depois ia para esses lugares onde pagam uma miséria para que compre seu uniforme, coma, e volte no dia seguinte. Eu insistia para que a minha mãe fosse comigo; mas ela negava dizendo que eu precisava aprender a me virar, e eu me virava para outro lado. A última vez que minha mãe me abandonou ela se foi sem previsão de volta. Mas próximo a ela pude sentir o céu onde poderemos ficar juntos de novo, dessa vez eternamente. Enquanto isso eu espero aqui neste purgatório com outros milhões de pobres diabos órfãos que vagam sem pai nem mãe por este mundo onde a vida é dura e a morte é certa.
Na Academia
Na academia você percebe que não malha nada. Até que de tão fraco descobre que os mais fortes são os que frequentam os concursos de halterofelista.