sábado, 4 de julho de 2020

Eu Fui Atrás do Circo...

Federico Fellini em sua biografia, Eu, Fellini de Charlotte Chandler. Fala sobre um circo que passou por sua cidade, Rimini, e que fez com que ele sentisse vontade de acompanhar a trupe. O circo está presente em pelo menos dois de seus filmes La Strada (1954), e I Clowns (1970). Ingmar Bergman também mostraria o circo em Gyclarnas afton (1953). A obsessão com a vida mambembe também se apresenta na Caravana Rolidei da obra Bye-Bye Brasil (1980) de Cacá Diegues. Em que a personagem de Fábio Júnior quer sair para ver o mar, assim como o João de Santo Cristo da música Faroeste Cabloco (1987) da banda Legião Urbana, e os dois terminam em Brasília. A minha avó era trapezista de circo, quem sabe o sonho de ir atrás do espetáculo permaneça em minhas veias, veias essas que eu sigo como vias de uma estrada. Talvez por isso tenha abandonado a escola para seguir um grupo de teatro. E simplesmente andei em direção de casa por não gostar de um lugar onde trabalhava. Deixei pessoas, cidades, ideologias, segurança, e até mesmo o meu país, pura e simplesmente para seguir o circo da minha vida. Penso ser mais provável que este destino esteja de acordo com a frase da longa O Palhaço (2011) de Selton Mello. “Na vida a gente tem de fazer o que sabe fazer: o gato bebe leite, o rato come queijo… E eu sou palhaço.”

sexta-feira, 26 de junho de 2020

O Puto e a Rapariga da Bicha...

Um puto e uma rapariga estavam entediados atrás de uma bicha. Quando este brasileiro puxou assunto e contou ao português que um puto que ele conhecia tinha acabado de voltar para o Brasil com uma rapariga. O português segredou ao brasileiro que queria engatar e perguntou se ele tinha um durex. O brasileiro disse que ia buscar um Durex no carro. Ele deu a fita ao português e disse que achava difícil que ele conseguisse engatar com aquilo. O português ficou encucado. O brasileiro falou que estava de saco cheio de esperar. Engatou a marcha à ré, fez o jogo, e foi embora.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Eu Fiquei em Serra Pelada...

Sabe o que é um “blefado” aqui em Serra Pelada? É um tipo de garimpeiro que passa a vida toda sonhando “bamburrar”. Ou seja, tirar a sorte grande. Eu sou um deles. Todos os meus conhecidos foram embora. Eu fiquei neste barranquinho. Na esperança de que a pepita dos sonhos venha para as minhas mãos. Todos os meus eles arrumaram um emprego, foram estudar, mudaram de profissão e se casaram. Eu me mantive só. Não consigo me desvencilhar desta terra. O brilho do ouro é intenso demais para que eu me esqueça dele tão facilmente. Eu sou como aquele artista que vive à espera da música de sucesso, na espectativa que as pessoas se dêem conta do seu trabalho. Enquanto os anos foram passando ele envelheceu sem se dar conta. Igual um ex presidiário que passou tanto tempo preso que o mundo ao redor da cadeia se tornou irreconhecível e difícil de se adaptar. Ele passou tanto tempo ali que seria melhor que continuasse preso. Acho que cheguei a esse estágio. Eu sou assim, vivo com o sonho que aconteça comigo o que aconteceu com os meus “amigos” que estavam ao meu lado. Fiquei preso naquele dia em que um amigo conseguiu “bamburrar”, e que arrancou o tesouro da terra. Rememoro as oportunidades perdidas. E nos meus pensamentos a culpa é sempre minha, que estava no lugar certo com a cabeça errada. No tempo em que eu tenho estado aqui, e lá se vão vinte e oito anos… Fortunas garimpadas foram torradas, e novos garimpeiros nasceram, enriqueceram, fizeram fama, tiveram filhos, e morreram. Mas eu continuo aqui. Ecoa na minha cabeça a frase que diz, a esperança é a última que morre! É que o brilho do ouro ofusca os meus pensamentos. Imagina poder viver em liberdade, ser feliz, viver do que gosta! Ah…

terça-feira, 23 de junho de 2020

A Solidão dos Loucos do Largo da Carioca...

Está é a solidão laboral

É a solidão de não ter alguém

A quem mostrar o seu trabalho

A solidão de estar redundantemente,

Sozinho

Na solidão dos pleonasmos

Do chover no molhado

É a mesma solidão dos loucos do Largo da Carioca

Daqueles que gritam sobre o Apocalipse

Sem conseguir com isto chamar a atenção de ninguém

É a mesma solidão do artista,

Sozinho

A solidão de estar só

Produzindo igual mouro

Mas sem a capacidade de se comunicar

Mesmo com todos os meios de comunicação que existem,

Atualmente,

Nos jornais

Eles dizem

Mesmo assim,

Sozinho

É o mesmo que não falar a mesma língua

Escrever, escrever e escrever…

E não ser lido por ninguém

Nem a família aguenta mais tanta leitura

Ninguém tem tempo

Enquanto o artista acumula uma pilha de livros impublicáveis

Uma porção de palavras perdidas num dicionário

Palavras que ninguém procura

Para as quais ninguém atenta,

Sem nenhuma utilidade

O artista canta

E os vizinhos ouvem a contragosto

Um outro presta atenção

Para reclamar do artista rouco

De tanto gritar

No meio da multidão

Os filmes que faz

Apenas ele,

De vez em quando,

Sozinho

Assiste

E diz, é isto mesmo,

Ele repete para si mesmo,

É por aí…

Não tem mais coragem de importunar ninguém

Foram anos importunando as pessoas

Ele espera uma e-mail que nunca chega

Um telefonema que nunca toca

O artista levou o seu trabalho a sério demais

E foi ficando triste,

Ficando triste

Até que se isolou

Ficou cada vez mais isolado

E nem sabe o que as pessoas pensam de si

E como um velho elefante se retirou de cena

Mas continuou,

Trabalhando

Até morrer…

Eclesiastes Remix

O conhecimento é tudo,
conhecer é saber ouvir tudo,
com imparcialidade.
ler tudo.
A sabedoria protege como protege o dinheiro,
disse o Eclesiastes,
mas teriam dito Buda ou Sócrates.
O conhecimento pode custar um euro,
que é o preço de um livro velho,
num sebo,
em Lisboa.

https://www.youtube.com/watch?v=3tCFb1daPAc


segunda-feira, 22 de junho de 2020

O Tempo Cura Tudo...

É mesmo como dizem,
o tempo cura tudo.
Tanto as dores do corpo,
quanto as doenças do espírito.
Mesmo que seja através do derradeiro fim.
Ah, se a gente conseguisse esquecer o futuro...
e parasse de viver no passado,
nem que fosse por um ínfimo segundo,
e quem dera,
por um,
minuto!

https://www.youtube.com/watch?v=0DL8cSSUPBY

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Se Eu Fosse Fazer um Filme Sobre o Funk Carioca Ele Seria Assim…

Mundo

 Se faz necessário atentar para o fato de que a ordem em que as músicas estrangeiras aparecem não é a mesma à qual foram lançadas. E sim, quando chegaram ao Brasil, especialmente no Rio de Janeiro. Numa época em que ainda não havia internet, nem sempre as músicas chegavam no tempo do seu lançamento. Isto está presente em todo o início da história do Funk Carioca.

Depois do intertítulo termina o silêncio. Como num baile as músicas só param quando alguém começa a falar. Uma música se sobrepõe a outra. Surgem imagens caseiras de adolescentes europeus cantando e dançando o Funk Carioca. Artistas cariocas cantam em vários lugares do mundo. Títulos com os seus nomes e os países onde estão. Festas na zona sul carioca com meninas dançando. Atrizes famosas das novelas brasileiras dançam ainda meninas. O elenco de uma novela no programa Vídeo Show da Rede Globo repete uma coreografia famosa. A cantora Blaya, brasileira naturalizada portuguesa, canta num show lotado em Portugal. Em uma entrevista ela fala sobre o que os portugueses sentem em relação ao Funk Carioca, e como ele está presente no país. O cantor americano Don Blanquito de frente para um microfone num estúdio grava uma música em português e fica perceptível o seu forte sotaque. Ao ser indagado em uma entrevista ele explica porque mora numa favela do Rio de Janeiro. Por cima da sua fala entram imagens dos Estados Unidos no passado. O começo do Jazz em preto e branco. Imagens de músicos de Blues, R&B e Gospel. Fotos do Rio de Janeiro no início dos anos 70. Praias com pessoas na areia. Pontos turísticos como Cristo Redentor e o Pão de Açúcar com famílias de turistas comportadas. Subúrbio e favelas, com crianças soltando pipa, brincando na rua, e jogando bola de gude. Inicia uma imagem com uma música de Soul Funk de James Brown no histórico show do Canecão no Rio de Janeiro em 1973. Imagens antigas de bailes de Black Music no subúrbio com a participação de Gerson King Kombo. Som de vozes da multidão entra o intertítulo Brasil.

Brasil


Começa a música Baile de Favela do MC João. Fotos apresentam muitos bailes pelo Brasil atualmente. Cenas de festas na rua. Moradores reclamam da intensidade do som num programa de tevê. Uma festa improvisada num posto de gasolina com a música vinda dos carros de malas abertas que exibem a potência do equipamento. Meninas num canto do posto em imagens embaçadas de uma reportagem que exibe atos sexuais e o uso de cocaína. Fotos que focalizam garrafas de bebida e lixo no chão. Alguém reclama da bagunça e do uso de entorpecentes no local. Imagens dos rolêzinhos. Cenas de adolescentes invadindo shoppings em bando. Fotos de postagens na internet e em redes sociais marcando os encontros. Entrevista de um responsável público dizendo porque estas reuniões não podem acontecer. Depoimentos de pessoas que afirmam que a proibição das reuniões dos adolescentes no shopping é preconceituosa. Cenas do clipe da música You Get What You Give da banda americana New Radicals que mostra adolescentes ocupando um shopping. MC Magrinho está numa entrevista polêmica, começa uma música dele em que diz que fuma maconha. Imagens suas num programa policial sendo preso. Entrevistas com adolescentes que falam sobre as overdoses de seus amigos provocadas por Lança-Perfume nos bailes. Começa a música do MC Garden Encostei num Baile Funk. A música chama a atenção dos funkeiros para o perigo das novas modas dentro do movimento. Enquanto toca a música volta a ocupar a tela fotos de vários lugares do Brasil onde acontecem os bailes com os seus respectivos nomes. Intertítulo Início.

7.3  Início


Rio de Janeiro início dos nos anos 80. Praia de Ipanema. O antigo Circo Voador. Imagens de baile Charme com pessoas fazendo uma coreografia. No programa de televisão carioca alguns rapazes dançam o break. Chegam os pioneiros do Hip-Hop. Afrika Bambaataa e The Soulsonic Force no clipe Planet Rock. Por sua importância e impacto esta música toca desde o começo do bloco. Grand Master Flash e Furios Five no clipe The Massage. Fotos das capas do disco da equipe Furacão 2000 e títulos com as suas datas. DJ Marlboro apresenta o Hip-Hop nas ruas do Rio de Janeiro em 1986. Dessa imagem passamos para o DJ Marlboro fazendo scratches num antigo clipe da banda de rap e rock chamada G.U.E.T.O. Vemos surgir numa fusão desta com outra imagem a capa do disco da Funk Brasil com o DJ Marlboro que segura um disco de vinil. Toca a Entre Nessa Onda deste long play. O clima começa a ficar tenso com Dance Tarnsformer música de Ice Man Já. Fotos de funkeiros que representam a moda da época. Um rapaz com cabelo de molinha cheio de creme na praia. Os cordões enormes e os bermudões. Os funkeiros posam para as fotos nos bailes e em grupo. De repente o clima fica tenso. Aumenta o BPM da música. Começa a música Push It do Salt-N-Pepa com algumas cenas do vídeo. As imagens são de tensão. Its Automatic do grupo Freestyle começa a tocar. Um homem puxa um rapaz pelo braço num programa de tevê. Garotos falam com a câmera. Trechos do clipe. Imagens de funkeiros chegando num baile. É o início da música Supersonic do grupo de meninas J.J Fad. A pancadaria irrompe num baile de corredor. É possível ver os seguranças dando com a corrente em rapazes que brigam. No final das cenas de agressões, numa reportagem televisiva, uma menina diz que vai brigar com quem quer que seja para defender a favela onde mora. Depois disso surgem alguns rapazes dizendo porque brigam. Uns dizem que é diversão. Outros que são amigos. Uma frase rápida e que dá um respiro. Uma frase da música Melô do Terror em que a atriz Regina Casé e o ator Luiz Fernando Guimarães dizem que a briga não é séria. “A gente é tudo gente amiga…. Por isso que nós se porra. Por isso que a gente briga.” somos colegas, Foto de um morto numa reportagem de jornal num baile. Começa o rock da banda brasileira Ultraje a Rigor. A música é Nós Vamos Invadir A Sua Praia. Inúmeras cenas de arrastão.

Amor


Entra o som de Funk Little Be, freestyle na voz de Deb Debbie em cima do título Amor. Pessoas estão dançando juntas. Aparece muito do que se condicionou chamar de Funk Melody e que na verdade é o Freestyle norte-americano. Imagens antigas do cantor Tony Garcia são fundidas com as últimas imagens dele no Brasil. Por cima de sua música Just Like the Wind.  O mesmo acontece com Stevie B. Enquanto ele aparece entra a sua música Spring Love. Trinere aparece com I`ll Be All You Never Need. Numa mescla de imagens antigas com imagens dela num festival em 2018 no Rio de Janeiro em fusão. São takes rápidos. Com a cantora Connie também. Uma imagem dela antiga, e depois entra uma atual em um festival de Freestyle nos Estados Unidos. O mesmo acontece com Deb Debbie. Lil Suzy com Take Me in Your Arms.  Casais se beijam. Cenas de namoros. Fotos do público. Pessoas num sofá de programa de televisão. Declarações de amor de joelhos. É um respiro. Todo mundo se beija. É mostrado o amor em épocas de baile. Pessoas que se casaram e estão juntas mostram suas fotos antigas em bailes funks. Agora toca a música antológica da dupla Claudinho e Buchecha Nosso Sonho, entra imagens de alguns cantores que gravaram raps românticos brasileiros cantando com os títulos em cima de suas imagens e fotos mostrando o legado dessas músicas. Latino, MC Marcinho, e muitos outros.

7.5  Ódio


Começa a montagem Chumbo Quente da dupla sertaneja Léo Canhoto e Robertinho. A palavra ódio surge no silêncio. Cenas do Funk Carioca atualmente. O Baile da Gaiola na tela. Homens armados circulam no meio das pessoas. Primeiro com imagens de celular. Imagens de bandidos flagrados de helicópteros por câmeras de tevê. Eles circulam livremente nos bailes. Diz um repórter. Um Proibidão começa a tocar. É uma música de Smith MC em que fala sobre a Família Grande e Complicada. São diversas imagens de homens armados e de bailes de Funk Carioca. Entra a música do Menor do Chapa. Ele diz, quem é contra mete o pé. São carros de polícia. Sirenes. Imagens do pesadelo brasileiro. Presidiários dançam em cadeias. Vê-se inúmeras prisões de MCs. Cantores que foram presos por associação ao tráfico e por porte de drogas. Muitas imagens de bailes que aparecem em programas de televisão policiais. Imagens de reportagens de meninas que foram abusadas. Caveirões invadindo favelas. Cenas de bailes em que a polícia invadiu atrás de traficantes. Imagem de Adriano do Flamengo fazendo o sinal do Comando Vermelho. Garotos atrás de repórteres fazendo o mesmo sinal atrás de repórteres que mostram algum problema social local. Agora toca o Dono do Ouro e da Prata do mesmo MC Smith. O jogador Vagner Love aparece num baile na época em que jogava no time do Rio de Janeiro. Hordas de adolescentes estão encostadas na parede na saída de um baile. Os policiais revistam os adolescentes. Agora podemos ver inúmeros meninas dançando mexendo requebrando o quadril o máximo que podem. Aparece a MC Loma nos seus quinze anos em 2018 cantando a música Envolvimento completamente sensual ao lado de suas amigas as Gêmeas Lacração com o seu Funk Brega do nordeste do Brasil. Vai acontecer uma passagem de tempo. Começa a tocar a música do MC Fioti. Ele está num programa da Rede Globo. Bum Bum Tam Tam ele canta no programa Fátima Bernardes na Rede Globo. Muitas imagens de meninas que rebolam. A flauta da música prepara para o próximo quadro. Aparece a palavra sexo em letras garrafais. A palavra Putaria surge em letras garrafais.

Putaria


De repente o silêncio. Cresce a risada de Mister Catra. Ele aparece cantando em prostíbulos. Mister Catra fala sobre as suas mulheres numa entrevista. Em contrapartida aparece Tati Quebra-Barraco. Ela fala sobre ser mulher feia e estar na moda. Logo depois dispara a falar sobre sexo e o lugar da mulher e sobre ser a outra. Toca a música da Valesca Popozuda My Pussy é o Poder. Valesca Popuzuda está num programa de televisão onde as pessoas discutem o lugar da mulher no Funk Carioca e se ele é vulgar ou não. Se é machista. Ela se defende. Em seguida aparece Jojo Todynho. Ela está em casa e transmite um vídeo na internet onde fala que mulher não tem de se sujeitar ao homem. Volta para Mister Catra, ele fala sobre as usas mulheres, diz que elas não podem traí-lo. A música dos Magrinho Lanchinho da Madrugada começa a tocar. Mais polêmica num programa de televisão popular. Mister Catra discute com os presentes. Ele defende que as amantes. Agora a música de fundo é a dele, Mister Catra. Imagens do programa da Luciana Gimenez da Rede TV. Vai rolar um adultério é o nome da música do Mister Catra. As pessoas discutem. Entre depoimentos de feministas e passeatas. Aparece Bolsonaro agredindo uma mulher. Fazendo discursos machistas. Mulheres agredindo os símbolos da igreja católica. Enquanto a música volta e continua. A música de Mister Catra fala de orgia. De estar na lama. Fala sobre as cachorras. Entra a música do Bonde do Tigrão. Eles gritam, só as cachorras! Enquanto isto entra milhares de cenas de mulheres e meninas dançando. Rebolando. Requebrando. Pondo a mão no quadril para poder descer. Entra uma reportagem sobre a polêmica da letra de uma música de Valesca Popozuda estar numa prova do ENEM. Entra o clipe da MC Loma com as Gêmeas Lacração. Ela canta que irão sentar. MC Loma tem quinze anos na época do clipe. Entram fotos suas e matérias na internet que falam que ela havia largado a escola e que teve de se explicar. Volta para a imagem das meninas. Enquanto a música sobre sentar toca entra um letreiro escrito criatividade que parece pulsar junto com a batida da música.

Criatividade


Este bloco começa com o Rap da Felicidade. Aparecem na tela pessoas de diversos lugares pobres do Rio de Janeiro. Imagens que mostram o caos social e a felicidade do povo carioca. Na sequência começa o Rap do Silva. Este final do filme é como um grande baile. Ninguém vai falar nada, tudo será feito através das imagens, sem se importar que muitas vezes elas ilustrem o que é dito nas músicas. Começa a tocar o Endereço do Bailes de Júnior e Leonardo. Começa os anos 90. Imagens do movimento dos Caras Pintadas que tomaram as ruas do Brasil e derrubou o presidente brasileiro Fernando Collor de Mello. Imagens dos arrastões. O Rap do Silva começa a tocar durante um longo tempo. Imagens de funkeiros nos anos 90 em programas de televisão. No programa da equipe Furacão 2000. Logo em seguida aparece a dupla William e Duda cantando o Rap da Armas em sua versão proibidão num baile. Enquanto no Xou da Xuxa na televisão eles cantam o Rap da Morena que fala de amor. Aparecem diversas cenas de baile e pessoas pulando. Depois entra o Rap do festival do MC Danda e Tafarel e continuam as cenas de pessoas indo e vindo em imagens de televisão e sinalizando para a câmera e sorrindo. Pessoas em praias, festas e bailes. Surge na tela a dupla Claudinho e Bochecha ganhando um prêmio. É horas de ver as pessoas felizes. O filme vai terminar com a música Carrossel de Emoções de Claudinho e Bochecha. Tudo que é dor e sofrimento ficou para trás. Agora é apenas a celebração da vida e da música. Não existem polêmicas. Nada disso. A música para um instante e as crianças fazem o beat box, uma batida de rap com a boca. Batem em seu próprio corpo. É hora de ver os idosos dançando o Funk Carioca. Os feirantes. Pessoas que trabalham nas ruas. As pessoas estão felizes. Dançam apesar de toda a dificuldade de suas vidas. A música fala sobre paz e amor. E diz o nome dos lugares do Rio de Janeiro. As imagens surgem com a música que é antológica por sua criatividade. De repente com o avançar aparecem várias épocas do Funk Carioca vão se mesclando. Como se não existisse nem maldade nem tristeza. Apenas alegria. Desde o breakdance no início dos anos 80. O filme termina com a imagem de uma menina negra sorrindo. Mostrando os dentes e segurando uma criança branca.