Bolsonaro era um
jovem que desejava explodir a adutora do Guandu no Rio de Janeiro e jogar
bombas em quarteis por melhores salários e condições de trabalho.
Lula era um jovem metalúrgico que liderava uma greve e lutava pelos mesmos
motivos de seu atual oponente em sua respectiva categoria.
Bolsonaro foi preso e expulso do exército após um acordo para sair ileso de
outras sanções. Assim como ele, Lula foi preso. Um por insubordinação e outro
por atos grevistas.
A sorte de
Bolsonaro mudou quando a revista Veja deu a ele espaço para manifestar suas
ideias através de um texto. Ele atingiu em cheio o coração dos militares de
baixa patente e suas famílias.
Lula caiu nas graças da classe média branca hegemônica e intelectual de
esquerda dos cursos de ciências humanas.
Bolsonaro se
manteve na política com a promessa de cuidar dos militares e esta se renovou a
cada mandato seu em mais de vinte anos como um político apagado. O tipo que não
propõe nada e que é irrelevante para a aprovação de projetos.
Lula por sua vez
se manteve como presidente do PT enquanto tentava alcançar o objetivo pessoal e
de seu partido de virar presidente. Durante esse tempo agiu como o homem das
classes populares, mas era usado e usava de sua condição de líder por direito.
Algo que a esquerda instrumentalizada das universidades adora: "O homem do
povo."
Bolsonaro em seus
mandatos se fortaleceu com todos os grupos militares e paramilitares como as
milícias cariocas. Ao ser eleito atacou as pautas dos governos petistas com
discussões voltadas para o povo brasileiro em sua maioria
"moralista". Agradou ao público evangélico que cresceu e virou uma
potência nas urnas.
Bolsonaro é fruto da emergente classe média de ressentidos que viu os
militantes do Partido dos Trabalhadores atacarem aos seus opositores sem
possibilidade de argumentação, como toscos, atrasados, sem estudo e cultura, e
acusados de valores ultrapassados mesmo diante de sua ascensão social. A mesma
metralhadora que fizera vítimas à direita.
Lula fazia o
trabalho sujo. Diferente de Bolsonaro que se esconde atrás do clã familiar e de
comparsas, Lula negociava pessoalmente com banqueiros, pastores e empreiteiros.
E despejava dinheiro em sua militância que reforçava os seus projetos sociais, culturais
e acadêmicos. Sendo quase impossível a aprovação dos que não passassem pelo
crivo da ideologia petista.
Bolsonaro antes
de sua presidência, era um macaco de auditório que em programas de televisão de
segunda categoria repetia a máxima de Sivuca de "que bandido bom é
bandido morto". Ao lado de políticos grotescos como Enéas Carneiro e Afanásio
Jazadji alegrava as tardes de auditórios.
Bolsonaro é uma invenção do Partido dos Trabalhadores como repetem os
analistas. E um alimenta o outro através da divisão do país. Dividir para
enfraquecer. É mais fácil resumir a disputa a um inimigo. Lula nega a corrupção
explícita e vergonhosa da qual foi agente independente dos juízes Sérgios Moros
da vida.
Bolsonaro não
nega a corrupção, pois a sua clientela não se importa com isso, e sim com
questões religiosas e de cunho "moral" para onde ele leva o
adversário. Embora Bolsonaro se for julgado por suas atitudes nunca tenha feito
o sinal da cruz.
Os petistas em
seu fanatismo religioso e no poder concentrado na figura de Lula, tenta
emplacar o anjo caído. É melhor um esquerda corrupta do que uma direita
fascista. Enquanto o líder se contradiz para tentar alcançar as massas e se põe
a favor de preconceitos bolsonaristas, e evita assuntos delicados com medo da
perda de votos. Questões como a descriminalização das drogas, LGBTQI+, e a
perseguição de religiões de matrizes africanas. Embora muitos destes atores
sociais se mantenham firmes em sua base. E por sua vez os bolsonaristas dizem
"que pelo menos ele é cristão". Lula é tão honesto quanto Bolsonaro é
cristão.
A única certeza que
nós temos é que seja qual for o resultado desta eleição a guerra não acaba nas
próximas semanas.