domingo, 23 de outubro de 2022

Lula é tão honesto quanto Bolsonaro é cristão

Bolsonaro era um jovem que desejava explodir a adutora do Guandu no Rio de Janeiro e jogar bombas em quarteis por melhores salários e condições de trabalho.
Lula era um jovem metalúrgico que liderava uma greve e lutava pelos mesmos motivos de seu atual oponente em sua respectiva categoria.
Bolsonaro foi preso e expulso do exército após um acordo para sair ileso de outras sanções. Assim como ele, Lula foi preso. Um por insubordinação e outro por atos grevistas.

A sorte de Bolsonaro mudou quando a revista Veja deu a ele espaço para manifestar suas ideias através de um texto. Ele atingiu em cheio o coração dos militares de baixa patente e suas famílias.
Lula caiu nas graças da classe média branca hegemônica e intelectual de esquerda dos cursos de ciências humanas.

Bolsonaro se manteve na política com a promessa de cuidar dos militares e esta se renovou a cada mandato seu em mais de vinte anos como um político apagado. O tipo que não propõe nada e que é irrelevante para a aprovação de projetos.

Lula por sua vez se manteve como presidente do PT enquanto tentava alcançar o objetivo pessoal e de seu partido de virar presidente. Durante esse tempo agiu como o homem das classes populares, mas era usado e usava de sua condição de líder por direito. Algo que a esquerda instrumentalizada das universidades adora: "O homem do povo."

Bolsonaro em seus mandatos se fortaleceu com todos os grupos militares e paramilitares como as milícias cariocas. Ao ser eleito atacou as pautas dos governos petistas com discussões voltadas para o povo brasileiro em sua maioria "moralista". Agradou ao público evangélico que cresceu e virou uma potência nas urnas.
Bolsonaro é fruto da emergente classe média de ressentidos que viu os militantes do Partido dos Trabalhadores atacarem aos seus opositores sem possibilidade de argumentação, como toscos, atrasados, sem estudo e cultura, e acusados de valores ultrapassados mesmo diante de sua ascensão social. A mesma metralhadora que fizera vítimas à direita.

Lula fazia o trabalho sujo. Diferente de Bolsonaro que se esconde atrás do clã familiar e de comparsas, Lula negociava pessoalmente com banqueiros, pastores e empreiteiros. E despejava dinheiro em sua militância que reforçava os seus projetos sociais, culturais e acadêmicos. Sendo quase impossível a aprovação dos que não passassem pelo crivo da ideologia petista.

Bolsonaro antes de sua presidência, era um macaco de auditório que em programas de televisão de segunda categoria repetia a máxima de Sivuca de "que bandido bom é bandido morto". Ao lado de políticos grotescos como Enéas Carneiro e Afanásio Jazadji alegrava as tardes de auditórios.
Bolsonaro é uma invenção do Partido dos Trabalhadores como repetem os analistas. E um alimenta o outro através da divisão do país. Dividir para enfraquecer. É mais fácil resumir a disputa a um inimigo. Lula nega a corrupção explícita e vergonhosa da qual foi agente independente dos juízes Sérgios Moros da vida.

Bolsonaro não nega a corrupção, pois a sua clientela não se importa com isso, e sim com questões religiosas e de cunho "moral" para onde ele leva o adversário. Embora Bolsonaro se for julgado por suas atitudes nunca tenha feito o sinal da cruz. 

Os petistas em seu fanatismo religioso e no poder concentrado na figura de Lula, tenta emplacar o anjo caído. É melhor um esquerda corrupta do que uma direita fascista. Enquanto o líder se contradiz para tentar alcançar as massas e se põe a favor de preconceitos bolsonaristas, e evita assuntos delicados com medo da perda de votos. Questões como a descriminalização das drogas, LGBTQI+, e a perseguição de religiões de matrizes africanas. Embora muitos destes atores sociais se mantenham firmes em sua base. E por sua vez os bolsonaristas dizem "que pelo menos ele é cristão". Lula é tão honesto quanto Bolsonaro é cristão.

A única certeza que nós temos é que seja qual for o resultado desta eleição a guerra não acaba nas próximas semanas.

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