quarta-feira, 6 de maio de 2020

Meditação…

Fique em silêncio
Feche bem os seus olhos
Esqueça o passado
O futuro
Esvazie a mente
Mantenha-se no presente
Respire
Concentre-se em sua respiração
No ar que entra e saí dos seus pulmões
Suavemente…

Ela Pensou que Era Caô

Ela sentiu um gosto estranho
Naquele Beijo
Ela pensou que era tamanho
O meu desejo
E perguntou quanto eu ganho
O que eu vejo
É que nessas coisas de antanho
Eu me revejo

Ela pensou que era caô
O que eu só faço por amor
Ela pensou que era caô
O que eu só faço por amor

Eu dei uma de bonachão
Ela sentiu
Eu cantei uma canção
Ela pediu
Falei do meu coração
Ela partiu
O meu aceno com a mão
Ela não viu

Ela pensou que era caô
O que eu só faço por amor
Ela pensou que era caô
O que eu só faço por amor

terça-feira, 5 de maio de 2020

Análise das Técnicas de Câmera e Iluminação em À Bout de Souffle de Jean-Luc Godard

Índice


1.2 Introdução


1.3 Desenvolvimento


1.4 conclusão


1.5 Bibliografia



1.2 Introdução

O presente trabalho tem por objetivo traçar um panorama sobre as técnicas de câmera e iluminação apresentadas no filme À Bout de Souffle de Jean-Luc Godard. Uma longa metragem símbolo da Nouvelle Vague francesa. Para falar sobre a obra de Godard é preciso lembrar o contexto em que ela foi realizada. A Nouvelle Vague francesa, uma das vanguardas mais importantes das novas vagas mundiais. Assim como o seu antecessor o Neo-realismo italiano, e o seu contemporâneo, o Cinema Novo brasileiro; são movimentos que enfrentaram a carência de recursos. Os filmes desses movimentos eram produzidos com pequenas equipes e exibidos majoritariamente em cineclubes e festivais. Os seus planos de rodagens eram bastante delimitados. As necessidades levavam a muitas saídas criativas. Os filmes eram feitos basicamente de cenas externas e possuíam forte ligação com o cinema documental. Não contavam com figurantes e grandes cenários. O improviso era regra. A assistência dos filmes pertencia a um grupo mais aberto as inovações. O público era frequentador de cineclubes e leitor de revistas de cinema. E muitos dos realizadores escreviam para revistas especializadas e organizavam cineclubes. Assim como Godard que pertencia ao quadro de críticos da Cahiers du Cinéma. À Bout de Souffle, inspirado num argumento de Francoise Truffaut foi rodado em duas semanas, com Godard escrevendo os diálogos para os atores durante os dias de filmagens. Assim como aconteceu no anterior La Terra Trema de Luchino Visconti, filme pertencente ao Neo-Realismo italiano. “Um orçamento de um terço do que era prática na altura, uma equipa reduzida, um “desenrascanço” constante: travelling feito a partir de uma cadeira de rodas, a transformação de uma película cinematográfica ultra sensível, a câmara escondida no triciclo de um carteiro e um excelente conhecimento do terreno.”  (Mandelbaum, 2007,  pg.17).  É possível ver os transeuntes olhando para a câmera. Assistindo ao que acontece. Na última cena em que Michel é atingido pelo policial, é possível ver a normalidade ao redor. Mas é perceptível que tudo são dificuldades inseridas no contexto fílmico, o que faz com que ainda hoje falemos de  À Bout de Souffle.

1.3 Desenvolvimento

Plano Aproximado

Numa das primeiras cenas de À Bout de Souffle Michel está dentro do carro com um plano aproximado de seu rosto. Nesta cena temos a sensação de sermos parte da ação pela proximidade. Somos cúmplices de Michel que acaba de roubar um carro. Como espectadores estamos ao seu lado e às suas costas, e podemos ouvir os seus pensamentos e reflexões, como se fôssemos a voz de sua consciência. É o único plano possível para o personagem que segue em seu solilóquio. Somos postos na cena junto da personagem. Michel fala para a câmera que está no banco da carona. Este plano aproximado transforma o espectador em comparsa. O plano aproximado também é usado na famosa cena em que Patricia, está em outro carro ao lado de Michel. A câmera foca o seu pescoço. Michel fala de Patricia por quem é apaixonado. Michel fala sobre a beleza de partes do seu corpo. A proximidade cria o tom de intimidade e obsessão presente em sua fala. A observação pelas costas dessa vez põe o espectador na posição de voyeur. Pois enquanto ele fala, somos nós que olhamos para o seu pescoço com olhar cirúrgico e invasivo.

Plano Geral

A cena em que Michel encontra Patricia à primeira vez é num plano geral em que a figura da heroína do filme aparece no meio do cenário da cidade gigantesca que a engole. Ela é apenas uma garota que vende jornais na rua e grita na esperança de conseguir alguns clientes. O plano geral é prova da importância que Patricia tem para Michel, mas que não se repete para a grandiosidade da sociedade. Ela é apenas mais uma figura frágil das grandes cidades. O grande plano apresenta Patricia e Paris. As duas serão focalizadas durante todo o filme. Da mesma forma que a garota aventureira que o irá acompanhar em sua jornada, Michel é apenas um marginal, uma criatura minúscula no meio de tanta informação visual. O grande plano dá a sensibilidade da insignificância das personagens diante do cenário grandioso. Só percebemos a profundidade desses indivíduos quando focalizados de perto. Para os pedestres que passam por eles, são apenas rostos não identificáveis no imenso panorama.

Plano Médio

Outro plano de destaque em À Bout de Souffle de Jean-Luc Godard, é o plano médio que diversas vezes flagra o casal a conversar nas ruas. Os dois estão próximos. Num mundo a parte. O plano médio em plena rua movimentada, destaca o casal no meio do vaivém da cidade e das pessoas. Eles estão a sós em seu próprio mundo e tem os seus próprios assuntos. Nunca são percebidos. A não ser por curiosos que vêem a câmera. Enquanto Michel pergunta a Patricia se ela dormiria com ele, os outros passam ao lado, a vida continua, nada muda, são apenas duas pessoas conversando. Michel com os seus óculos escuros não é o homem que está sendo procurado pela polícia, é apenas o namorado daquela garota.

Planos

Na cena mais longa de À Bout de Souffle, que acontece dentro do quarto de Patricia, temos o plano aproximado, o plano médio, e o plano americano. Eles estão presentes para contar a intimidade do casal e as suas divagações

1.4 Conclusão

À Bout de Souffle nos mostra este cineasta que vaga pelas ruas com uma câmera na mão, atrás do seu melhor ângulo, do melhor close, e com toda dificuldade de uma câmera balançando. A mesma câmera  que dá certa estabilidade e coerência ao que é contado. As opções estéticas surgem em uma época que se era necessário improvisar na falta de estrutura, e todas as decisões de escalas são tomadas dentro da imagética do filme, e que servem de amparo à narrativa.


1.5 Bibliografia


17. La Modernidad Cinematográfica Y Los Nuevos Cines, da obra Historia Del Cine de José Carlos Sánches Noriega (263-269)
Cinema Contemporâneo: Román Gubern, 1980. Salvat Editora do Brasil
Jacques Mandelbaum Coleção Grandes Realizadores, Cahiers du Cinéma, Edição exclusiva para o Jornal Público, 2018.
Luchino Visconti: Alain Sanzio / Louis Thirard, 1988. Publicações Dom Quixote

Luchino Visconti: Clareta Tonetti, 1983. Columbus Filmmakers

Um Corpo que Cai na Cama…

Uma estrela cadente
Uma boca que cala
Um corpo latente
Um lábio que estala

Um lençol que encobre
Uma bebida que derrama
Uma mão que descobre
Um corpo que cai na cama

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Amedrontado...

Eu tenho medo de ficar
Desempregado
Eu tenho medo de ser preso
Enganado
Eu tenho medo de morrer
Assassinado
Eu tenho medo de morrer
Atropelado

Eu tenho medo de ser traído
Chifrado
Eu tenho medo de morrer
Contaminado
Eu tenho medo de ficar
Amalucado
E de inválido ser
Internado

Eu tenho medo de…
Enlouquecer
Com todos esses medos
Que eu tenho de ter
Eu tenho medo de
Enlouquecer
Com todos esses medos
Que eu tenho de ter

Eu tenho medo de ter
Tudo roubado
Eu tenho medo de vivo
Ser enterrado
Eu tenho medo de me tornar
Um viciado
Eu tenho medo de morrer
Abandonado

Eu tenho medo de para uma guerra ser
Mandado
Eu tenho medo de que o meu país seja
Inundado
Eu tenho medo de por Deus
Ser castigado
Eu tenho tanto medo de quem vive
Amedrontado

Eu tenho medo de…
Enlouquecer
Com todos esses medos
Que eu tenho de ter
Eu tenho medo de…
Enlouquecer
Com todos esses medos
Que eu tenho de ter

domingo, 3 de maio de 2020

Eu Enfrentei o Temido Carapanã…

Enfrentei o temido Carapanã.
Tomei açaí, doce de Cupuaçu.
Peguei um enorme Matrinxã.
Devorei o suculento Pirarucu.
Café com farinha de Tapioca.
Provei da fruta, comi Pupunha.
E conheci um carioca...
de tudo vivi, nunca supunha.
perdido no Parque Industrial...
um fugitivo do Rio de Janeiro,
em pleno calor de Manaus...
tirando onda de pagodeiro.

Enfrentei o temido Carapanã.
E lutei com o bicho até de manhã.
Fui à Parintins e vivi o Boi.
Caprichoso e Garantido fui os dois.

A cabocla deu a cuia de Tacacá.
Conheci ribeirinho filho do boto.
Em Manacapuru comi Tracajá.
Caí da rede, não sou caboclo.
Põe Jambu no Pato ao Tucupi.
Faz mingau e frita a Pacovã.
E frito bom é o Tambaqui.
Na sobremesa põe Tucumã.
No som vai de Raízes Caboclas.
E Chico da Silva, poesia louca.
A castanha do sabor do Brasil.
No Amazonas só não passei foi frio...

Enfrentei o temido Carapanã.
E lutei com o bicho até de manhã.
Fui à Parintins e vivi o Boi.
Caprichoso e Garantido fui os dois.

sábado, 2 de maio de 2020

Só Vejo Gente…

Não vejo carro, não vejo chão
Não vejo hotel, vejo multidão
Não ouço tiro, não ouço apito
Não ouço sussurro, só ouço grito
Aonde está a lanterna? Eu não me lembro!
Só conheço cabeça, tronco e membro
Não jogo nada, nenhum passatempo
Só evito o volante em detrimento
Não sou elétrico ou à gasolina
Não tenho semáforo nem buzina
Não sei aonde fica o complexo
Só tenho reflexos, desconexos

Quando ando por aí, só vejo gente
Não vejo nada, só vejo gente

Não bebo combustível, eu bebo vinho tinto
Não perco bateria, acelera no que sinto
Não consumo nada, dentro do posto
Do que a frentista diz, só fica o rosto
Não me importo com a garagem ou com o usineiro
Tanto quanto me importo com a cara do porteiro
Nem com a multa nem com o cobrador
Só com o meu arranque e seja como for
Não me importo com o travão se abala
Só me importo com a placa, a expressão, e a fala
E não me importo com as placas do lugar
Só desejo a nobreza do exercício do olhar

Pois quando ando por aí, só vejo gente
Não vejo nada, só vejo gente