sábado, 8 de outubro de 2022

Eu preciso de um amigo

Eu preciso de um amigo como nunca fui. Um amigo que saiba ouvir com atenção e demonstre interesse no que digo, e me espere  terminar de falar. Um amigo que não tenha receitas de sucesso sobre como viver melhor. Um amigo que não brigue por opiniões políticas, religiosas, ou futebolísticas. E não se importe com o fato de eu não gostar de cerveja. Um amigo que se aproxime de mim nos meus momentos de ostracismo, e que não surja apenas quando eu estou a brilhar. Um amigo que veja o que fiz, para me estimular, e que não venha com merdas de dizer se acha bom ou ruim. Um amigo que faça contato para perguntar como estou, e não apenas quando precisa de ajuda. E que se eu contar a ele sobre uma música, um filme, ou o livro que li, ele não venha dizer que acha uma porcaria, e sim enxegue nisso a oportunidade de saber mais sobre algo que não lhe diz muito. Um amigo em que possa confiar para expor alguns segredos. Um amigo que me visite quando estiver hospitalizado. Um amigo que neste momento em que do décimo andar eu olho para baixo entre por aquela poeta e diga: "Por favor, não pule!"

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

O tio e a sobrinha

Sônia tem 16 anos. Seu tio tem João quarenta. Ela idolatra ao tio desde à infância. Diferente do seu pai, um barrigudo inútil. João é uma espécie de ator de série dos seus sonhos. A sua amiga Renata diz: "Você sente atração por homens velhos porque o seu pai te abandonou você quando criança." Sônia pensa que tudo isso é lixo da amiga chata que anda lendo demais. "Sônia... ele é irmão da sua mãe!", "Mas e se ele quiser algo comigo?" Sônia pergunta Renata responde: "Os homens estão programados para isso. E sempre querem uma menina nova e bonita igual você." João é normal. Não é um tipo de academia nem nada. Mas é bem apessoado e com bagagem intelectual. Sônia diz à Renata: "Eu só quero uma rapidinha com ele. Depois esqueço isso." Renata diz: "Ele vai à igreja...", "Mas não é fanático!" Sônia lembra de tudo isso sentada no vagão em frente ao João. Ela muda a voz para falar com o tio. Faz caras e bocas e abre mais as pernas para que a sua saia suba. Sônia adora quando o tio está elegantemente vestido de terno. Ela pensa que ele a olha, mas disfarça, e que por seu olhar se sente constrangido. Eles deixam o vagão e entram no carro. Sônia poê a mão no pescoço do tio e procura por sua boca. Ele diz a ela: "Nem pense nisso!" Ela estaca. O olhar dele é sério e impassível. Ela diz: "Desculpa, por favor... não conta..." O tio responde firme: "Esquece que isso aconteceu." Ele liga o carro.

Você consegue imaginar a vida sexual das outras pessoas?

Você consegue imaginar a vida sexual da pessoa sentada ao seu lado no ônibus? Ou por onde passou a mão do colega de trabalho que aperta a sua? A  boca que beija o seu rosto? Não, melhor não. Deixa, quieto. Pior seria se tivéssemos acesso às fantasias alheias. Pois, acredito eu, que o que  a maioria faz, não é nem metade do que faria se tivesse chance, e não fosse se comprometer com os julgamentos de Deus, com a vergonha, ou os dedos da família e dos vizinhos. Quantos ídolos, heróis, e santos cairiam se pudéssemos acessar os seus pensamentos! Consegue imaginar o seu pai com a sua mãe? O que eles pensavam no momento? Ou você como todo mundo é fruto de uma noite de amor com uma linda canção ao fundo e declarações poéticas? Você consegue imaginar um pai que vai comprar fraldas para o filho e que no caminho paga para fazer sexo oral num travesti? Consegue imaginar a mãe que vai com o pai à casa de swing para manter relações com um grupo de homens? A menina que sonha que algum dia o avô à leve para a cama? Ou a sobrinha que vive torcendo para que a tia perceba a sua excitação? Consegue imaginar a sua noiva ou o seu noivo... É bom que você seja muito tranquilo em relação a isso, para que não corra o risco de se decepcionar com os segredos e impulsos da natureza humana. Inclusive da sua. Caso contrário, é melhor parar por aqui. Vamos vivendo...

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Análise sociológica de redes sociais

nunca te vi na febre do rato. no cara a cara. desfilando no chão sem fantasia. nunca te vi empunhnado um microfone. carregando uma caixa de som. empurrando carro alegórico. nunca te vi levando dura encostado com as mãos para trás e a cara virada para o chão. nunca te vi sufocando com gás lacrimogêneo. confeccionando coquetel molotov. nunca te vi numa reunião. nunca te vi lendo um livro sentado no fundo de um ônibus. nunca te vi falando para meia-dúzia de gatos pingados. nunca te vi na pista. só te vi na quebrada em grandes eventos. eu vejo mais a Anitta na rua do que eu te vejo. nunca te vi num evento vazio. nunca te vi na subida do morro. sendo intimidado. eu só te vi nas festinhas com os seus amigos de barzinhos e metidos a intelectuais de faculdade... mas eu gosto da sua análise sociológica de redes sociais.

O clichê do medo paralisante

a família emocionalmente desequilibrada dentro do meio social decadente junto da predisposição genética podem deixar o indivíduo mais vulnerável a esses estímulos psicologicamente fragilizado. a civilização com as suas exigências e censuras ao comportamento humano que deseja obter prazer para alcançar a felicidade inalcançável como alivio do peso da existência com suas limitações inerentes podem piorar este quadro doentio. talvez o mundo moderno cheio de estímulos, informações velozes, e disputas tenda a fazer com que esse processo de degradação seja mais rápido do que em outras épocas da humanidade. a pessoa se vê no labirinto onde busca uma fuga para os seus dramas. E isso cria um quadro de ansiedade crônica, depressão, apatia, vícios, violência, fanatismo, ou suicídio. pois o paciente se vê prostrado dentro de um sistema que não sabe o que fazer com ele. daí vem o medo paralisante dos que têm consciência de quão complexo é o problema.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Viva o conservadorismo brasileiro!

Você precisa concordar que o povo brasileiro é conservador nos costumes. Pois o brasileiro dorme cedo, bebe apenas socialmente... uma ou duas taças de vinho no máximo!  Drogas: tô fora! Cerveja? Eca... bebida amarga que causa embriagez. A Ambev faliu. Fumaça só de fogueira de festa junina. Cigarro faz mal ao pulmão. Domingo é dia de missa ou culto às 6 e meia da manhã. Andamos sempre alinhados com o terno no corte e o cabelo à escovinha. Casamos virgens. Sexo só depois do casamento. As bocas de fumo, botecos, clínicas de aborto, e casas de massagem fecham por falta de público. Os travestis bocejam nas esquinas na esperança do próximo cliente. Nossos jovens sonham servir ao país através das nossas forças armadas e acordar com o toque da alvorada ao som das cornetas. Temos os nossos hinos pátrios todos decorados. Os nossos artistas mais populares pertencem à música erudita. E o melhor de tudo é que os nossos políticos tanto de esquerda quanto de direita têm suas condutas idôneas e ilibadas. Viva o conservadorismo brasileiro!

domingo, 2 de outubro de 2022

A Mentira nas Redes Sociais

Alguém está mentindo para você nas redes sociais neste momento. A menina de sua escola que você inveja, e que dentro de casa joga coisas no pai por ele não dar a ela dinheiro para comprar um vestido. O amigo musculoso e bem-sucedido que posa na praia ao lado da mulher para a qual você se masturba, mas que é traído por ela, e finge não ver com medo de perdê-la. O seu pastor que ontem estava com um travesti dentro do carro, com idade para ser neto dele, mas que vai condenar a homossexualidade no culto de hoje. A prima na foto da família perfeita em frente ao bolo de aniversário com uma úlcera nervosa e medo de não conseguir pagar as contas. A feminista que faz sexo com um homem contra a sua vontade a pedido de sua namorada que deseja assistir. O doutor da universidade que apoia determinado candidato sabendo que ele é corrupto, pois caso contrário não terá financiamento para a sua pesquisa. A senhora que recolhe animais nas ruas, mas que é cruel com a sua família, e que não cuida dos netos, para que a filha que não tem condições de pagar uma creche possa ir trabalhar, e que não socorreu a vizinha quando esta passou mal pois não queria gastar combustível. A vegana que pensa nos animais, mas joga os colegas de classe uns contra os outros para poder manter o domínio sobre a turma. A mulher que toda a semana pinta o cabelo, diz estar bem, e tira fotos felizes em bares, mas vive pensando em se mantar. A mãe que põe toda a família para dançar em frente a uma câmera, mas que humilha o marido dentro de casa na frente dos filhos por ele ganhar menos. O artista que compra seguidores e cliques. Todo mundo mente nas redes sociais. Assim como na vida. E se você não aceita que a mentira faz parte do comportamento humano, é porque o mentiroso é você.