sexta-feira, 8 de maio de 2020

João de Santo Cristo...

Quando a música é boa inspira uma nova crônica.
De João de Santo Cristo de Eduardo e Mônica.
De João de Santo Cristo de Maria Lúcia.
Obrigado a lutar sempre contra àquela súcia.
João de Santo Cristo de Duque de Caxias.
Nascido em meio ao dia a dia da periferia.
Umbigo enterrado na Baixada Fluminense.
Poderia ter crescido onde cresce muita gente.
Onde tem um quintal e um monte de parente.
O futuro não é mais como era antigamente.
João de Santo Cristo é um homem na estrada.
Caminhando por ruas que não foram asfaltadas.
João de Santo Cristo lá do Parque Lafaiete.
Bem antes do celular anterior à internet.
João de Santo Cristo como uma pedra rolante.
João de Santo Cristo gira na roda gigante.
Balão Mágico furado dentro da televisão.
Não morrer pela pátria ou viver sem razão.
Não consegue arrancar uma lágrima do João.
Das lágrimas do João não consta essa não.
João ouviu direto o mesmo disco de vinil.
Que girava, e girava, igual gira o Brasil.
Girava sem parar voltava ao mesmo lugar.
Não parava de cantar a minha pipa está no ar...
João assistiu às diretas, já! do seu país.
Quando o pai voltou pra casa João ficou feliz.
Com poucos anos de idade João foi morar na Penha.
Presenciou o milagre de uma história sem resenha.
João de Santo Cristo que nunca foi instruído.
Hoje em dia é um mambembe um total desconhecido.
Da Periferia João foi para o subúrbio.
Cem léguas, duzentas jardas, João corria sem estudo.
João de Santo Cristo poderia ter morrido. 
Teve amigo e primo seu que também virou bandido.
João de Santo Cristo conheceu a Vila Mimosa.
João de Santo Cristo frequentou o Bar da Rosa.
João de Santo Cristo que vivia no Mangue.
Assim como Bob Marley também foi um tuff gong.
Caminhando e cantando e seguindo a canção…
Trovador solitário João e o seu violão.
João vai sem lenço e sem documento.
E sabe como é bom poder tocar um instrumento.
Obrigado aos artistas que serviram de inspiração.
Duvido que você... conheça alguma citação?
Um pinguinho de tinta num pedacinho azul do papel.
João, a viola, e Deus, saiu como um menestrel.

A Bunda Dela...

Essa é para a bunda dela que nós vamos cantar
Pois num é que a bunda dela tem pairado no ar
E a bunda dela tem pairado sobre nós…
Posso ouvir a bunda dela, posso ouvir a sua voz
Mas assopra a bunda dela que a gente canta
Para aquela bunda dura, empinada e branca
A bunda dela está em várias casas em várias mansões
Em programas de fofoca em mil e uma edições
A bunda dela vem que vem, vem na capa do jornal.
A bunda dela é notícia aqui no diário local
A bunda dela que surgiu dentro de uma mini-série
A bunda dela dia desses ainda será clonada em série
A bunda dela é tão bonita às cinco horas da tarde
Enquanto o diretor grita corta para a segunda parte!
Igual a um gol mil vezes vendo aquela cena
Ela vai ficar pelada a gente corre para o cinema
Ele me mostra a bunda dela dentro da favela
E pelo aplicativo ele repassa a bunda dela
A bunda dela ocupa todo o espaço virtual
A bunda dela é um viral em rede social
A bunda dela é a mais procurada na busca
A bunda dela ultrapassou aquele filme da Xuxa...
A bunda dela no jornal que forra o chão do banheiro
A bunda dela inspiração para o uma porção de gaiteiros
A bunda dela tem desperdiçado muito esperma
Espatifado em ladrilho deixando marcas eternas
A bunda dela no recreio no meio do pátio…
A bunda dela que vai num radinho de pilha portátil
A bunda dela no cinema ocupando toda tela
A bunda dela no cenário numa cena de novela
A bunda dela é uma bunda que vale caro seguro
A bunda dela é uma bunda que tem maior futuro
A bunda dela percorreu uma longa trajetória
Em apenas um minuto conseguiu entrar para a história
O namorado ficou enciumado, mas a bunda é dela!
Ele na tevê vai ter de terminar com ela!
A bunda dela traz problema a bunda dela dá dinheiro
A bunda dela fala muito a bunda dela vem primeiro
A bunda dela finalmente conseguiu ficar famosa
E famosa a bunda dela fica ainda teve até menção honrosa
A mulher tem ciúme daquela bunda dela
E alguns homens morreriam para poder ficar com ela
A bunda dela merece tem de ganhar um prêmio
Ou então algo do gênero pago por um senhor do engenho
Todo o povo da rua quer malhar o Judas
Mas não há uma única alma que não pensa naquela bunda
A bunda dela é um parâmetro que nos serve de modelo
E para cada carne nova há sempre um novo tempero
A bunda dela é quem manda na passarela do samba
O que eram cinco minutos se multiplicam com tanta fama
E quem sabe um busto homenageie a bunda dela
E o sonho de uma vida toda pode ser atrelado a ela
A bunda dela para sempre será uma musa
Cantada em verso e prosa em poemas e música
E você há de dizer quem poderá esquecer…
Aquela bunda!

quinta-feira, 7 de maio de 2020

História Com H…

História imprevisível com final inexequível
Para aquele que fica o roteiro aqui é crível
Não há nada de novo e nem de diferente
É apenas mais um corpo que cai no meio de toda gente

O ouro e a prata viraram o cobre e a lata
E o cão de raça um pobre de um vira lata
O piloto de fuga com o carro mais possante
Não passa de um meliante autuado em flagrante

Nessa história o mocinho sempre morre no final
E não há glamour nenhum em ser capa de jornal

No clímax da história existe uma grade
Um sonho de liberdade e um choro de saudade
E o que sempre vai ficar como uma herança
É esse pranto de mãe e esse choro de criança

Muda o artista e muda o roteirista
Mas a história é a mesma nem é preciso pesquisa
Não vai nem ser preciso mudar o cenário
Sempre tem um novo ator e um pobre milionário

Nessa história o mocinho sempre morre no final
E não há glamour nenhum em ser capa de jornal

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Meditação…

Fique em silêncio
Feche bem os seus olhos
Esqueça o passado
O futuro
Esvazie a mente
Mantenha-se no presente
Respire
Concentre-se em sua respiração
No ar que entra e saí dos seus pulmões
Suavemente…

Ela Pensou que Era Caô

Ela sentiu um gosto estranho
Naquele Beijo
Ela pensou que era tamanho
O meu desejo
E perguntou quanto eu ganho
O que eu vejo
É que nessas coisas de antanho
Eu me revejo

Ela pensou que era caô
O que eu só faço por amor
Ela pensou que era caô
O que eu só faço por amor

Eu dei uma de bonachão
Ela sentiu
Eu cantei uma canção
Ela pediu
Falei do meu coração
Ela partiu
O meu aceno com a mão
Ela não viu

Ela pensou que era caô
O que eu só faço por amor
Ela pensou que era caô
O que eu só faço por amor

terça-feira, 5 de maio de 2020

Análise das Técnicas de Câmera e Iluminação em À Bout de Souffle de Jean-Luc Godard

Índice


1.2 Introdução


1.3 Desenvolvimento


1.4 conclusão


1.5 Bibliografia



1.2 Introdução

O presente trabalho tem por objetivo traçar um panorama sobre as técnicas de câmera e iluminação apresentadas no filme À Bout de Souffle de Jean-Luc Godard. Uma longa metragem símbolo da Nouvelle Vague francesa. Para falar sobre a obra de Godard é preciso lembrar o contexto em que ela foi realizada. A Nouvelle Vague francesa, uma das vanguardas mais importantes das novas vagas mundiais. Assim como o seu antecessor o Neo-realismo italiano, e o seu contemporâneo, o Cinema Novo brasileiro; são movimentos que enfrentaram a carência de recursos. Os filmes desses movimentos eram produzidos com pequenas equipes e exibidos majoritariamente em cineclubes e festivais. Os seus planos de rodagens eram bastante delimitados. As necessidades levavam a muitas saídas criativas. Os filmes eram feitos basicamente de cenas externas e possuíam forte ligação com o cinema documental. Não contavam com figurantes e grandes cenários. O improviso era regra. A assistência dos filmes pertencia a um grupo mais aberto as inovações. O público era frequentador de cineclubes e leitor de revistas de cinema. E muitos dos realizadores escreviam para revistas especializadas e organizavam cineclubes. Assim como Godard que pertencia ao quadro de críticos da Cahiers du Cinéma. À Bout de Souffle, inspirado num argumento de Francoise Truffaut foi rodado em duas semanas, com Godard escrevendo os diálogos para os atores durante os dias de filmagens. Assim como aconteceu no anterior La Terra Trema de Luchino Visconti, filme pertencente ao Neo-Realismo italiano. “Um orçamento de um terço do que era prática na altura, uma equipa reduzida, um “desenrascanço” constante: travelling feito a partir de uma cadeira de rodas, a transformação de uma película cinematográfica ultra sensível, a câmara escondida no triciclo de um carteiro e um excelente conhecimento do terreno.”  (Mandelbaum, 2007,  pg.17).  É possível ver os transeuntes olhando para a câmera. Assistindo ao que acontece. Na última cena em que Michel é atingido pelo policial, é possível ver a normalidade ao redor. Mas é perceptível que tudo são dificuldades inseridas no contexto fílmico, o que faz com que ainda hoje falemos de  À Bout de Souffle.

1.3 Desenvolvimento

Plano Aproximado

Numa das primeiras cenas de À Bout de Souffle Michel está dentro do carro com um plano aproximado de seu rosto. Nesta cena temos a sensação de sermos parte da ação pela proximidade. Somos cúmplices de Michel que acaba de roubar um carro. Como espectadores estamos ao seu lado e às suas costas, e podemos ouvir os seus pensamentos e reflexões, como se fôssemos a voz de sua consciência. É o único plano possível para o personagem que segue em seu solilóquio. Somos postos na cena junto da personagem. Michel fala para a câmera que está no banco da carona. Este plano aproximado transforma o espectador em comparsa. O plano aproximado também é usado na famosa cena em que Patricia, está em outro carro ao lado de Michel. A câmera foca o seu pescoço. Michel fala de Patricia por quem é apaixonado. Michel fala sobre a beleza de partes do seu corpo. A proximidade cria o tom de intimidade e obsessão presente em sua fala. A observação pelas costas dessa vez põe o espectador na posição de voyeur. Pois enquanto ele fala, somos nós que olhamos para o seu pescoço com olhar cirúrgico e invasivo.

Plano Geral

A cena em que Michel encontra Patricia à primeira vez é num plano geral em que a figura da heroína do filme aparece no meio do cenário da cidade gigantesca que a engole. Ela é apenas uma garota que vende jornais na rua e grita na esperança de conseguir alguns clientes. O plano geral é prova da importância que Patricia tem para Michel, mas que não se repete para a grandiosidade da sociedade. Ela é apenas mais uma figura frágil das grandes cidades. O grande plano apresenta Patricia e Paris. As duas serão focalizadas durante todo o filme. Da mesma forma que a garota aventureira que o irá acompanhar em sua jornada, Michel é apenas um marginal, uma criatura minúscula no meio de tanta informação visual. O grande plano dá a sensibilidade da insignificância das personagens diante do cenário grandioso. Só percebemos a profundidade desses indivíduos quando focalizados de perto. Para os pedestres que passam por eles, são apenas rostos não identificáveis no imenso panorama.

Plano Médio

Outro plano de destaque em À Bout de Souffle de Jean-Luc Godard, é o plano médio que diversas vezes flagra o casal a conversar nas ruas. Os dois estão próximos. Num mundo a parte. O plano médio em plena rua movimentada, destaca o casal no meio do vaivém da cidade e das pessoas. Eles estão a sós em seu próprio mundo e tem os seus próprios assuntos. Nunca são percebidos. A não ser por curiosos que vêem a câmera. Enquanto Michel pergunta a Patricia se ela dormiria com ele, os outros passam ao lado, a vida continua, nada muda, são apenas duas pessoas conversando. Michel com os seus óculos escuros não é o homem que está sendo procurado pela polícia, é apenas o namorado daquela garota.

Planos

Na cena mais longa de À Bout de Souffle, que acontece dentro do quarto de Patricia, temos o plano aproximado, o plano médio, e o plano americano. Eles estão presentes para contar a intimidade do casal e as suas divagações

1.4 Conclusão

À Bout de Souffle nos mostra este cineasta que vaga pelas ruas com uma câmera na mão, atrás do seu melhor ângulo, do melhor close, e com toda dificuldade de uma câmera balançando. A mesma câmera  que dá certa estabilidade e coerência ao que é contado. As opções estéticas surgem em uma época que se era necessário improvisar na falta de estrutura, e todas as decisões de escalas são tomadas dentro da imagética do filme, e que servem de amparo à narrativa.


1.5 Bibliografia


17. La Modernidad Cinematográfica Y Los Nuevos Cines, da obra Historia Del Cine de José Carlos Sánches Noriega (263-269)
Cinema Contemporâneo: Román Gubern, 1980. Salvat Editora do Brasil
Jacques Mandelbaum Coleção Grandes Realizadores, Cahiers du Cinéma, Edição exclusiva para o Jornal Público, 2018.
Luchino Visconti: Alain Sanzio / Louis Thirard, 1988. Publicações Dom Quixote

Luchino Visconti: Clareta Tonetti, 1983. Columbus Filmmakers

Um Corpo que Cai na Cama…

Uma estrela cadente
Uma boca que cala
Um corpo latente
Um lábio que estala

Um lençol que encobre
Uma bebida que derrama
Uma mão que descobre
Um corpo que cai na cama