Ainda sobre o impacto da morte do rapaz congolês ao ouvir às notícias soube que ele morava nas 5 Bocas em Brás de Pina. Quebrada com a qual tínhamos alguma intimidade, e que até um dia desses estava sofrendo com extremistas cristãos, impulsionados provavelmente por Bolsonaro, pastores de extrema-direita e o se fetiche com a bandeira de Israel, segundo notícias que me chegam, como diria o ilustre Sérgio Cabral Filho. Sobre o sofrimento de sua pátria, e com as terríveis colonizações, ele citou ainda o clássico Coração das Trevas, de Joseph Conrad, que inspirou o filme Apocalipse Now de Francis Ford Copolla, e que é um dos meus livros preferidos. E acrescento à lista O Sonho de Celta de nosso orgulho latino Mario Vargas Llosa, e que nós lemos recentemente aqui em casa. Outra coisa que eu não sabia, era que o quiosque demoníaco levava o nome da nossa querida Tropicália, e que entre os agressores, havia, só para variar, gente das nossas violentas forças de insegurança. E não posso esquecer dos milhares de linchamentos e execuções com os quais não aprendi a conviver.
domingo, 6 de fevereiro de 2022
Escrevo porque preciso
Ainda havia café, pão com manteiga, arroz, feijão e ovo. A casa cheirava à morte, solidão e carestia. Todo mundo tinha ido embora e eu dormia no chão frio em cima de um lençol com o qual tentava me cobrir. Esqueceram um computador velho com algumas teclas faltando e sem internet. Eu olhava para ele e pensava: “O que posso fazer com isso?” Então escrevi o meu primeiro romance. E lembrei… Shakespeare escrevia por encomenda para sobreviver. Balzac com os credores à sua porta. Dostoiévski, idem. Salinger no campo de batalha. James Joyce com dores terríveis nas costas. Céline com dores, e zumbido no ouvido, mal conseguia dormir por causa das sequelas da guerra. O apagado Proust, como o descreveram, escreveu sua obra numa cama convalescendo. John Fante já debilitado e amputado por causa do diabetes, cego, ditava para a esposa. Lima Barreto bêbado e ignorado pelos baluartes da literatura brasileira, escrevia no hospício. Bukowski, alcoólatra convicto dizia que escrevia para não enlouquecer. Henry Miller esmolava em Paris. Nietzsche sentia dores inimagináveis a maior parte do ano, e ignorado pagou de seu bolso suas últimas edições. Esses são os meus heróis. Dificuldades não são pedras de tropeço, e sim gasolina para a minha inspiração. Eu não escrevo porque eu quero. Eu escrevo porque eu preciso.
sábado, 5 de fevereiro de 2022
Irvine Welsh
Eu li Trainspotting e disse, Irvine
Welsh não vai conseguir escrever um livro melhor que esse. Aí apareceu o Porno,
e eu não ia ler porque esse negócio de continuação não dá certo. Mas adorei, e volta
e meia eu me lembro dele. É claro que Trainspotting é o terror, pois é o
primeiro; sopro, vômito, gozo. Depois eu li o livro dos
cozinheiros que trata da inveja, e eu pensava que ele não ia conseguir fugir
daquele mundo onde havia se enfiado, e me surpreendi, novamente. E agora cai em
minhas mãos este Ectasy, que também eu me recusei a ler, pois é um que contém
três estórias curtas, e poucos são os autores que conseguem me convencer com suas estórias curtas. Novamente quebrei a cara. Pirei
com o livro, pois mostra o ser humano como ele é, e não como nas literaturas de compadres e comadres. Foda!
Amigos Patriotas
Amigos patriotas, mudança de planos. O Trump agora está defendendo a vacinação porque os seus eleitores estão morrendo e ele não terá quem vote nele nas próximas eleições. Bora nos vacinar para podermos votar em Bolsonaro 2022. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!
A namorada do jogador
O cara joga bola e a namorada dele que não consegue correr cem metros, não pode dar um peido em seu castelo que fica todo mundo sabendo. Eu tenho pena é desses pobres que consomem estas notícias; eles têm caganeira, diarreia, e não aparece um jornalista com um copo de soro caseiro.
Letras de músicas brasileiras
Pouca leitura, nenhuma educação,
muitacachaça, e muita internet.
Letra na música popular brasileira?
Ninguém merece, então, esquece!
Seja no samba, no rock, ou na MPB,
no funk, sertanejo, ou no tal hip-hop.
Vejo surgir uma porção, muita gente,
mas nada inteligente, realmente top.
O que tem é discurso e bom blablablá,
muita conversa fiada, e perfumaria.
O meu coração precisa é de choque,
ele deseja berrar: "Isso, sim, é poesia!"
Os últimos tem mais de cinquenta.
Poucos do inicio dos anos noventa.
Os outros estão com setenta, oitenta,
até quando será que esta gente aguenta?
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022
O Brasil tem um problema
O imbróglio do Brasil é tão grande que as pessoas (sabiamente) estão lutando contra uma injustiça que aconteceu agora, e já esqueceram os inúmeros assassinatos anteriores que ainda não foram resolvidos. Enquanto existirem casos em aberto e questões não respondidas isso nunca vai diminuir. A questão está além do racismo e do preconceito de quem quer que seja. Essas lutas são autênticas, mas a cova brasileira é bem mais profunda. Os negros americanos têm problemas com o racismo. O povo brasileiro tem o racismo e todos os outros tipos de problemas. O país tem um sistema de justiça historicamente falido que privilegia quem paga e faz com que a agressividade fique entranhada na pele de quem sabe que não será punido.