segunda-feira, 11 de maio de 2020

Pós-Pandemia!

Você conseguiu levar a quarentena bem?  No começo não… Mas depois eu me acostumei. Acho que este tempo trancada em casa me fez pensar sobre algumas coisas. Que tipo de coisas? Eu tinha tanta pressa para tudo, e de repente veio algo que envolveu todo o mundo, e me mostrou que a minha pressa e desespero não faziam sentido.
Eu também estava tão preocupado… Eu nunca fiquei em casa tanto tempo. Eu li mais, assisti mais filmes e fiz mais exercícios na escada do que na academia. O mundo podia ser assim, menos violência, poluição e acidentes. Temos de ter a semana de isolamento social todo ano! Isso, parar e fazer um balanço! Concordo. E quando vamos nos ver? O mais rápido possível. Agora você vai ter tempo? Agora eu vou ter tempo. Não quero mais perdê-lo. Eu tive tempo suficiente para pensar! Ufa!

Dois Ouvidos e Uma Paixão...

Eu vou Como Uma Onda
Com as Águas de Março,
Com as Cordas de Aço
Com os Nervos de Aço
No Estácio, Holly Estácio
Sentado À Beira do Caminho
Eu sou um Homem na Estrada
O Quê Será Que Será?
Eu vou num Táxi Lunar
Para Um Bom Lugar

Eu tenho dois olhos
E um só coração
Para dois ouvidos
E uma paixão

Na Lanterna dos Afogados
Eu sou o Maior Abandonado
Do Faroeste Caboclo
Desse meu Ouro de Tolo
Eu sou Asa Branca
Dentro dessa Construção
Desse teu Papel de Pão
Desse Luar do Sertão
Dessa Anunciação

Eu dois olhos 
E um só coração
Para dois ouvidos
E uma paixão

Ela Vai Chegar Agora…

Ela vive no mundo do centro da cidade.
Ela é a minha visão da Avenida Rio Branco.
Deve ter 50 anos, ou mais, quem sabe.
Penso nisto parado na fila do banco.

Ela é discreta com uma postura ereta.
Desfila segura em cima de um salto.
Eu sei a hora que ela vem almoçar,
O coração avisa num sobressalto.

Não sei se vem a pé,
se vem de carro,
ou de metrô.
Sei, foi ela quem me encontrou.
Não sei se é secretária,
executiva, ou funcionária,
ela ainda não me contou.

Um dia desses uma sessão no Odeon.
Depois do filme um chopp no Amarelinho.
Ou quem sabe à noite ir à praia no Leblon.
Foi ela quem parou no meio caminho.

Ouça Sete de Setembro e Rua do Ouvidor.
Não sei de onde ela vem ou onde mora.
Cada segundo é uma imensa demora.
Está na hora ela desceu do táxi agora.

Não sei se vem a pé,
se vem de carro,
ou de metrô.
Sei, foi ela quem me encontrou.
Não sei se é secretária,
executiva, ou funcionária,
ela ainda não me contou.

sábado, 9 de maio de 2020

Argentina...

Os teus olhos verdes na vitrine
Os meus olhos vermelhos em você
Os frascos de vidro na prateleira
Frágeis, talhadas em madeira

Os perfumes são tão caros
E os amores são tão raros
Assim como os santos de capela
E os atores de fotonovela

Mas se toda menina argentina
Fosse latina, assim, como você
Veria que o mundo é o mundo
E que nós temos sido tudo o que se pode ser

Àquela atriz da capa da revista
A essência que arde na minha vista
No teu jeito já sem jeito
Com a minha visita

No teu anel de prata
No meu brinco de ouro
No leão da quinta casa
Do teu ascendente em touro

Mas se toda menina argentina
Fosse Latina, assim, como você
Veria que o mundo é o mundo
E que nós temos sido tudo o que se pode ser

As meninas do colégio
Que fica bem em frente, aqui
Elas almejam imitar
O teu jeito de sorrir

Nem os teus pés muito brancos
Nem o meu escuro paletó
Nada me incomoda tanto
Quanto o medo de viver só

Mas se toda menina argentina
Fosse latina assim como você
Veria que o mundo é o mundo
E que nós somos tudo o que se pode ser

Mas esse teu cheiro
Ainda é o que nos une
E não ninguém há no mundo
Que tenha o teu perfume

Que me lembra daquele tempo
Em que o mundo era mais lento
Em que se havia menos sonhos
Porém menos sofrimento

sexta-feira, 8 de maio de 2020

João de Santo Cristo...

Quando a música é boa inspira uma nova crônica.
De João de Santo Cristo de Eduardo e Mônica.
De João de Santo Cristo de Maria Lúcia.
Obrigado a lutar sempre contra àquela súcia.
João de Santo Cristo de Duque de Caxias.
Nascido em meio ao dia a dia da periferia.
Umbigo enterrado na Baixada Fluminense.
Poderia ter crescido onde cresce muita gente.
Onde tem um quintal e um monte de parente.
O futuro não é mais como era antigamente.
João de Santo Cristo é um homem na estrada.
Caminhando por ruas que não foram asfaltadas.
João de Santo Cristo lá do Parque Lafaiete.
Bem antes do celular anterior à internet.
João de Santo Cristo como uma pedra rolante.
João de Santo Cristo gira na roda gigante.
Balão Mágico furado dentro da televisão.
Não morrer pela pátria ou viver sem razão.
Não consegue arrancar uma lágrima do João.
Das lágrimas do João não consta essa não.
João ouviu direto o mesmo disco de vinil.
Que girava, e girava, igual gira o Brasil.
Girava sem parar voltava ao mesmo lugar.
Não parava de cantar a minha pipa está no ar...
João assistiu às diretas, já! do seu país.
Quando o pai voltou pra casa João ficou feliz.
Com poucos anos de idade João foi morar na Penha.
Presenciou o milagre de uma história sem resenha.
João de Santo Cristo que nunca foi instruído.
Hoje em dia é um mambembe um total desconhecido.
Da Periferia João foi para o subúrbio.
Cem léguas, duzentas jardas, João corria sem estudo.
João de Santo Cristo poderia ter morrido. 
Teve amigo e primo seu que também virou bandido.
João de Santo Cristo conheceu a Vila Mimosa.
João de Santo Cristo frequentou o Bar da Rosa.
João de Santo Cristo que vivia no Mangue.
Assim como Bob Marley também foi um tuff gong.
Caminhando e cantando e seguindo a canção…
Trovador solitário João e o seu violão.
João vai sem lenço e sem documento.
E sabe como é bom poder tocar um instrumento.
Obrigado aos artistas que serviram de inspiração.
Duvido que você... conheça alguma citação?
Um pinguinho de tinta num pedacinho azul do papel.
João, a viola, e Deus, saiu como um menestrel.

A Bunda Dela...

Essa é para a bunda dela que nós vamos cantar
Pois num é que a bunda dela tem pairado no ar
E a bunda dela tem pairado sobre nós…
Posso ouvir a bunda dela, posso ouvir a sua voz
Mas assopra a bunda dela que a gente canta
Para aquela bunda dura, empinada e branca
A bunda dela está em várias casas em várias mansões
Em programas de fofoca em mil e uma edições
A bunda dela vem que vem, vem na capa do jornal.
A bunda dela é notícia aqui no diário local
A bunda dela que surgiu dentro de uma mini-série
A bunda dela dia desses ainda será clonada em série
A bunda dela é tão bonita às cinco horas da tarde
Enquanto o diretor grita corta para a segunda parte!
Igual a um gol mil vezes vendo aquela cena
Ela vai ficar pelada a gente corre para o cinema
Ele me mostra a bunda dela dentro da favela
E pelo aplicativo ele repassa a bunda dela
A bunda dela ocupa todo o espaço virtual
A bunda dela é um viral em rede social
A bunda dela é a mais procurada na busca
A bunda dela ultrapassou aquele filme da Xuxa...
A bunda dela no jornal que forra o chão do banheiro
A bunda dela inspiração para o uma porção de gaiteiros
A bunda dela tem desperdiçado muito esperma
Espatifado em ladrilho deixando marcas eternas
A bunda dela no recreio no meio do pátio…
A bunda dela que vai num radinho de pilha portátil
A bunda dela no cinema ocupando toda tela
A bunda dela no cenário numa cena de novela
A bunda dela é uma bunda que vale caro seguro
A bunda dela é uma bunda que tem maior futuro
A bunda dela percorreu uma longa trajetória
Em apenas um minuto conseguiu entrar para a história
O namorado ficou enciumado, mas a bunda é dela!
Ele na tevê vai ter de terminar com ela!
A bunda dela traz problema a bunda dela dá dinheiro
A bunda dela fala muito a bunda dela vem primeiro
A bunda dela finalmente conseguiu ficar famosa
E famosa a bunda dela fica ainda teve até menção honrosa
A mulher tem ciúme daquela bunda dela
E alguns homens morreriam para poder ficar com ela
A bunda dela merece tem de ganhar um prêmio
Ou então algo do gênero pago por um senhor do engenho
Todo o povo da rua quer malhar o Judas
Mas não há uma única alma que não pensa naquela bunda
A bunda dela é um parâmetro que nos serve de modelo
E para cada carne nova há sempre um novo tempero
A bunda dela é quem manda na passarela do samba
O que eram cinco minutos se multiplicam com tanta fama
E quem sabe um busto homenageie a bunda dela
E o sonho de uma vida toda pode ser atrelado a ela
A bunda dela para sempre será uma musa
Cantada em verso e prosa em poemas e música
E você há de dizer quem poderá esquecer…
Aquela bunda!

quinta-feira, 7 de maio de 2020

História Com H…

História imprevisível com final inexequível
Para aquele que fica o roteiro aqui é crível
Não há nada de novo e nem de diferente
É apenas mais um corpo que cai no meio de toda gente

O ouro e a prata viraram o cobre e a lata
E o cão de raça um pobre de um vira lata
O piloto de fuga com o carro mais possante
Não passa de um meliante autuado em flagrante

Nessa história o mocinho sempre morre no final
E não há glamour nenhum em ser capa de jornal

No clímax da história existe uma grade
Um sonho de liberdade e um choro de saudade
E o que sempre vai ficar como uma herança
É esse pranto de mãe e esse choro de criança

Muda o artista e muda o roteirista
Mas a história é a mesma nem é preciso pesquisa
Não vai nem ser preciso mudar o cenário
Sempre tem um novo ator e um pobre milionário

Nessa história o mocinho sempre morre no final
E não há glamour nenhum em ser capa de jornal