sexta-feira, 26 de outubro de 2018

As Guerreiras da Cinelândia...

Afastei todas as bandeiras que vi pelo caminho. Até que conseguimos atravessar o mar de gente e chegar ao meio dos acontecimentos. Dei uma olhada ao redor e a multidão era formada por gente de todas as idades, cores e estilos. Ao meu lado direito havia um teatro com sua cúpula dourada que o fazia parecer um castelo imponente. À minha frente, atrás do grande carro estava o palácio. Lentes apontavam para pessoas em suas escadarias. Eu pensava se eles iam assistir àquelas imagens e analisar os fatos. O prédio velho lembrava Edson Luís que morreu no calabouço de um lugar assim. Recordei noventa e dois quando também estive por lá. O colorido das bandeiras e roupas, e a diversidade de ideologias e crenças me fez crer que ali havia uma interseção. As cores lembravam a primavera de sessenta e oito. Só que agora era diferente. Lá em cima do carro estavam somente mulheres num contra-plongée. No topo de tudo. Mulheres diferentes umas das outras. Mulheres negras. Mulheres brancas. Eu tentava recordar ocasião igual àquela. A frase do menestrel sobre o macho adulto branco sempre no comando perdera o sentido. Elas deixavam bem claro que estavam lutando por todos. Eram mães, mulheres, filhas, e de todas as religiões. Lá em cima não havia uma bandeira. O discurso era seguido como um mantra, uma oração... E as pessoas repetiam as frases no mesmo estribilho... E de repente ecoavam gritos que revitalizavam a energia do ambiente. O coro de palavras confortadoras vinha de um lugar onde todos seriam iguais. E no céu zumbia o mosquito de metal. E de repente todo mundo gritava aquela frase que era uma negação, mas que soava como uma afirmação: “Ele não! Ele não!” Todos cerravam os punhos. As pessoas apontavam para o mosquito de metal e gritavam para ele: “Ele não! Ele não!” Eu acreditei que tanto o piloto como o homem das lentes ouviam o coro. Um grupo de mulheres de perna de pau ficou à frente do grande carro, foram feitos pedidos para a que a multidão permitisse a sua passagem, e todos foram caminhando... Quando saímos ela disse: “Colaram algo em suas costas.” Era a foto de um homem com um número. Eu tirei a foto da camisa e joguei no lixo. O carro aos poucos começou a se distanciar. E para nós, os outros; que estavam ali, e que eram filhos, netos, e pais… aquela talvez fosse a última esperança.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Ídolos...

Quando uma pessoa descobre que os seus homens santos pecam, que os seus heróis são corruptos, e que os seus ídolos são mercenários... Ela entra em desespero. Pois nós precisamos de uma referência. É curioso que numa época em que é total a escassez desses indivíduos, nós tenhamos produzido tantos ídolos de farinha na ânsia de substituí-los. E eles não resistem a um cafuné. A um agrado. Um afago. Um presentinho. Uma piscadela. Essa escassez é o que gera todos esses perfis falsos em todas as áreas, tanto na arte, quanto na política, no esporte, pensamento ou religião. Quando aconteceu comigo eu também me desesperei. Mas continuo procurando. Aliás, nós precisamos... né?

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Status-Político...

Político brasileiro de qualquer esfera terá direito a um salário mínimo, cartão alimentação e bilhete de passagem. Ele será assalariado e terá os mesmos direitos que a maior parte da população. Ele e sua família durante o seu mandato terão que utilizar os serviços públicos de educação, saúde, segurança, e transportes. E nada de festas, cerimônias, títulos, e bonificações. Quando precisar se deslocar a trabalho ele viajará na classe econômica. E não haverá mais luxo em prédios públicos. Acabar com o status político talvez seja um caminho...

domingo, 21 de janeiro de 2018

Tenha Cuidado Com A Lavagem Cerebral...

Tenha muito cuidado com a lavagem cerebral. Muitas são as suas vítimas e isso independe de nível econômico ou educacional. Ela chega através de um sacerdote, político, professor, ou artista. Contém alguma ideia religiosa, de movimento social, cultural, ou político. Eles invadem a sua mente e roubam a sua subjetividade. Você não tem que ter uma resposta de quem você é na ponta língua. Você não é obrigado a se identificar com alguém ou grupo. Os grupos, pessoas, e ideias, não são soberanos e têm suas contradições. As pessoas que seguimos também têm suas necessidades de afirmação. Ainda mais se elas vivem não para aquelas ideias, mas daquelas ideias... é possível que nos decepcionem. Eles nos traem, mentem, e nos exploram. E, ou ficamos decepcionados, ou vivemos até o fim da vida uma mentira. Falo por experiência própria. Eu creio que aceitar a contradição seja um princípio básico da filosofia. Ouça todo o tipo de música, leia tudo, converse com todo mundo, e tire as suas próprias conclusões. Não tenha medo de mudar, de pensar outra coisa, não se apegue às ideias como muletas. Não se preocupe em ficar do lado certo. A história do mundo segue, e depois que ela passa, às vezes fica até difícil identificar quem era o mocinho e quem era o bandido. Não vamos desperdiçar nossas vidas com modismos e corriolas de momento. Uma vida pode ser única e plena em experiência. Eu vou tentar também...

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Na Rua...

Na rua uns tarados, humanos violentos.
Na rua tem ladrão, engarrafamento.
Na rua tem traveco, na rua tem puta.
Na rua tem drogado, na rua tem biruta.
Na rua o gosto amargo, na rua da amargura.
Na rua insanidade, a rua da loucura.
Na rua homem honesto, na rua desonesto.
Na rua tem modelo, na rua tem o resto.
Na rua não há tempo, a rua é correria.
A rua é pra bandido, a rua pra vadia.
Na rua das câmeras, nas ruas da cidade.
Na rua o desapego, na rua falsidade.
Na rua do cão… Levanta a mão!
Na rua do egoísmo… se joga no chão.
Na rua da prisão, na rua do cárcere.
Na rua da desova, na rua vai célere.
Na rua o que mais tem é gente nua.
Quem cultua a rua acaba na rua.
Na rua o meu passo, acelerado.
Na rua que eu passo, apressado.
Na rua jogam lixo.
Na rua viram bicho.
Na rua do valão.
Na rua do lixão.
Na rua dos crackudos.
Na rua tem de tudo.
Na rua da biqueira,
e das moscas varejeiras.

Hino...

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
No rosto o medo a expressão, é trágica
De um povo heróico brado retumbante
Onde moleques são ladrões ou traficantes
O sol da liberdade em raios fulgidos
Onde pretos permanecem sendo súditos
Brilhou no céu da pátria nesse instante
Um tiro de fuzil som de traçante
Se o penhor dessa igualdade
Não conseguimos conquistar nem com a morte
Em teu seio oh liberdade
Eu lhe peço que a minha nunca corte
Oh Partia Amada
Violentada
O alvo salve... O alvo salve
Brasil um sonho intenso um raio vívido
Mas saúde educação nunca é o mínimo
De amor e de esperança a terra desce
Criança faz criança nunca cresce
Se em teu formoso céu risonho e límpido
Que a paz reine em teu sistema límbico
A imagem do cruzeiro resplandece
Aqui embaixo tudo fosco escurecesse
Gigante pela própria natureza
É feliz, mas é cheio de tristeza
És belo és forte impávido colosso
E tem gente por aqui roendo osso
O teu futuro espelha essa grandeza
Você sabe que beleza não põe mesa
Violentada
Entre outras mil, és tu Brasil
Pátria enganada
Enquanto os filhos deste solo
Mãe sútil
Morrem de fuzil
Brasil de amor intenso seja símbolo
Não pise quem por ti chicoteado
O lábaro que ostentas estrelado
Apesar do seu tempo ainda nublado
E diga o verde e louro desta flâmula
Porque não cobre com uma campânula?
Paz no futuro e glória no passado
O futuro por ti sempre esperado
Mas se ergues da justiça e clava forte
Verás que um filho teu não foge a luta
Verás que um filho teu não se sepulta
Nem teme quem te adora a própria morte
E sairá vivo daqui quem tiver sorte
Violentada
Entre outras mil.… és tu Brasil
Oh! Pátria enganada
Enquanto os filhos deste solo
Mãe sútil
Morrem de fuzil

Como É Lindo O Amanhecer Do Dia No Rio de Janeiro...

Um carro é parado numa barreira policial
Um motorista é alvejado avançando o sinal
Entre garrafas de bebidas e anúncios de cigarros
Amantes suicidas o conto do mais bizarro
Criança prostituída e praia poluída
Hospital público é a negação da vida
A farra do pó, a puta na cama.
A passeata no centro, a verdadeira lenda urbana.
Mas o meu pão quentinho, e o meu café na padaria.
Que desfaz esse mau tempo até o céu desanuvia

Como é lindo o amanhecer do dia no Rio de Janeiro
Como é lindo o amanhecer do dia no Rio de Janeiro

No confim da madrugada uma notícia pro jornal
No toque da alvorada os olhos da colegial
Com guarda municipal e barracas de camelô
Que vendem de CD pirata a jogos de computador
Na vista pro mar no meu pensamento
A fumaça pro ar e o engavetamento
Deixa a rosa no canteiro e o morro com partideiro
E o padre que fala gíria dá à benção ao fogueteiro
Mas um dia vem chegando com ricos na ciclovia
O final do turno o ônibus para o vigia...

Como é lindo o amanhecer do dia no Rio de Janeiro
Como é lindo o amanhecer do dia no Rio de Janeiro