Não acho que você deva se
justificar publicamente. Você só deve fazer isso perante a quem prejudicou. E
se está fazendo isso agora, é porque o povo é “moralista”. Aposto com você que
tem uma porção que acha a tua desculpa louvável, mas que continua fazendo o mesmo
que você fez, ou pior. No fim das contas as pessoas públicas ficam com o
quinhão de dar o “exemplo”. Mas numa sociedade, não são apenas as pessoas
públicas que tomam decisões importantes. Tem que se tomar cuidado, pois a nova
era está decretando o fim da nossa privacidade, e nós estamos embarcando nessa.
Quem sente verdadeiramente o que você fez, ou faz, é quem está próximo a você. Para
gente como eu, você vai sempre ser alguém imaterial que eu vou poder admirar
quando quiser. Pois queira ou não, para gente como eu, você é uma bela de uma arte.
E você pode até relacionar a sua arte aos seus atos... Mas não costumo me
interessar nem pelo que os políticos fazem. A não ser que isso influencie diretamente
na minha vida. Não vou deixar de ouvir uma música, ou assistir a um filme, por
causa do que o artista é pessoalmente. Já conheci artistas que me decepcionaram.
Mesmo assim continuei admirando, e acompanhando os seus trabalhos. Pois eles são
inspiradores. Não carregue esse fardo, amigo. Pois ele é pesado demais.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
terça-feira, 22 de maio de 2012
O Labirinto Da Língua
Eu fui num
lugar. Mas o lugar nunca tem importância. E sim o que acontece nele. E lá havia
uma placa onde estava escrito: proibida a entrada de pessoas estranhas. Se a
placa estava se referindo ao desconhecido, de quem trabalha ali, tudo bem, eu
ia poder entrar. Mas se ela estavs se referindo a estranho, sinônimo de
esquisito, eu não ia poder entrar. Pois eu sou um cara tão estranho quanto aquele cara
daquela música dos Los Hermanos, que é aquela banda que os universitários amam,
e que tem aquele clipe que faz referência ao Kafka. Ou People Are Strange do The
Doors. Eu sou o que se chama de excêntrico. E leia-se para uma sociedade careta,
ainda, tão careta quanto falar careta. E no meu caso, eu sou um famigerado artista-vagabundo,
ainda, depois de todos esses artistas famosos no mundo todo. Se fosse esse o
sentido, eu não poderia entrar. A língua põe a gente em cada labirinto!
domingo, 20 de maio de 2012
O Mendigo Foi Pro Casamento Do Belo!
Eu tava parado em frente a um
sebo do Centro da Cidade. Olhando aqueles livros de 5 reais que ficam naquela banquinha da frente. Que era o que eu tinha no bolso
contando com algumas moedas. Eu queria que a minha mina aparecesse logo. Pois assim poderia arrancar mais cinco reais dela. E quem sabe comprar algum Rubem Fonseca. Ou qualquer outro falastrão desses. Quando aparece um mendigo, e pergunta para o
outro: não vai no casamento do Belo, não? E o outro devolve: onde? Aqui
na Candelária! O amigo diz: vambora! E eles saem correndo. O senhor grisalho surge no fundo do sebo e me pergunta: o que foi essa gritaria? Eu digo: eles vão pro casamento do Belo! E ele responde: tá, e eu sou um belo, um belo de um idiota!
sábado, 19 de maio de 2012
MacEscravo
Eu acordei o cara. Ele me agarrou pela gola da camisa. Tava babando. O Cheiro de bebida era insuportável. Odeio esse cheiro de cerveja envelhecida. Ele me perguntou: eu emagreci? Eu respondi: um pouco... Ele: olha o que o McDonald`s fez comigo?! Quando olhei com atenção os olhos eram duas crateras envoltas por duas crostas pretas. Olheiras que só vi em bêbados imprestáveis. E ele me disse: eu comecei a fumar, cara! Eu não fumava! Enquanto dizia isso a guimba do cigarro queimava junto dos seus dedos. Quando subiu aquele cheiro de carne queimada tipo hambúrguer. Ironia do destino. Olha o que o McDonald`s fez comigo?! Ele repetiu. Eu disse a ele: cara, tudo bem, você vai arrumar outro emprego! Ele me disse: o quê você sabe sobre isso? sobre trabalho? Você vive enganando esses otários dizendo que é artista... Eu disse: olha, prefiro fazer o que eu gosto do que ficar igual a você! De repente ele me ignorou. Puxou uma bandeja debaixo da cama. Esticou uma fileira gigante. E pum! Eu gritei: caralho!!! E ele desmaiou.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Eu Fui Atropelado, Mas Não Morri!
A mãe vivia dizendo: Juninho não
corre pra rua. E Juninho sempre ficava na Calçada. Admirando os carros com o
seu ardor automobilístico. A mãe dizia: Juninho, se um carro te pegar, você
morre, menino! Ela sempre dizia isso. Até que um belo dia, como numa fábula,
Juninho correu. E foi atropelado. Mas nada demais. Só uma pancadinha de um
motorista imbecil. Apenas um galo imenso na testa. Que de tão enorme a
enfermeira disse: ele vai cantar hein, menino! Quando a mãe chegou ao hospital,
carregada pela família, e sobre o efeito de calmantes, Juninho disse: mãe... eu fui
atropelado, mas não morri!
A mãe de Juninho vivia assistindo
aquele programa policial de hora do almoço em que o apresentador aterroriza as
pessoas dizendo: o bandido foi pro saco! A mãe sempre assistia aquilo. E
Juninho perguntou: o quê é ir pro saco, mãe? E ela: é quando a pessoa faz coisa
errada e morre meu filho. Não pode fazer coisa errada hein? Ai, ai, ai! Quando
o gato da família se esquivou para a rua. E ficou grudado que nem chiclete na
roda do carro, a mãe de Juninho perguntou a ele: o que aconteceu com o bichano?
E Juninho respondeu: foi pro saco!
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Inadequado Para Homens Solteiros
Assistindo o casal de amigos
brigões Mateus disse a Letícia. Esse casal briga demais. E Letícia disse. É normal casal brigar. E Mateus disse: é, mas tem
hora que é chato. E Letícia: eu sei como você pensa e sei que você faz uma
tempestade em copo d’água! E Mateus disse: é... eu só acho que as pessoas não
deviam brigar a toa. E Letícia responde: a gente não briga a toa. A gente briga
pra decidir as coisas. Mas briga é briga e... Não é briga! Mateus: então tá, é
discussão. Letícia: não é discussão. É conversa. Se existe conversa com pessoas
gritando eu desconheço, disse Mat. E Letícia contra argumentou: e de mais a
mais nós não brigamos como eles. Ela apontou para os dois do outro lado da rua.
Não dava para ouvir o que eles falavam. Ainda bem. Se não se ouviria uma porção
de palavrões. Mas as mãos subiam e a descida era quase na cara do
interlocutor/a. Letícia complementou. Nós só temos brigas bobas. E Mateus
pensou, se essas brigas são tão bobas, então porque é que elas acontecem? Mas
não disse nada. Pois já estava cansado de discutir, de brigar, conversar, ou
seja, lá o que for!
sábado, 12 de maio de 2012
Mortinho da Silva
Ela só queria falar sobre a
porra do ex-namorado dela. A porra do ex-namorado morto, que se fudeu num
acidente de carro. Quando bateu o ponteiro parou no cento e vinte. No poste. Na
marca. Se espatifou. Virou mingau. Cheio de pó e uísque na veia. Enquanto a boca
de Karen se movimenta, Kevin não ouve mais nada de blá-blá-blá o quanto ele era
legal. Só consegue observar os lábios vermelhos e tenta sentir o perfume entre
os tantos odores do restaurante que uma daquelas revistas de fresco diz ser
muito bom. Kevin pensa que não vai mais poder dormir um dia da sua vida sem essa
mulher. Quando o garçom chega com o vinho branco suave, Kevin diz: o seu
namorado devia ser alguém interessante de se conhecer... E Karen responde:
acredito que você fosse gostar muito dele. E Kevin sente uma imensa vontade de
dizer: foda-se a porra do seu ex-namorado! Mas depois pensa, que se foda, ela não
vai poder mais trepar com ele mesmo! Pode viver esse amor platônico por toda a eternidade.
Pois ele está morto. Mortinho da Silva.
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