Ela só queria falar sobre a
porra do ex-namorado dela. A porra do ex-namorado morto, que se fudeu num
acidente de carro. Quando bateu o ponteiro parou no cento e vinte. No poste. Na
marca. Se espatifou. Virou mingau. Cheio de pó e uísque na veia. Enquanto a boca
de Karen se movimenta, Kevin não ouve mais nada de blá-blá-blá o quanto ele era
legal. Só consegue observar os lábios vermelhos e tenta sentir o perfume entre
os tantos odores do restaurante que uma daquelas revistas de fresco diz ser
muito bom. Kevin pensa que não vai mais poder dormir um dia da sua vida sem essa
mulher. Quando o garçom chega com o vinho branco suave, Kevin diz: o seu
namorado devia ser alguém interessante de se conhecer... E Karen responde:
acredito que você fosse gostar muito dele. E Kevin sente uma imensa vontade de
dizer: foda-se a porra do seu ex-namorado! Mas depois pensa, que se foda, ela não
vai poder mais trepar com ele mesmo! Pode viver esse amor platônico por toda a eternidade.
Pois ele está morto. Mortinho da Silva.
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