terça-feira, 22 de maio de 2012

O Labirinto Da Língua

Eu fui num lugar. Mas o lugar nunca tem importância. E sim o que acontece nele. E lá havia uma placa onde estava escrito: proibida a entrada de pessoas estranhas. Se a placa estava se referindo ao desconhecido, de quem trabalha ali, tudo bem, eu ia poder entrar. Mas se ela estavs se referindo a estranho, sinônimo de esquisito, eu não ia poder entrar. Pois eu sou um cara tão estranho quanto aquele cara daquela música dos Los Hermanos, que é aquela banda que os universitários amam, e que tem aquele clipe que faz referência ao Kafka. Ou People Are Strange do The Doors. Eu sou o que se chama de excêntrico. E leia-se para uma sociedade careta, ainda, tão careta quanto falar careta. E no meu caso, eu sou um famigerado artista-vagabundo, ainda, depois de todos esses artistas famosos no mundo todo. Se fosse esse o sentido, eu não poderia entrar. A língua põe a gente em cada labirinto!

domingo, 20 de maio de 2012

O Mendigo Foi Pro Casamento Do Belo!

Eu tava parado em frente a um sebo do Centro da Cidade. Olhando aqueles livros de  5 reais que ficam naquela banquinha da frente. Que era o que eu tinha no bolso contando com algumas moedas. Eu queria que a minha mina aparecesse logo. Pois assim poderia arrancar mais cinco reais dela. E quem sabe comprar algum Rubem Fonseca. Ou qualquer outro falastrão desses. Quando aparece um mendigo, e pergunta para o outro: não vai no casamento do Belo, não? E o outro devolve: onde? Aqui na Candelária! O amigo diz: vambora! E eles saem correndo. O senhor grisalho surge no fundo do sebo e me pergunta: o que foi essa gritaria? Eu digo: eles vão pro casamento do Belo! E ele responde: tá, e eu sou um belo, um belo de um idiota!

sábado, 19 de maio de 2012

MacEscravo

Eu acordei o cara. Ele me agarrou pela gola da camisa. Tava babando. O Cheiro de bebida era insuportável. Odeio esse cheiro de cerveja envelhecida. Ele me perguntou: eu emagreci? Eu respondi: um pouco... Ele: olha o que o McDonald`s fez comigo?! Quando olhei com atenção os olhos eram duas crateras envoltas por duas crostas pretas. Olheiras que só vi em bêbados imprestáveis. E ele me disse: eu comecei a fumar, cara! Eu não fumava! Enquanto dizia isso a guimba do cigarro queimava junto dos seus dedos. Quando subiu aquele cheiro de carne queimada tipo hambúrguer. Ironia do destino. Olha o que o McDonald`s fez comigo?! Ele repetiu. Eu disse a ele: cara, tudo bem, você vai arrumar outro emprego! Ele me disse: o quê você sabe sobre isso? sobre trabalho? Você vive enganando esses otários dizendo que é artista... Eu disse: olha, prefiro fazer o que eu gosto do que ficar igual a você! De repente ele me ignorou. Puxou uma bandeja debaixo da cama. Esticou uma fileira gigante. E pum! Eu gritei: caralho!!! E ele desmaiou.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Eu Fui Atropelado, Mas Não Morri!

A mãe vivia dizendo: Juninho não corre pra rua. E Juninho sempre ficava na Calçada. Admirando os carros com o seu ardor automobilístico. A mãe dizia: Juninho, se um carro te pegar, você morre, menino! Ela sempre dizia isso. Até que um belo dia, como numa fábula, Juninho correu. E foi atropelado. Mas nada demais. Só uma pancadinha de um motorista imbecil. Apenas um galo imenso na testa. Que de tão enorme a enfermeira disse: ele vai cantar hein, menino! Quando a mãe chegou ao hospital, carregada pela família, e sobre o efeito de calmantes, Juninho disse: mãe... eu fui atropelado, mas não morri!

A mãe de Juninho vivia assistindo aquele programa policial de hora do almoço em que o apresentador aterroriza as pessoas dizendo: o bandido foi pro saco! A mãe sempre assistia aquilo. E Juninho perguntou: o quê é ir pro saco, mãe? E ela: é quando a pessoa faz coisa errada e morre meu filho. Não pode fazer coisa errada hein? Ai, ai, ai! Quando o gato da família se esquivou para a rua. E ficou grudado que nem chiclete na roda do carro, a mãe de Juninho perguntou a ele: o que aconteceu com o bichano? E Juninho respondeu: foi pro saco!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Inadequado Para Homens Solteiros

Assistindo o casal de amigos brigões Mateus disse a Letícia. Esse casal briga demais. E Letícia disse. É normal casal brigar. E Mateus disse: é, mas tem hora que é chato. E Letícia: eu sei como você pensa e sei que você faz uma tempestade em copo d’água! E Mateus disse: é... eu só acho que as pessoas não deviam brigar a toa. E Letícia responde: a gente não briga a toa. A gente briga pra decidir as coisas. Mas briga é briga e... Não é briga! Mateus: então tá, é discussão. Letícia: não é discussão. É conversa. Se existe conversa com pessoas gritando eu desconheço, disse Mat. E Letícia contra argumentou: e de mais a mais nós não brigamos como eles. Ela apontou para os dois do outro lado da rua. Não dava para ouvir o que eles falavam. Ainda bem. Se não se ouviria uma porção de palavrões. Mas as mãos subiam e a descida era quase na cara do interlocutor/a. Letícia complementou. Nós só temos brigas bobas. E Mateus pensou, se essas brigas são tão bobas, então porque é que elas acontecem? Mas não disse nada. Pois já estava cansado de discutir, de brigar, conversar, ou seja, lá o que for!

sábado, 12 de maio de 2012

Mortinho da Silva

Ela só queria falar sobre a porra do ex-namorado dela. A porra do ex-namorado morto, que se fudeu num acidente de carro. Quando bateu o ponteiro parou no cento e vinte. No poste. Na marca. Se espatifou. Virou mingau. Cheio de pó e uísque na veia. Enquanto a boca de Karen se movimenta, Kevin não ouve mais nada de blá-blá-blá o quanto ele era legal. Só consegue observar os lábios vermelhos e tenta sentir o perfume entre os tantos odores do restaurante que uma daquelas revistas de fresco diz ser muito bom. Kevin pensa que não vai mais poder dormir um dia da sua vida sem essa mulher. Quando o garçom chega com o vinho branco suave, Kevin diz: o seu namorado devia ser alguém interessante de se conhecer... E Karen responde: acredito que você fosse gostar muito dele. E Kevin sente uma imensa vontade de dizer: foda-se a porra do seu ex-namorado! Mas depois pensa, que se foda, ela não vai poder mais trepar com ele mesmo! Pode viver esse amor platônico por toda a eternidade. Pois ele está morto. Mortinho da Silva.

domingo, 6 de maio de 2012

Lendas Urbanas 1 - O Motel

Ele parou na garagem do motel. Havia acabado de se despedir da balconista da lojinha de roupa. E daquele sexo fast food de hora do almoço, estilo machão latino americano. Quando viu um carro que desconfiou ser do seu amigo de ofício. Deu um sorriso e resolveu ligar pra ele do celular. Aí, tú tá onde? eu tô aqui na firma. E ele, sei, firma. Tô parado em frente ao teu carro. E o outro: hoje ele não tá comigo, não. Hoje é dia da minha esposa fazer compra. Ele respondeu: tô de brincadeira, queria saber sobre aquele contrato. Daqui a pouco eu tô chegando... E o outro sem entender nada se despediu. Tá bom. Até mais. Som de telefone sendo desligado.

Autor Desconhecido.

Observação: essa estória sempre é contada nos subúrbios brasileiros por alguém que conhece alguém.