Ela sonhava poder explodir a cabeça daqueles homens tarados. Filhos da puta do caralho que não podiam ver um rabo. Estourar o crânio de um deles com a sua 45 e ver os seus restos escorrendo e o sangue salpicando em seu rosto e nas paredes. Desde criança chamou sempre a atenção por suas nádegas duras e arredondadas, e o seu corpo forjado em simetria com um rosto magnético. E agora como policial não era diferente. Ouvia piadinhas dos colegas e dos bandidos das ruas. Logo que passava eles disfaraçavam para olhar a sua bunda. Negra, o seu ódio aumentava por ser olhada mais com desejo do que com temor. O pai sempre dizia: "Ah, minha pretinha linda..."
Ele era um fracassado de 45 anos. Fazia parte do lixo branco. Desempregado não tinha gasolina para pôr o carro velho a andar. Professor que não havia aprendido a ganhar dinheiro. Só ensinava uma história de merda obsoleta que não dava futuro a ninguém. Quando decidiu topar o desafio de transportar um quilo de pasta base de cocaína. Antes disso havia tentado de tudo, Big-Brother, sorteios, loteria, jogo do bicho, raspadinhas, e nada. Completar seis anos desempregado com a idade que tinha nem fodendo. País de merda.
Ele suava no ponto de ônibus. A maconha deu uma bad e ao invés de viajar na vibe e acalmar ele ficou paranoico e não podia ouvir uma sirene que tomava susto. A policial no ponto de ônibus parecia olhar para ele. Será que ela sabia de algo? Só poderia ser paranoia sua. O ônibus não vinha, o tempo voava, e o suor havia começado a escorrer... Quando a princesa negra sacou da pistola e arremesou o seu tronco em direção ao carro pondo as algemas nele. O macho adulto branco pensou que era uma emboscada. Ela disse: "O senhor está preso por assédio."
No trajeto à delegacia eles irão pedir a droga, isto foi o que ele pensou. Vão tentar me subornar. Mas, nada disso aconteceu. Ele teve de vender o carro. Dormiu na cadeia e saiu sob fiança. Não tocaram em sua mochila e ele conseguiu devolver a droga ao traficante. Aquela vida de esperto não era para ele. Nem a humilhação de eterno desempregado. Meteu uma bala na cabeça sem precisar da ajuda de ninguém.
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