António Olaio é um artista plástico performático e
cantor angolano nascido em 1963. Hoje é professor do departamento da
Universidade de Coimbra. Radicado em Portugal conviveu com personagens da
efervescência cultural pós o 25 de Abril da revolução portuguesa. No início dos
anos oitenta, durante os seus estudos superiores, aos 21 anos Olaio começou a
criar as suas performances.
Em 1984 apresentou a sua primeira performance Il
Faut Danser Portugal no Centre Georges Pompidou em França, da qual disse
ainda sentir orgulho, e ser uma daquelas obras que mesmo com o passar dos anos
o artista ainda considera bem concebida.
Ao dar a sua visão sobre a arte performática, Olaio
diz acreditar que estas intervenções não podem ser comparadas com um espetáculo
teatral em que existe a distância entre o ator e a plateia, em sua opinião de perfomer,
a experiência é mútua entre o público e o artista, pois é como se a audiência
fizesse parte da apresentação.
Na obra citada acima, vemos Olaio atuar ao som de uma
música do cancioneiro popular norte-americano, o que é uma influência bastante
significativa no trabalho que veio a desenvolver. Olaio, em suas palavras,
desejava ser um artista plástico que cantava. Então ajudou a fundar a banda Repórter
Estrábico, uma junção de bandas de outros amigos.
O grupo de tecno pop teve atuação direta no movimento
dos oitenta, e ainda hoje é reconhecido como uma das maiores influências
daquela geração. E tem o seu papel histórico na cultura pop portuguesa. Após
Olaio deixar os Repórteres Estrábicos, iniciou a sua carreira solo no
mundo musical.
O aspecto marcante na obra de Olaio; para frisar a sua
música, é a sua inventividade e versatilidade diante do objeto definido. Os
seus videoclipes fogem do que se espera de um vídeo musical, e vemos a sua
música sendo apresentada performaticamente. Em sua confecção também está o
artista plástico. É um trabalho incomum, pois traz todas as características de
um artesão múltiplo que trabalha somente em prol da sua criatividade.
Olaio criou letras em instrumentais que serviram de
trilha sonora para filmes westerns, o que rememora o hip-hop. Prática
comum entre rappers brasileiros quando não tinham dinheiro para produzir as
suas músicas. Olaio canta desde standards como canções americanas dos
anos trinta, até o que há de mais ácido em termos de indie. Só para citar
alguns exemplos como: Potatos Farm, A Little Bird in a Tree e a
bela Pictures Are Not Movies.
Olaio deixa como exemplo a sua capacidade de se
reinventar e fazer com que a dificuldade se transforme em viés criativo. Além
de não limitar o seu trabalho e se apropriar dos meios que tem. Gera uma ideia
e age em prol dela sem depender das condições ao seu redor. Se deseja cantar
com uma orquestra, ou é inspirado por ela, ele põe o disco na vitrola e compõe
uma letra para a música. Nada o impede de criar.
Referência:
Apresentação de António Olaio no curso de Cinema
Documental na classe de Cinema e Contemporaneidade da ESTA-Abrantes/IPT em Abril
de 2021 presidida pelo professor Nuno Vieira.
https://www.academia.edu/47747320/Olaio
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