segunda-feira, 26 de abril de 2021

Olaio

António Olaio é um artista plástico performático e cantor angolano nascido em 1963. Hoje é professor do departamento da Universidade de Coimbra. Radicado em Portugal conviveu com personagens da efervescência cultural pós o 25 de Abril da revolução portuguesa. No início dos anos oitenta, durante os seus estudos superiores, aos 21 anos Olaio começou a criar as suas performances.

Em 1984 apresentou a sua primeira performance Il Faut Danser Portugal no Centre Georges Pompidou em França, da qual disse ainda sentir orgulho, e ser uma daquelas obras que mesmo com o passar dos anos o artista ainda considera bem concebida.

Ao dar a sua visão sobre a arte performática, Olaio diz acreditar que estas intervenções não podem ser comparadas com um espetáculo teatral em que existe a distância entre o ator e a plateia, em sua opinião de perfomer, a experiência é mútua entre o público e o artista, pois é como se a audiência fizesse parte da apresentação.

Na obra citada acima, vemos Olaio atuar ao som de uma música do cancioneiro popular norte-americano, o que é uma influência bastante significativa no trabalho que veio a desenvolver. Olaio, em suas palavras, desejava ser um artista plástico que cantava. Então ajudou a fundar a banda Repórter Estrábico, uma junção de bandas de outros amigos.

O grupo de tecno pop teve atuação direta no movimento dos oitenta, e ainda hoje é reconhecido como uma das maiores influências daquela geração. E tem o seu papel histórico na cultura pop portuguesa. Após Olaio deixar os Repórteres Estrábicos, iniciou a sua carreira solo no mundo musical.

O aspecto marcante na obra de Olaio; para frisar a sua música, é a sua inventividade e versatilidade diante do objeto definido. Os seus videoclipes fogem do que se espera de um vídeo musical, e vemos a sua música sendo apresentada performaticamente. Em sua confecção também está o artista plástico. É um trabalho incomum, pois traz todas as características de um artesão múltiplo que trabalha somente em prol da sua criatividade.

Olaio criou letras em instrumentais que serviram de trilha sonora para filmes westerns, o que rememora o hip-hop. Prática comum entre rappers brasileiros quando não tinham dinheiro para produzir as suas músicas. Olaio canta desde standards como canções americanas dos anos trinta, até o que há de mais ácido em termos de indie. Só para citar alguns exemplos como: Potatos Farm, A Little Bird in a Tree e a bela Pictures Are Not Movies.

Olaio deixa como exemplo a sua capacidade de se reinventar e fazer com que a dificuldade se transforme em viés criativo. Além de não limitar o seu trabalho e se apropriar dos meios que tem. Gera uma ideia e age em prol dela sem depender das condições ao seu redor. Se deseja cantar com uma orquestra, ou é inspirado por ela, ele põe o disco na vitrola e compõe uma letra para a música. Nada o impede de criar.

 

Referência:

https://antonioolaio.com/#/

Apresentação de António Olaio no curso de Cinema Documental na classe de Cinema e Contemporaneidade da ESTA-Abrantes/IPT em Abril de 2021 presidida pelo professor Nuno Vieira.

https://www.academia.edu/47747320/Olaio

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