Todo ano a minha avó compra os discos das escolas de samba e nós aprendemos os enredos de ponta a ponta. A minha avó costura o meu bate-bola de cetim em sua máquina, e com o dinheiro que a minha mãe me dá eu vou ao armarinho comprar os decalques para colar na capa e a bexiga de plástico. De vez em quando uns bêbados juntam instrumentos, se vestem de mulher, e nós vamos atrás deles no bloco das piranhas. Mas o que nós gostamos mesmo é do carnaval de clube. Nós vamos para a matinê. Muitas meninas se vestem de melindrosa e muitos garotos de carrascos. No clube tocam duas bandas; uma no ginásio, e outra no salão. O pessoal mais velho que fica em casa, quando chega à noite faz churrasco na varanda, põe a televisão do lado de fora, e assiste ao desfile. Quem tem idade e não é tão velho para ficar em casa vai ao clube no baile dos adultos à noite. Ele dá voltas ao quarteirão. O pessoal mais velho que vai dormir bem mais tarde, assiste o desfile até o fim no canal 4 e aos bailes no canal seis. Algumas músicas nós só cantamos na época do carnaval; A Cabeleira do Zezé, Maria Sapatão, e o Ô Abre-Alas... Na terça-feira à noite nós ficamos tristes. Quando a banda toca aquela marcha mais lenta e arrastada de despedida do carnaval dá uma tristeza danada, pois nós sabemos que felicidade assim de novo só ano que vem.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
domingo, 27 de fevereiro de 2022
Não importa
Não importa o que você fez ou o que os outros fizeram. Não importa o que aconteceu ou o que você deixou de fazer ou dizer. Não importa. Você não criou o mundo, não inventou as pessoas, e muito menos a si mesmo. Chega, chega de culpas, mágoas e ressentimentos. Os clichês servem nestes momentos. A culpa não é sua. Ninguém tem culpa de nada e você é tão vítima quanto os outros. O mundo seria da mesma forma caso você não estivesse aqui ou trocasse o dito pelo não dito. Não foi você quem inventou a roda, a bomba H, ou a história. Problema de cada um. Não faz diferença. Não se deve chorar pelo leite derramado ou pelo leite a ser derramado. É preciso apenas respirar e seguir em frente. É preciso ser como a zebra, ele apenas faz o que deve ser feito, não fica se perguntando o que é certo ou errado. Não existe melhor caminho, existem apenas escolhas. A única direção a seguir é o Norte. Siga sempre em direção ao Norte. Não se deve olhar para atrás como aquela mulher daquela estória fez. Não importa. I don`t care. I don`t mind. Forget about it.
Você é
Você não é quem era.
Você não é quem será.
Você é quem você é.
Agora, neste momento.
sábado, 26 de fevereiro de 2022
A Maioria
Uns fazem guerra.
Outros carnavais.
Mas a maioria,
não faz nada.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022
Este lugar não tem nada
Quando eu era criança em Caxias, na Baixada Fluminense, as pessoas diziam que lá não tinha nada. Nós fomos para a Penha, no subúrbio carioca, atrás de alguma coisa que eu nem sabia o que era. Fiquei décadas ouvindo das pessoas que lá não tinha nada. Depois que conheci a minha esposa e eu fui com ela para Campos no interior do Rio, e ao chegarmos lá, as pessoas disseram que não havia nada por ali. Ela decidiu que íamos para Piracicaba, no interior de São Paulo, uma das melhores cidades do Brasil, e chegando lá nos disseram que não adiantava insistir, aqui não tem nada. Voltamos para a Penha e eu perguntei: "Alguém fez alguma coisa?" E a resposta foi: "Não, nada." Então nós decidimos ir embora do Brasil e viemos para Abrantes, Portugal. E as pessoas dizem que aqui não tem nada. A cidade é linda e tranquila. E não tem nada mesmo; não tem crimes, assassinatos, ou pessoas morando nas ruas. Talvez o que eles queiram sejam zonas, shoppings, boates, e bocas de fumo. E se não tem nada, por quê não fazem alguma coisa? Pode ser que essas pessoas sintam um vazio dentro de si, e culpem a cidade. Sendo assim, mesmo que forem morar em Manhattan irão reclamar depois de um tempo. Igual o Elon Musk, que não tendo mais o que conquistar na Terra, deseja ir para Marte, pois lá que é que está o bom. Onde será a minha próxima parada...
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022
Transtorno de Estresse Pós-Traumático em soldados e policiais
Outro problema da guerra é que os soldados enlouquecem. O Estados Unidos tem um problema sério com estresse pós-traumático, suicidas, e dizem que até assassinos em série direta ou indiretamente relacionados às guerras. O meu avô não podia ouvir barulho de bomba que se escondia. Um senhor que morava na mesma rua que eu havia enlouquecido na guerra. J.D. Salinger enlouqueceu na guerra. Louis-Ferdinand Céline enlouqueceu na guerra. Ernest Hemingway que foi para guerra cometeu suicídio. Ninguém toca no assunto, mas vários soldados brasileiros das missões no Haiti voltaram com problemas graves. E os policiais não estão muito distante disse não, pois assim como os militares eles fazem o trabalho sujo da sociedade. Basta olhar o número de suicidas, assassinos, e encostados por depressão. Eu sei que a besta-fera humana precisa escoar a sua perversidade e o seu instinto de destruição, mas deveria existir uma outra forma de se fazer isso. Vai assistir às lutas, mas sem depois não pode arrebentar a cabeça do amiguinho, ou vai jogar videogame, mas depois não pode atirar na professora e nos coleguinhas de classe…
Guerra!
Nós, o povo, não somos nada mesmo. Assim como outros povos, o povo ucraniano agora sangra. Mas, uma guerra com a tecnologia e o poderio militar russo atual, é de uma bestialidade maior que a das grandes guerras. O psicopata acorda um dia, decide mandar tudo pelos ares, e quem sofre são os pobres mortais. Um homem não pode ter tanto poder. Mas quem pode curar as doenças do espírito humano? A nós, pessoas comuns, só nos resta fazer o que sempre fazemos, que é rezar. Mas tome cuidado; o político que você apoia hoje, acuado, pode ser o tirano de amanhã que enviará o seu filho para o campo de batalha ao iniciar o confronto.