Existe uma velha doença chamada celebridade que havia sido erradicada e que agora voltou com força total, transmitida por um vício de nome influencer. Ele está contaminando principalmente gente da política, da arte, dos esportes e o grupo mais vulnerável: a maior parte da população. O vírus se propaga através da ilusão e da fantasia de que todos podem ser famosos e endinheirados. Os campos estão secando com essa praga e a colheita deste ano parece incerta. Estou com tanto medo da contaminação que tenho utilizado a minha máscara social. Hoje esbarrei em algumas celebridades na Avenida Principal e tropecei em outras. No transporte coletivo, sentei em cima de uma que estava tirando uma selfie. Vou rezar para que não tenha sido contaminado.
terça-feira, 10 de setembro de 2024
sexta-feira, 6 de setembro de 2024
Prazos!
Prazo, prazo, prazo! Compras a prazo! Existe prazo para tudo. Acostume-se ou aceite? Prazo para entregar o relatório, o livro, a dissertação… Prazo para decidir. Prazo para desistir. Prazo para pagar as contas. Tudo tem um prazo! Ah, esses prazos! Os prazos não deixam crescer, florescer e surgir naturalmente… Prazo é tempo. E tempo nós sabemos o que é. O prazo é frio como um prédio cinzento.
quinta-feira, 5 de setembro de 2024
Escrever
Escrever faz bem para a cabeça. E para a pele. Pôr tudo na tela. No papel. Expelir. Vomitar. Deixar o caminho livre. As vias respiratórias. A corrente sanguínea. Passar por uma catarse. Tirar o peso da consciência. Não sobrar nada. Estar vazio novamente. Como uma tábula rasa. Novo de novo. Renovado. Jovem. Direto do forno. Fresquinho. Recomeçar…
quarta-feira, 4 de setembro de 2024
Do contrário
Alguma coisa sobre a qual não temos controle acontece e provoca-nos uma enorme preocupação. Toma conta do nosso cérebro como se o único pensamento na nossa mente fosse esse grande problema. Você estava sentado confortavelmente em sua poltrona horas atrás, e, de repente, o mundo virou de cabeça para baixo. E você não sabe o que fazer para resolver essa equação, pois não esperava que ela existisse. Não teve nem como se precaver. Ou menosprezou a ameaça. É hora de lidar com os seus medos, e com as suas agonias. No momento em que mais precisa de paz e tranquilidade é quando a irritação e a ansiedade se fortalecem. Nessas horas, o que fazer? Os espíritos iluminados sorriem. Outros entram em desespero. Existe quem não dê a mínima. A maior parte recorre à sua fé, seja ela qual for. Eu só peço a Deus que este tornado à minha frente não me atinja com toda a sua força, e que após ele passar eu possa sorrir de alívio e dizer o quanto fui ridículo. Do contrário, eu estou lascado!
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
Os sonhos
"Os sonhos não envelhecem…" Lô Borges canta. "O pensamento é a força criadora.", "O limite é uma fronteira criada só pela mente." Edi Rock versa com os Racionais MC's. A música popular serve de inspiração. As pessoas podem envelhecer. Mas, não os seus sonhos. Os seus sonhos, não. Não, os seus propósitos. Os seus propósitos, não. Quem envelhece é o corpo, não o objetivo. A expressão do rosto pode mudar, e a saúde pode até falhar… Mas diz o clichê: "Enquanto houver sonho haverá vida", "Enquanto houver vida há esperança." Responde o Eclesiastes. Então "nunca deixe de sonhar", nessas horas os clichês nos servem para dar ânimo. O que vale é o exemplo, mas para citar Raul Seixas, as pessoas que estão "esperando a morte chegar…", precisam olhar para frente, "pois longe das cercas embandeiradas que separam quintais…" para que continuem vivas. Como o próprio Raul Seixas cantou em outra ocasião: "Você ainda pode sonhar…"
sábado, 31 de agosto de 2024
A cultura
Ninguém pode medir os benefícios da cultura. Quanto vale assistir a um filme de que se gosta? Ou a uma peça de teatro? Quem é que pode estipular o quanto de prazer é obtido com a música? E o quanto de aprendizado ao ler um livro? A cultura age silenciosamente; ela combate o tédio, a mente vazia, a falta de propósito, e desenvolve mais os sentidos em seu estímulo à criatividade. Mesmo quando é preciso ter um pouco de paciência e ser insistente para a compreender. Também pode não ser entendida. Aparentemente ninguém ganha nada ao observar um quadro. Mas sim, ganha o mesmo que se ganha em estado contemplativo diante de um pôr do sol. Quem pode dizer o que não aconteceu por causa da cultura? Embora seja nítido o tanto de beleza e significado que ela trouxe à vida.
quinta-feira, 29 de agosto de 2024
A hora do almoço
O ambiente é de quase silêncio. Todos teclam de cabeça baixa. Ele ouve a sinfonia das teclas. Mas o seu trabalho travou. Não consegue sair do lugar. Não consegue mais raciocinar. São os prazos. O mundo sempre tem esses prazos malucos. Ele olha por sobre o ombro do colega; este aqui já vai bem adiantado. Aquele ali, nem tanto. Ele avança aos poucos. Espera poder entregar a sua parte dentro do prazo estipulado. “Tempo é dinheiro”, o seu chefe repete. Ele sorri. O relógio se esforça para avançar. Tudo bem. Minimiza a tela. Entra na rede social. Nada. A sua mente vagueia. “A gente deveria poder ir lá fora para respirar”, ele diz ao colega do lado. O colega responde: “Se eu quiser respirar, eu respiro aqui dentro.” Ele pensa: “Ainda me chamam de colaborador! Eu sou empregado! Isso sim!” Ele precisa bater sua meta. Se não bater a meta não tem emprego. Se não tiver emprego não tem nada. Ele vai tentar de novo. “Vai empurrando com a barriga…” É a lembrança da voz de um tio da sua infância. Ele sonha com a hora do almoço. Hoje ele quer almoçar sozinho. Quando der meio-dia ele vai comprar um hambúrguer e uma cola com trinta mil calorias, e deitar no parque com os fones nos ouvidos com uma música agradável. Antes de tentar novamente.