O ambiente é de quase silêncio. Todos teclam de cabeça baixa. Ele ouve a sinfonia das teclas. Mas o seu trabalho travou. Não consegue sair do lugar. Não consegue mais raciocinar. São os prazos. O mundo sempre tem esses prazos malucos. Ele olha por sobre o ombro do colega; este aqui já vai bem adiantado. Aquele ali, nem tanto. Ele avança aos poucos. Espera poder entregar a sua parte dentro do prazo estipulado. “Tempo é dinheiro”, o seu chefe repete. Ele sorri. O relógio se esforça para avançar. Tudo bem. Minimiza a tela. Entra na rede social. Nada. A sua mente vagueia. “A gente deveria poder ir lá fora para respirar”, ele diz ao colega do lado. O colega responde: “Se eu quiser respirar, eu respiro aqui dentro.” Ele pensa: “Ainda me chamam de colaborador! Eu sou empregado! Isso sim!” Ele precisa bater sua meta. Se não bater a meta não tem emprego. Se não tiver emprego não tem nada. Ele vai tentar de novo. “Vai empurrando com a barriga…” É a lembrança da voz de um tio da sua infância. Ele sonha com a hora do almoço. Hoje ele quer almoçar sozinho. Quando der meio-dia ele vai comprar um hambúrguer e uma cola com trinta mil calorias, e deitar no parque com os fones nos ouvidos com uma música agradável. Antes de tentar novamente.
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