"Os sonhos não envelhecem…" Lô Borges canta. "O pensamento é a força criadora.", "O limite é uma fronteira criada só pela mente." Edi Rock versa com os Racionais MC's. A música popular serve de inspiração. As pessoas podem envelhecer. Mas, não os seus sonhos. Os seus sonhos, não. Não, os seus propósitos. Os seus propósitos, não. Quem envelhece é o corpo, não o objetivo. A expressão do rosto pode mudar, e a saúde pode até falhar… Mas diz o clichê: "Enquanto houver sonho haverá vida", "Enquanto houver vida há esperança." Responde o Eclesiastes. Então "nunca deixe de sonhar", nessas horas os clichês nos servem para dar ânimo. O que vale é o exemplo, mas para citar Raul Seixas, as pessoas que estão "esperando a morte chegar…", precisam olhar para frente, "pois longe das cercas embandeiradas que separam quintais…" para que continuem vivas. Como o próprio Raul Seixas cantou em outra ocasião: "Você ainda pode sonhar…"
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
sábado, 31 de agosto de 2024
A cultura
Ninguém pode medir os benefícios da cultura. Quanto vale assistir a um filme de que se gosta? Ou a uma peça de teatro? Quem é que pode estipular o quanto de prazer é obtido com a música? E o quanto de aprendizado ao ler um livro? A cultura age silenciosamente; ela combate o tédio, a mente vazia, a falta de propósito, e desenvolve mais os sentidos em seu estímulo à criatividade. Mesmo quando é preciso ter um pouco de paciência e ser insistente para a compreender. Também pode não ser entendida. Aparentemente ninguém ganha nada ao observar um quadro. Mas sim, ganha o mesmo que se ganha em estado contemplativo diante de um pôr do sol. Quem pode dizer o que não aconteceu por causa da cultura? Embora seja nítido o tanto de beleza e significado que ela trouxe à vida.
quinta-feira, 29 de agosto de 2024
A hora do almoço
O ambiente é de quase silêncio. Todos teclam de cabeça baixa. Ele ouve a sinfonia das teclas. Mas o seu trabalho travou. Não consegue sair do lugar. Não consegue mais raciocinar. São os prazos. O mundo sempre tem esses prazos malucos. Ele olha por sobre o ombro do colega; este aqui já vai bem adiantado. Aquele ali, nem tanto. Ele avança aos poucos. Espera poder entregar a sua parte dentro do prazo estipulado. “Tempo é dinheiro”, o seu chefe repete. Ele sorri. O relógio se esforça para avançar. Tudo bem. Minimiza a tela. Entra na rede social. Nada. A sua mente vagueia. “A gente deveria poder ir lá fora para respirar”, ele diz ao colega do lado. O colega responde: “Se eu quiser respirar, eu respiro aqui dentro.” Ele pensa: “Ainda me chamam de colaborador! Eu sou empregado! Isso sim!” Ele precisa bater sua meta. Se não bater a meta não tem emprego. Se não tiver emprego não tem nada. Ele vai tentar de novo. “Vai empurrando com a barriga…” É a lembrança da voz de um tio da sua infância. Ele sonha com a hora do almoço. Hoje ele quer almoçar sozinho. Quando der meio-dia ele vai comprar um hambúrguer e uma cola com trinta mil calorias, e deitar no parque com os fones nos ouvidos com uma música agradável. Antes de tentar novamente.
terça-feira, 27 de agosto de 2024
Nós, simplesmente não temos tempo!
Meus amigos e minhas amigas, vemos cada coisa nessas andanças por este mundo de meu Deus. O sujeito começa a discutir e a veia do pescoço dele fica estufada. Ele baba e solta perdigotos. O seu rosto fica vermelho. Se ele conseguisse se olhar no espelho, veria como a sua aparência fica assustadora, e como ele ou ela envelhece uns duzentos anos. Está em risco de contrair uma úlcera, um cancro, sei lá, ter um infarto. O povo na multidão grita: Doutor, essa menina teve um troço! Esse rapaz caiu num piripaque! Será um caso de psiquiatria? O médico vem e pede para amarrá-lo na maca da ambulância. É um caso de anestesia geral para ver se sossega o facho. Se chamar um policial, ele dá logo um mata-leão. Ninguém aguenta mais. A vizinhança não aguenta mais as discussões, os casos de família, as expulsões de sala de aula, os almoços familiares que são estragados, a birra com os amigos. Chega, né? Tá bom, já! E meus amigos e amigas, pasmem! Sabem qual é o motivo? Um vizinho fofoqueiro responde: não! Eu respondo que os motivos são os mais variados possíveis; um dia é: o meu Deus é maior que o seu Deus! No outro: o meu time de futebol é mais bonito que o seu! E por último, para fechar com chave de ouro: o meu candidato é o melhor… o meu partido é o maior. Pelo amor de Deus! Vamos viver... Que ninguém tem tempo para isso. Nós, simplesmente não temos tempo!
sábado, 24 de agosto de 2024
Os primeiros acordes
Alguns artistas podem nos inspirar com os seus exemplos. Existem artistas que deixaram de fazer sucesso há muito tempo, e que mesmo assim tocam as suas músicas com o mesmo fervor, mantendo o mesmo frescor e sendo atenciosos com o seu público fiel, e ainda apaixonados por sua arte. As suas canções não estão mais entre as mais baixadas, eles não estão mais o tempo todo sob os holofotes, e não são mais caçados pelos flashes. As suas vidas não são mais parte do tempero da fofoca do dia. Muitos não se encontram mais em forma. Não estão nas capas dos sites, e nem chamam atenção por sua beleza do passado. Os cabelos estão grisalhos, ou rareando, as barrigas um pouco crescidas, e as vozes nem sempre alcançam as mesmas notas. São homens e mulheres que envelheceram fazendo aquilo que mais gostam, e que não se importam em ensaiar e tocar durante uma noite inteira o mesmo repertório de 20, trinta anos atrás. Quando eles olham para baixo de cima do palco, percebem que o tempo também passou para a plateia de jovens que os acompanhavam. Esses homens e essas mulheres aprenderam a viver no tempo presente. Não ficaram presos às glórias do passado. Todos nós devemos ser como eles. É preciso aceitar a passagem do tempo e se adaptar a ela. Não somos mais crianças, e nem tão jovens como éramos. Mas, ainda podemos sonhar, como eles sonharam, quando eram adolescentes, e tocavam os seus primeiros acordes. E, assim como eles, podemos tocar as mesmas notas... como se fosse a primeira vez.
quarta-feira, 14 de agosto de 2024
Na racionalidade é onde está o mal
É preciso ter saúde para trabalhar
Pois um saco vazio voa pelo ar
Não há túnel arco-íris não há nenhum além
Não há como manter uma atitude zen
Minha mente se adapta para sobreviver
Vive vendo inimigo onde não pode ser
Proust com seu fluxo de pensamentos
Em busca do tempo perdido perde muito tempo
Enquanto me veem como um excêntrico
Não consigo traçar um círculo concêntrico
Dúvida no cérebro a incerteza no corpo
Medo de ser incapaz e ser tachado de louco
Não me enquadro em sua sanidade
Não consigo acompanhar o andar da carruagem
Shakespeare resolve esse enorme drama
Que se desenvolve bem na minha cama
Será que sou mais um caso perdido
Sonho ressuscitar um Cristo redivivo
Medicação por todo meu organismo
Nietzsche avisou não olhe pro abismo
Sonho ser funcional ter saúde mental
Sonho ser normal sonho ser igual
Todo doido sonha ser um racional
Mas na racionalidade é onde está o mal
terça-feira, 6 de agosto de 2024
A leitura nos dias atuais
As pessoas hoje não leem nem bula de remédio. A preguiça é tanta que o sujeito dorme na segunda linha da mensagem do WhatsApp. Nas redes sociais só veem fotos. É por isso que dão meus pêsames ao aniversariante, e feliz aniversário ao defunto. Isso, eu estou falando dos velhos, estou falando dos velhos. Pois essa geração que nasceu conectada passa em frente a uma banca de jornais e pergunta: “O que é isso?”. Se der uma revista em quadrinhos na mão deles, eles vão tentar arrastar a imagem com o dedo para o lado. Os professores arrancam os cabelos na sala de aula pensando em como passarão o conteúdo para quem não gosta de ler nem o enunciado. As faculdades formam gente que não sabe assinar o nome. As editoras que ainda existem disputam seus leitores aos murros, e muitas vezes com o golpe baixo da autoajuda e de romances cada vez mais açucarados. A leitura vai fazer com que você fique melhor no que é bom. A leitura por si só, não transforma o malvado em bonzinho. Tanto é assim, que as academias estão cheias de gente bruta. Mas, o conhecimento vai continuar na mão dos poderosos. A leitura não conseguiu transformar o mundo, mas ela vai fazer muita falta.