terça-feira, 1 de março de 2022

A princesa e o espião: O Impostor do Tinder, A Arte do Engano e Paolo Macchiarini

Eu assisti ao Impostor do Tinder e à Arte do Engano no Netflix após conhecer Paolo Macchiarini. Os psicopatas conseguem identificar àqueles que serão mais suscetíveis às suas sugestões. Ele sabe o que a pessoa deseja; e invariavelmente é ter uma vida interessante, mas as possibilidades são limitadas, pois todo mundo tem as suas dores de barriga. A vontade de ser uma princesa ou um super-herói é o mais comum. Todos os três eram príncipes-espiões perseguidos por inimigos imaginários. Sintomas de uma infância mal resolvida. As verdadeiras princesas brigam com as famílias dos esposos e os agentes secretos reais discutem com os seus cônjuges por causa da toalha molhada em cima da cama. Ninguém vive um dia inteiro como Jason Bourne. Tão impressionante quanto as mentiras são as suas vítimas acreditarem que merecem a suposta verdade contida nelas. Deixe um psicopata sem uma moeda no bolso e ele dará um jeito. As pessoas comuns sofrem com as suas derrotas; enquanto eles, carentes de empatia, não vêem limites na hora de irem atrás de seus objetivos. E com a mesma velocidade com que destroem vidas torram dinheiro. Se você conheceu um príncipe encantado espião, provavelmente ele é um sapo. 

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Carnaval

Todo ano a minha avó compra os discos das escolas de samba e nós aprendemos os enredos de ponta a ponta. A minha avó costura o meu bate-bola de cetim em sua máquina, e com o dinheiro que a minha mãe me dá eu vou ao armarinho comprar os decalques para colar na capa e a bexiga de plástico. De vez em quando uns bêbados juntam instrumentos, se vestem de mulher, e nós vamos atrás deles no bloco das piranhas. Mas o que nós gostamos mesmo é do carnaval de clube. Nós vamos para a matinê. Muitas meninas se vestem de melindrosa e muitos garotos de carrascos. No clube tocam duas bandas; uma no ginásio, e outra no salão. O pessoal mais velho que fica em casa, quando chega à noite faz churrasco na varanda, põe a televisão do lado de fora, e assiste ao desfile. Quem tem idade e não é tão velho para ficar em casa vai ao clube no baile dos adultos à noite. Ele dá voltas ao quarteirão. O pessoal mais velho que vai dormir bem mais tarde, assiste o desfile até o fim no canal 4 e aos bailes no canal seis. Algumas músicas nós só cantamos na época do carnaval; A Cabeleira do Zezé, Maria Sapatão, e o Ô Abre-Alas... Na terça-feira à noite nós ficamos tristes. Quando a banda toca aquela marcha mais lenta e arrastada de despedida do carnaval dá uma tristeza danada, pois nós sabemos que felicidade assim de novo só ano que vem.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Não importa

Não importa o que você fez ou o que os outros fizeram. Não importa o que aconteceu ou o que você deixou de fazer ou dizer. Não importa. Você não criou o mundo, não inventou as pessoas, e muito menos a si mesmo. Chega, chega de culpas, mágoas e ressentimentos. Os clichês servem nestes momentos. A culpa não é sua. Ninguém tem culpa de nada e você é tão vítima quanto os outros. O mundo seria da mesma forma caso você não estivesse aqui ou trocasse o dito pelo não dito. Não foi você quem inventou a roda, a bomba H, ou a história. Problema de cada um. Não faz diferença. Não se deve chorar pelo leite derramado ou pelo leite a ser derramado. É preciso apenas respirar e seguir em frente. É preciso ser como a zebra, ele apenas faz o que deve ser feito, não fica se perguntando o que é certo ou errado. Não existe melhor caminho, existem apenas escolhas. A única direção a seguir é o Norte. Siga sempre em direção ao Norte. Não se deve olhar para atrás como aquela mulher daquela estória fez. Não importa. I don`t care. I don`t mind. Forget about it.


Você é

Você não é quem era.

Você não é quem será.

Você é quem você é.

Agora, neste momento.


sábado, 26 de fevereiro de 2022

A Maioria

Uns fazem guerra.

Outros carnavais.

Mas a maioria,

não faz nada.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Este lugar não tem nada

Quando eu era criança em Caxias, na Baixada Fluminense, as pessoas diziam que lá não tinha nada. Nós fomos para a Penha, no subúrbio carioca, atrás de alguma coisa que eu nem sabia o que era. Fiquei décadas ouvindo das pessoas que lá não tinha nada. Depois que conheci a minha esposa e eu fui com ela para Campos no interior do Rio, e ao chegarmos lá, as pessoas disseram que não havia nada por ali. Ela decidiu que íamos para Piracicaba, no interior de São Paulo, uma das melhores cidades do Brasil, e chegando lá nos disseram que não adiantava insistir, aqui não tem nada. Voltamos para a Penha e eu perguntei: "Alguém fez alguma coisa?" E a resposta foi: "Não, nada."  Então nós decidimos ir embora do Brasil e viemos para Abrantes, Portugal. E as pessoas dizem que aqui não tem nada. A cidade é linda e tranquila. E não tem nada mesmo; não tem crimes, assassinatos, ou pessoas morando nas ruas. Talvez o que eles queiram sejam zonas, shoppings, boates, e bocas de fumo. E se não tem nada, por quê não fazem alguma coisa? Pode ser que essas pessoas sintam um vazio dentro de si, e culpem a cidade. Sendo assim, mesmo que forem morar em Manhattan irão reclamar depois de um tempo. Igual o Elon Musk, que não tendo mais o que conquistar na Terra, deseja ir para Marte, pois lá que é que está o bom. Onde será a minha próxima parada...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Transtorno de Estresse Pós-Traumático em soldados e policiais

Outro problema da guerra é que os soldados enlouquecem. O Estados Unidos tem um problema sério com estresse pós-traumático, suicidas, e dizem que até assassinos em série direta ou indiretamente relacionados às guerras. O meu avô não podia ouvir barulho de bomba que se escondia. Um senhor que morava na mesma rua que eu havia enlouquecido na guerra. J.D. Salinger enlouqueceu na guerra. Louis-Ferdinand Céline enlouqueceu na guerra. Ernest Hemingway que foi para guerra cometeu suicídio. Ninguém toca no assunto, mas vários soldados brasileiros das missões no Haiti voltaram com problemas graves. E os policiais não estão muito distante disse não, pois assim como os militares eles fazem o trabalho sujo da sociedade. Basta olhar o número de suicidas, assassinos, e encostados por depressão. Eu sei que a besta-fera humana precisa escoar a sua perversidade e o seu instinto de destruição, mas deveria existir uma outra forma de se fazer isso. Vai assistir às lutas, mas sem depois não pode arrebentar a cabeça do amiguinho, ou vai jogar videogame, mas depois não pode atirar na professora e nos coleguinhas de classe…