domingo, 26 de dezembro de 2021

John Doe no Dick Cavett

Dick Cavett - A curiosidade?

John Doe  - Acabou 

Dick Cavett - Quando?

John Doe - Com o advento da banda larga?

Dick Cavett - Porquê?

John Doe - Por causa da falta de tempo.

Dick Cavett - Como assim?

John Doe - Um jogo, um vídeo engraçado, um pornô, ou um livro?

Dick Cavett - Eu faço as perguntas.

John Doe - Um pornô.

Dick Cavett - Uma novidade ou uma celebridade? 

John Doe - Uma celebridade gera mais engajamento.

Dick Cavett - Alguém em especial?

John Doe - Aquela bunda que canta.

Dick Cavett - Quem vai disputar emprego com os robôs no futuro?

John Doe - Os curiosos...

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

O Presente de Beatriz

O presente de Natal que deixou Beatriz tão feliz foi um kit de beleza dado por uma vizinha. A menina de treze anos mora numa favela num pequeno barraco com a mãe empregada doméstica. A mãe diz que Beatriz aprendeu inglês sozinha. Intrigada a vizinha pergunta: "Na escola?", "Num aplicativo. Eu quero estudar nos Estados Unidos". Beatriz faz o cabelo das vizinhas e vende doces aos colegas para poder ajudar nas despesas. A vizinha pergunta: "Como você aprendeu?", "Não é no YouTube que se aprende tudo?", "E como você encontra tempo?", "Controlo num App até o tanto que passo nas redes sociais. Entro lá mais para mostrar os cabelos que fiz." Quando a vizinha saí, ela evita fazer comparações, mas pensa: "A menina teve sorte ao nascer com essa personalidade. Se a minha condição permitir eu vou comprar um computador para ela." Beatriz sempre utiliza o wi-fi da vizinha.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O melhor Natal da minha vida

Ele nasceu no Natal. Então a sua família comemorava o seu aniversário. Eles comiam, bebiam, trocavam presentes, e usavam as suas roupas novas. O aniversariante tomou uns copos de vinho, e a dançar e sorrir saiu pela porta dos fundos que era por onde os empregados entravam na mansão da família. Apesar de rico, ele usava vestes simples. O porteiro de plantão que conhecia os seus hábitos estranhos disse: "O senhor não pode deixar a sua família...", "A minha família é todo mundo." Ele respondeu. E o porteiro seguiu o homem. Naquela noite ele visitou asilos, presídios, hospitais, orfanatos, hospícios, prostíbulos, pontos de drogas... falou com gente de todas as raças, religiões, orientações politicas, ideológicas, e sexuais. O porteiro percebeu que ao lado dele o tempo parecia não passar. Já dia claro comentou: "Este foi o melhor Natal que eu passei." E ele deu o riso mais sereno que o porteiro jamais veria em sua vida.

O Jangadeiro e o Urubu-Malandro

Jangadeiro - Aí embaixo está cheio de jacarés. Está vendo aqueles pontinhos verdes? São eles... tudo de butuca em silêncio.

Urubu-Malandro - Por que ninguém diz nada?

Jangadeiro (ironia) - Com a valorização dos rios agora todos eles viraram subcelebridades.

Urubu-Malandro - Bom dia, jacarés?

Ninguém responde.

Jangadeiro - Eles não irão dizer nada.

Urubu-Malandro (insiste) - Bom dia, jacarés!

Jangadeiro - Não adianta... Nós não pertencemos à espécie deles.

Urubu-Malandro - Quer ver eles dizerem alguma coisa? 

Jangadeiro - Duvido. Aposto uma carniça.

Urubu-Malandro - Não concordo com nada do que vocês dizem!

Os jacarés saem voados em direção à jangada .

Urubu-Malandro - Toca o barco que os bichos "tão" tudo doidos!

Jangadeiro - Tomara que não bloqueiem o rio! 

Urubu-Malandro - Ufa... Pensei que ninguém ia dizer nada.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

MetaUniverso

 Neta – Vovó... nesta época acontecia o antigo Natal não era?

Avó – Sim, minha filha.

Neta – Vovó... é verdade da outra vovó que vocês andavam no meio da rua?

Avó (alerta) - Sim, é verdade minha filha.

Neta – Fazendo o quê?

Vovó – As mesmas coisas que fazemos hoje em dia. Só que ao ar livre.

Neta – Por quê?

Avó (desconfiada) – Não sei minha filha. As coisas eram assim. Ainda não existia o MetaUniverso.

Neta - É verdade da outra vovó que eram vocês que faziam as músicas de Natal?

Avó – Sim, minha filha. Nós fazíamos as músicas.

Neta – Mas não são os robôs que fazem as músicas?

Avó – Naquela época não existiam robôs do jeito que existem hoje.

Neta – A vovó prefere assim ou preferiria como era antigamente?

Avó (trêmula) – Eu prefiro assim, minha filha. Depois que o nosso salvador inventou o Metaverso em sua primeira intervenção o mundo ficou bem melhor.

Neta – Ah, tá, entendi Vovó... Ótimo.

Avó: “Esta minha neta virtual deve ser um caçador de infiéis. Meu Deus me ajuda... Não consigo parar de tremer.”

Neta – Seria uma contradição estar no MetaUniverso e não gostar, não acha? Os infiéis dizem que são obrigados...

Avó (medrosa) – Verdade minha filha, verdade... Seria contraditório.

domingo, 19 de dezembro de 2021

Por que passamos tanto tempo nas redes sociais?

Quando temos uma curtida ou vemos um meme nossos cérebros ganham descargas de satisfação instantâneas, assim como ao comermos doces, e elas nos fazem ir à caça de mais prazer. Por isso vivemos horas rolando essa barrinha aí ao lado à espera de pequenas doses de recompensa. A expectativa gera ansiedade e a superexposição às telas durante muito tempo prejudica o nosso sono, o que nos deixa mais estressados. A comparação com os outros faz com que fiquemos deprimidos. Não são mais os ricaços distantes das revistas, e sim os nossos vizinhos de porta com vidas mais "interessantes" que as nossas, numa época onde para sermos felizes supostamente só dependemos do nosso próprio esforço. O que gera frustração e culpa. As redes sociais precisam que passemos mais tempo nelas pois ganham com propagada. Então ao invés de apresentarem um conteúdo que pode desafiar nossa inteligência, elas nos envolvem cada vez mais no imediatismo de gostos e opiniões da "bolha" à qual pertencemos. Políticos, extremistas, e influenciadores desonestos em sua ânsia por audiência criam teorias conspiratórias contra os seus inimigos. O "robô do algoritmo" tendo o forte sentimento da ira como aliada, e querendo nossa atenção faz com que percamos tempo de trabalho, estudo, saúde mental, e convívio. Pensemos na bomba-relógio que é esse aparelho no bolso de uma criança ou adolescente. 

sábado, 18 de dezembro de 2021

Xenofobia Portuguesa

Portugal tem seis xenófobos que são tipo bolsonaristas. Se fui discriminado por meus pares posso sofrer preconceito até na Antártida. No Brasil vi discriminação de todo mundo contra todo mundo. Eu me sinto mais seguro num país onde as leis funcionam. Os portugueses em sua maioria formam um povo viajante e aglutinador. Não falo dos colonizadores, e sim do Seu Manoel, do Seu Ramiro, e da Dona Leontina. Sou cosmopolita e vivo onde quiser. Acho o nacionalismo uma piada e a globalização uma chatice. Podia ter nascido no Japão se o bom Deus assim desejasse. Não nego as minhas origens, mas não fiquei preso onde o meu umbigo foi enterrado. Quem é carioca e negro com DNA português que diz ser por causa de estupro do tempo da colonização não conhece a história do Rio da virada do século XIX para o século XX. Não sabe que inúmeros portugueses pobres viveram na cidade e constituíram família. O próprio Machado de Assis era filho de um descendente de alforriado e uma lavadeira portuguesa. Não consta que a sua mãe tenha estuprado o seu pai. E o sexteto ficará horrorizado ao saber que no caso dos brasileiros talvez sejamos parentes. Quem se meter a besta comigo e vier dizer: "Volte para o Brasil!" Vai ouvir: "Volte você!" Como trumpista não conhece história pouco provável que entenda a piada. Chega!