Alguns dos meus pacientes tiveram recaídas bruscas nesta época de confinamento. Como não conseguem ficar sozinhos e nem desenvolver atividades que necessitem de silêncio e solidão, esses pacientes sentem enorme dificuldade ao se verem confinados. Mesmo com as suas famílias. Aumentando assim os níveis de exposição as redes socias e à ansiedade. Levando alguns a cometer o ato intempestivo de ir para a rua, agravando o perigo de contágio e propagação do Coronavírus.
quinta-feira, 26 de março de 2020
A Síndrome do Interior…
Alguns dos meus pacientes apresentaram sintomas da Síndrome do Interior. São pessoas que normalmente moram numa cidade do interior com ótima qualidade de vida, e que vivem sonhando com cidades grandes; poluídas, e barulhentas. Estas pessoas vivem a reclamar que a cidade não tem nada. Mas também não fazem nada para melhorar a cidade. E não conseguem perceber as coisas boas que lá existem. Estão sempre em busca de outra localidade, como se este lugar pudesse curar a sua enfermidade. Culpam o local de nascença ou de moradia por seu mal, que na verdade encontra-se em seu interior.
quarta-feira, 25 de março de 2020
O Pronunciamento do Presidente...
Medo. Medo da morte. Medo de que o meu pai morra. Pensamentos catastróficos. E que morram pessoas da minha família. Pessoas que eu conheço. Senti medo que o Brasil finde. Espalhe o vírus pelo mundo. Acabe a vida na terra. Senti raiva. Ódio. Nojo. Repulsa. Instinto assassino. Vontade de voar no pescoço dele... Esganá-lo! Ele roubou a minha pureza. A minha paz. Subestimou a minha inteligência. Deu vontade de voltar para as redes sociais e xingar. Eu só ia xingar. Chorei três ou quatro vezes. Perdi a concentração. Fiquei dentro de casa andando de um lado para o outro. Eu preciso meditar. Alcançar a iluminação. Ser um filósofo da moda. Respirar alguns segundos. Esquecer. Rezar. Ficar em paz. Estar acima de tudo isto. Ter pensamentos positivos. Vou pensar positivamente. Ser um ser iluminado. Pacífico. Evoluído. Um verdadeiro guru.
terça-feira, 24 de março de 2020
É Preciso Parar De Culpar Os Chineses...
É preciso parar de culpar os chineses. É preciso parar de culpar os outros. É preciso ficar de quarentena. É preciso isolamento para o cérebro. Longe de tantos aparelhos… de tantas ideias que engavetam, e, engarrafam a mente. É preciso deixar de lado. Deixar a natureza respirar um pouco. Interromper o fluxo. Esquecer. Desligar a máquina. Ficar só com os próprios pensamentos. E pensar numa parada necessária. Tudo que aconteceu foi por desígnio da natureza. Uma fatalidade. Os governos não prestam. Disso todo mundo sabe. Mas ninguém tem culpa de nada. É preciso aproveitar a quarentena para ficar offline. É preciso manter a distância realmente. Mantenha distância! É preciso manter à distância das distâncias. É preciso tocar o outro. Mesmo sozinho, em silêncio.
segunda-feira, 23 de março de 2020
Gatos e Pombos...
As pessoas que davam ração aos gatos sumiram por causa do Coronavírus. Eu vi uma senhora de sua varanda jogando ração para os pombos. A idosa que leva alimento para os gatos nos jardins do castelo todos os dias continuou com a sua rotina. Acho que ela encara isto como um compromisso. Alguém sempre deixava um bocado de ração para os gatos ao lado da igreja. Os gatos da praça foram obrigados a correr atrás do prejuízo. O último pombo que vi foi devorado aqui embaixo no corredor. O gato estraçalhou o bicho. Havia sangue vermelho e penas brancas para todo lado. Um pombo branco é um símbolo da paz. Um gato é um animal que faz estripulias na internet. Imaginei um vegano apaixonado por gatos assistindo uma cena destas. Esta quarentena nos leva a pensar tanta coisa. Eu, hein! Besteira...
quinta-feira, 9 de maio de 2019
Uma Palavra...
Ele vivia perdido no alto de uma pilha de livros
Mas no cume da pilha, não havia sentido
Ele vivia perdido num mundo de palavras
Em meio às palavras não encontrava nada
Ele vivia perdido para um mar de gente
E para um mar de gente era indiferente
Ele vivia perdido para uma pá de olhos
E por um par de olhos perdeu o seu espólio
Ele vivia perdido por enormes narinas
Enormes narinas apontadas para cima
Ele vivia perdido para tantas mentes brilhantes
Mentes brilhantes que se julgavam diamantes
Ele vivia perdido para uma porção de bocas
Que disparavam palavras... iguais metralhadoras
Palavra que mata, palavra que mente
Palavra que humilha e que fere a gente
Palavra que se arrepende, mas que magoa
E palavras ao vento que são ditas à toa
É um mundo que acaba por causa de uma frase
E assim como um tolo teme pela falta de crase
Uma palavra tem de ser pensada
Uma palavra tem de ser lapidada
E não pode ser dita a toda hora...
Assim... do nada!
Mas no cume da pilha, não havia sentido
Ele vivia perdido num mundo de palavras
Em meio às palavras não encontrava nada
Ele vivia perdido para um mar de gente
E para um mar de gente era indiferente
Ele vivia perdido para uma pá de olhos
E por um par de olhos perdeu o seu espólio
Ele vivia perdido por enormes narinas
Enormes narinas apontadas para cima
Ele vivia perdido para tantas mentes brilhantes
Mentes brilhantes que se julgavam diamantes
Ele vivia perdido para uma porção de bocas
Que disparavam palavras... iguais metralhadoras
Palavra que mata, palavra que mente
Palavra que humilha e que fere a gente
Palavra que se arrepende, mas que magoa
E palavras ao vento que são ditas à toa
É um mundo que acaba por causa de uma frase
E assim como um tolo teme pela falta de crase
Uma palavra tem de ser pensada
Uma palavra tem de ser lapidada
E não pode ser dita a toda hora...
Assim... do nada!
quinta-feira, 2 de maio de 2019
Eu Sou...
Eu sou o negro em seu lugar
Eu sou Tupac
Eu sobrevivi a náusea
Eu sou Jean Paul Sartre
Eu venci o mal-estar na civilização
Eu sou um Sigmund
Eu sou o líquido Bauman
Eu sou um Zygmunt
Eu sou um estrangeiro
Eu sou Albert Camus
Eu faço a coisa certa
Pois eu sou Skype Lee
Em um século de solidão
Eu sou Garcia Marques
E luto contra a mais valia
Pois eu sou Karl Marx
Eu sou Simon, eu sou Garfunkel
Eu sou o som do silêncio
Eu sou Chirstopher Reeve
Eu posso voltar no tempo
Eu sou Durkheim relativismo
Eu sou Einstein relatividade
E eu sou Nelson Mandela
Em busca da liberdade
Eu fugi da caverna
Pois eu sou Platão
Eu vi o mundo lá fora
Eu vi além da escuridão
Eu vim, eu fui
Eu vou, eu sou
Eu sou sim
Eu sou o verdadeiro...
Delano Valentim!
Eu sou Tupac
Eu sobrevivi a náusea
Eu sou Jean Paul Sartre
Eu venci o mal-estar na civilização
Eu sou um Sigmund
Eu sou o líquido Bauman
Eu sou um Zygmunt
Eu sou um estrangeiro
Eu sou Albert Camus
Eu faço a coisa certa
Pois eu sou Skype Lee
Em um século de solidão
Eu sou Garcia Marques
E luto contra a mais valia
Pois eu sou Karl Marx
Eu sou Simon, eu sou Garfunkel
Eu sou o som do silêncio
Eu sou Chirstopher Reeve
Eu posso voltar no tempo
Eu sou Durkheim relativismo
Eu sou Einstein relatividade
E eu sou Nelson Mandela
Em busca da liberdade
Eu fugi da caverna
Pois eu sou Platão
Eu vi o mundo lá fora
Eu vi além da escuridão
Eu vim, eu fui
Eu vou, eu sou
Eu sou sim
Eu sou o verdadeiro...
Delano Valentim!
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