você acorda no meio do filme, e percebe que o mocinho irá morrer no final, não importando o quê ele faça. depois que nós deixamos o cinema vamos comer alguma coisa. e pouco importa que o personagem seja músico, extraterrestre ou engenheiro. você chega a conclusão de que se ele pudesse viver cem anos, ao invés dessas duas horas, perceberia que o tempo é imbatível por ser tão veloz, um século não é nada para a historia, e daqui a cinco anos, outros personagens irão surgir, e aquele personagem, daquele filme, vai ser apenas a lembrança de uma noite agradável num cinema. talvez a gente nem saiba dizer do quê tratava o enredo do filme. em todo canto tem alguém com alguma fórmula, ou caminho mais seguro para uma vida mais segura, e se você quiser acompanhar o rebanho, terá que comprar, na próxima semana, o que há de mais moderno no mercado, mas o novo em um ano se torna obsoleto. o novo hoje, é descartável como a vida. você sabe que o mundo já acabou outras vezes. só que dessa vez o nosso poder de destruição é maior. alguma teoria. os filmes de ficção científica são proféticos? ou fazem parte da memória do futuro? o tempo não é linear, e tudo acontece ao mesmo tempo em todos os lugares? será que é uma memória da espécie? não importa se amanhã você vai descobrir que fulano é isso, e ciclano é aquilo, não faz diferença! pois se você souber observar, verá quê todos nós temos as nossa vacilações, a diferença é que uns percebem isso, e outros não, e mesmo entre os que percebem, existem aqueles que não dão a mínima importância. então morrer, ou se matar por causa do que quer que seja, não, faz diferença! assim como se fazer o quê não quer pode ser entediante, se fazer o quê se quer, também. mas a diferença, é que não faz diferença!
quarta-feira, 2 de abril de 2014
segunda-feira, 31 de março de 2014
Ele, Com Aquele Colete da Prefeitura...
todos os dias eu passo aqui nessa esquina, mais ou menos a essa hora. e, ele, com aquele colete da prefeitura está aqui. mas eu prefiro quando ele não está. pois me arrisco no meio dos carros, a adrenalina sobe pra cabeça, é uma loucura! eu sinto uma vibe parecida com a que um surfista sente perante uma onda gigante. mas os melhores dias são quando ele não está. pois quando ele está, eu tenho que esperar que venha alguma mulher. que alguma mulher me acuda, pois assim como muitos motoristas de ônibus, que só param no ponto se tiver alguma mulher, que ele julgue gostosa, é claro, este cara só fecha o sinal, se tiver alguma mulher por perto. ainda bem que ele não perde tempo escolhendo. a menina com o uniforme da empresa vai atravessar agora. é a sua vez de brilhar, ele gira o apito, e faz o escambau para impressionar a menina. eu vou aproveitar a carona, e atravessar. até mais! a gente se fala...
domingo, 30 de março de 2014
Cadê a Feira da Rua Montevidéu?!
hoje os moradores do pacífico bairro da Penha, acordaram com uma notícia inusitada. a tradicional feirinha da Rua Montevidéu, patrimônio histórico cultural e universal tombado do bairro, havia sido transferida por motivos de força maior, para a Rua Belisário Pena. a Rua Montevidéu no dia de hoje, deu lugar a mais um estacionamento ao ar livre, como muitos desse que temos espalhados por nosso bairro. boa sorte aos moradores da Rua Belisário Pena, e boa sorte aos comerciantes da Rua Montevidéu. quem sabe o próximo passo seja mudar a Igreja da Penha de lugar. assim como foi extirpada a única área de lazer local que era o Parque Ari Barroso, onde, hoje inclusive, se encontra uma UPA que não funciona, digamos, adequadamente. num bairro que tem uma porção de postos, clínicas e hospitais.
sexta-feira, 28 de março de 2014
Vai Ter Quebra-Quebra!
Dona Lídia grita, pergunto, sério? diz, sim! Fico imaginando uma porção de vândalos saindo do Buraco, invadindo, e saqueando tudo. corro em direção a um abrigo nuclear. perguntei a ela sobre o helicóptero que sobrevoou nosso pacato bairro a tarde inteira. com o dedo hasteado Dona Lídia disse, são os vândalos... vai ter quebra-quebra! depois baixou os olhos, e concluiu, dizem que tem um artefato que pode ser explosivo na Romeiros. os traficantes mandaram fechar o comércio! ela passa a mão nas crianças, e corre desabalada, vão bora! Dona Lídia contou trezentos e sessenta cinco assaltos na Nicarágua ano passado. entro em casa, e me escondo embaixo da mesa com medo dos terroristas.
sábado, 22 de março de 2014
Você Sabia Que a Passagem Vai Aumentar de Novo?!
parte um - ele disse, não. eu não sabia. e o outro disse, vai aumentar a passagem dús treins do Rio, e vai aumentar a passagem dús metrô. ele diz, aumentarú a passagem dus ônibus, tú num acha qui elis num vaum aumentar dus trem, não, coé! e dús metrô, naum? e surgem aquelas risadas sem graça ao fundo. fala tú? e vai aumentanú, aumentanú, e eu já tô ficandú boladú, moro? i só no nosso lombo, só no nosso courú, eu já tô ficando agúniado, ele gesticula, e já num tô vendo a hora de tê um colapso total nesse país, uma guerra civil, por causa dessa palhaçada, por causa dessa ninharia, que eles roubam da gente, é ninharia! ele corta, mas de grão em grão a galinha enche o bico! e diz, você acredita nisso, eu não acredito, aqui, não, no Brasil, não. nós já demos prova que somos pessoas pacíficas várias vezes, ele disse, é mesmo... besteira. vai tê copa do mundú aí, vamu comemorá, vamu comemorá! diz o ator fantasiado de negro na tela do aparelho da menina. ele mudou de assunto. parte dois - ele disse, eu me lembro de quando eu pegava esse 485 com um vale transporte de quarenta e cinco centavos. e o outro continuou, você conhece as vítimas do 485? ele diz, não. vítimas de quê? o cara vem pro Rio, e aí ele fica hospedado na Penha, vamos supor,ele fica na sua casa, e ele pega o 485 indo em direção a Copacabana, mas antes disso, mas ele não lê que aquele 485 vai para o Fundão. ele disse, mas isso acontece tanto assim, meu amigo? é, mesmo, eu estou sabendo disso, não. ele disse, é, acontece direto, pô... ele continua, caramba, caraca, aconteceu com todo mundo que ficou hospedado lá em casa. eles descem em Olaria. olham para um grafite do Amor. e saem andando.
quarta-feira, 19 de março de 2014
A Filhinha da Cláudia...
eu queria ser como a filhinha da Cláudia, ela não ficou choramingando como eu faria, e dizendo esperar que justiça seja feita, nós sabemos que justiça não será feita, nunca, mas a filhinha da Cláudia, não tem nada a perder, ela já perdeu tudo, ela já perdeu a sua mamãezinha que cuidava dos oito filhos, e na dor ela tem sido forte, creio que ainda nem teve tempo de chorar a morte da sua mamãezinha, mas ela já diz aquela verdade que está entalada em nossas gargantas, e mesmo estando filmado, nos falta coragem, dá medo dos tiros, dos ternos, das unhas bem cuidadas, das mãos lisas, dos dedos com alianças douradas, fardas, diplomas, cadeia, morte, pratos vazios, livros ultrapassados, hospitais sem anestesia, trens lotados, nós precismos da filhinha da Cláudia, nós precisamos mais dela do que ela precisa da gente, chega de ficar contando com o Joaquim Barbosa, lá, sozinho, feito uma voz solitária no fundo do mar, com aqueles ministros mandados perto dele, vem mais uma copa no Brasil, o gigante cochilou, e mais uma vez nós queremos jogar todas as responsabilidades em cima de um só Barbosa, mesmo na dor, a filhinha da Cláudia não teme os cargos públicos, as autoridades, a fala pomposa, e requintada, o suprassumo do saber como diria Bezerra da Silva, a filhinha da Cláudia tem a mesma força dos índios que resistem a nossa falta de cultura, essa guerra já deu no saco, já deu o que tinha que dar, já deixou vítimas demais, de todos os lados possíveis, e quem está na linha de frente do campo de batalha, nunca está na linha de frente das decisões, e vice-versa, para que tomar partido numa guerra que não é sua, vamos deixar a nossa breguice de lado, ninguém vai parar de usar drogas, é mentira, nós já nos entupimos o tempo todo, por todos os poros, assistindo, ouvindo, comendo, respirando esse ar poluído, vamos descriminalizar as drogas para que acabe essa guerra maldita, e ao invés de ficar correndo atrás de traficantes varejistas, vamos correr atrás dos nossos irmãozinhos que correm o dia inteiro atrás do crack, vamos cuidar da nossa depressão de outra maneira, das nossas compulsões, e psicopatias, já sabemos que o homem nasce mau, e que talvez o meio o faça bom, tem uma porção que diz que não usa droga, e se encharca de bebida, e com droga, ou sem droga, mata, armado, de carro, com arma branca, às favas com as suas condolências! e que as suas malas cheias do nosso dinheiro, pesem em suas mãos, e que com todo o seu poder, vocês afundem até os seus infernos, demônios, já que é isso que vocês desejam, cheirem do melhor pó, bebam do melhor uísque, se deliciem com os melhores corpos, mandem seus filhos estudar fora, sejam felizes, enfim, mas deixem as nossas vidinhas em paz, e jornalistas Playboy`s, não é no morro de Congonhas, é morro da Congonha! errado ou não, eu tenho certeza que Deus existe, e que a filhinha da Cláudia, um dia, vai poder se reencontrar com a sua mamãezinha, no céu.
sexta-feira, 14 de março de 2014
O Frank Enlouqueceu o Maluco!
a mosca posa na borda do copo. o ventilador sopra, preguiçoso. o cachorro lambe as pernas em que o gato se enrosca. você dá cabeçadas no ar. o rapaz se agita, e diz ao policial, eu não aguento mais esses vizinhos... eles ficam batendo na parede a madrugada inteira! é como se tivessem batendo na minha cabeça, tum, tum, tum, e eles ficam ouvindo o Frank! eles sabem que eu não gosto dele... eles sabem que eu gosto do Raul, do Zé... o Policial olha para o rapaz que parece perturbado, e pergunta a ele, o quê eles fazem senhor? o rapaz responde, o quê eles fazem? você quer realmente saber o quê eles fazem?! eles ficam ouvindo o Frank o tempo inteiro, e ele dá aqueles gritinhos... é só isso que eles sabem fazer! pausa. e isso é enlouquecedor! eu sei que eu sou maluco, mas eu sou um maluco... a mãe dele diz, não diz isso, me deixa falar... ele continua, não, mãe, agora eu vou falar, agora eu tenho que falar! eu não gosto daquele tecladinho de churrascaria, aquilo é sofrível! você pensa, o Frank enlouqueceu o maluco. o cachorro lambe a sua cara. você tira a mão de dentro do copo. desliga a televisão. mergulha na tarde sonífera do subúrbio. colorento. a mosca posa em seu nariz. você cochila. sonha que está colhendo morangos num calor de cinquenta graus. o policial se vira para a câmera, e diz, como vocês podem verificar, a vizinhança dorme, silenciosamente...
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