comecei a ouvir jazz um dia desses. não porque tem selo de bom gosto ou porque sou preto. mas por acaso estava ouvindo ao rádio e gostei de um programa de jazz. já fui a festival de jazz, e tentei ouvir diversas vezes. sempre gostei dos filmes. e das histórias dos músicos. o jazz diferentemente do chorinho, que acredito ser a música instrumental mais agradável do mundo, sempre me soou estranho. da mesma forma a música clássica, ainda hoje, embora ouça quando preciso relaxar. e também goste das histórias de seus compositores. mas o meu ouvido finalmente parece ter cansado um pouco, da sonoridade pop, não que eu tenha deixado de amar, ou ouvir a cultura pop, underground ou alternativa. mas é que nessa nova fase posso experimentar coisas que antes não conseguia. ou para as quais não tinha ouvidos. acredito que assim como na literatura, na música, passamos por fases em que vamos amadurecendo. há exceções sempre. mas no geral não adianta pular essas fases. pois sempre dá merda. vejo pessoas que forçam leituras para as quais não estão preparadas, e depois posam de sabichões sem ter entendido bulhufas. com isso se perde a novidade do primeiro contato. talvez acabe o tesão com a descoberta precoce. há livros que leio hoje, que não teria lido antes. então passei a ouvir jazz. não como uma obrigação. ou porque é cult. mas por prazer. estou no início da minha paixão por John Coltrane. ouço John Coltrane todos os dias. o que mais me impressiona em sua música, é que ela se adapta a meu estado de espírito, e o transforma. é a música que não me atrapalha. e não precisa da minha atenção para ser compreendida. ela me pega e me joga na serenidade. mesmo que esteja escrevendo. consigo raciocinar e ouvir John Coltrane. até me ajuda. e tecnicamente não entendo nada de jazz. e se o John é uma música intimista, e de improviso, como acredito ser uma música que pede a proximidade do ouvinte. não sinto nada assistindo jazz na tevê. ou em grandes shows. jazz é música para lugares pequenos. John Coltrane te dá essa sensação. John Coltrane havia dito que a sua música era religiosa. assisti isso num documentário sobre jazz. e nele um cara disse que John Coltrane, um pouco antes de morrer, perguntado o que faria dali para frente, disse que se tornaria santo. e como disse o meu vizinho ao ouvir essa história. ele conseguiu.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
quarta-feira, 1 de maio de 2013
O Lixo da Cidade...
eu vinha pensando numa música sobre o lixo. mas aí pintou aquele documentário Lixo Extraordinário, e era esse o nome que eu queria. desanimei um pouco. eu via isso escrito nos caminhões e achava sensacional. as ideias estão no ar. no carnaval eu fui ao local do Rio que eu acho mais bonito. o Arpoador. aquela vista, não vi todas, mas na minha opinião é a vista mais linda do mundo. vi o calçadão todo sujo. uma sujeira deprimente. não que eu me importe com aquele discurso enérgico dos moradores de Ipanema. eu quero que eles se explodam! mas me preocupo com a imundície. quem joga lixo no chão é porco e nada mais. mas pessoas insuspeitas são porcas, gringos de países europeus limpíssimos, esses que dizem aproveitar um pouco a liberdade que não tem em seu país, como gostam de apregoar sobre o Brasil. sei o tipo de liberdade em que eles estão interessados... o mesmo... que... ah, deixa pra lá. cheguei a conclusão de que quem suja essa porra somos nós. de várias maneiras. e me veio o Robert de Niro de Táxi Driver que chama as pessoas de lixo por sua falta de caráter. ou pelo menos pelo que ele acredita ser falta de caráter dentro da moral de alguém que leva uma dama num primeiro encontro para assistir a um filme pornô num inferninho. Isso me inspirou um pouco. na musica falo de como o corpo expele o seu lixo. e que existem lixos sobre determinados pontos de vista. nós somos lixo orgânico. tenho os meus pecados. e se não existe uma merda de um banheiro químico por perto, eu simplesmente não consigo ir contra a minha natureza, senhor prefeito. não que ache isso bonito. é feio. mas fazer o quê, né? quem tem que limpar a sujeira do cachorro é o seu dono! disponibilizei o vídeo com a música em que estou tocando violão. não é uma música para se dançar ou conquistar garotinhas. a questão está na letra. se tiver interesse, dá uma ouvida. o nome da musica é O Lixo da Cidade.
terça-feira, 23 de abril de 2013
Cena de Filme Nacional...
é um cenário conhecido, uma cena de filme nacional. um bar decadente na rua da zona. num domingo, ou num feriado santo qualquer. três da tarde, aquele sol vespertino, e deprimente. o dono do bar lendo um jornal velho atrás do balcão, com o qual também espanta as moscas. pega a toalhinha que está sobre o balcão e seca o suor da testa. o cheiro de gordura impregna o ar. no boteco adentra um rapaz de outro estado, nordestino, talvez, e que tenta manter algum tipo de raiz com o seu lugar de origem. uma mulher que foge. vai embora com outro. volta para a sua terra. enquanto o rádio ao fundo toca alguma música do Roberto Carlos.
terça-feira, 16 de abril de 2013
A Rua dos Quebra-Molas!
naquela esquina sempre colava uma rapaziada. que fumava um baseado, e que fizesse chuva fizesse sol tava sempre ali no carteado. com o tempo ele mesmos fizeram uma proteção contra a chuva. fizeram bancos mesas, e uma churrasqueira de cimento. sem a ajuda da prefeitura. e alguém arrastou um sofá cortesia de uma tia aposentada. existiam uns que praticamente moravam ali. independente das reclamações de "suas" "mulheres" ou da "polícia", ou dos fofoqueiros da rua. o que eles também eram. mas eram eles também que agitavam os blocos de carnaval e as festinhas juninas. e ainda o campeonato de golzinho. ou seja, eles eram imprescindíveis para a economia, cultura e desenvolvimento local. por isso que todo mundo acabava aturando aquela rapaziada que quando exaltada pelo jogo de buraco, falava mais palavrão que o Kid Palavrão. que era o moleque que mais xingava palavrão nas redondezas. numa manhã de sábado de sol escaldante, e de todo mundo sem um puto no bolso. na sexta feira todo mundo se entocou cedo por falta de grana, tudo que era malandro tava liso. olhando pro tempo naquele sol de onze da manhã. um deles com os olhos perdidos na parede da firma do outro lado da rua, disse: vamos fazer quebra-molas! como assim? lá em casa tá cheio de cimento e de material de construção que sobrou da obra do meu pai. e daí? e daí que a gente passa o caderninho, igual nós fizemos na copa pra pintar a rua. pra poder comprar as coisas pra fazer os quebra-molas. e aí todo mundo vai ficar tocado, e vai querer proteger as criancinhas dos atropelamentos, e vai contribuir nem que for com dez contos. é início de mês, e todo mundo tá com dinheiro. um deles disse: rapa, tu é um gênio! dito e feito. rolou toda aquela encenação de recolher dinheiro, e de ir comprar cimento. e a noite aconteceu o maior churrasco que aquela rua já teve. cortesia do pai do rapaz e dono da obra. pelo aniversário do filho que seria comemorado na semana seguinte. e a rua ficou conhecida como A Rua dos Quebra-Molas.
domingo, 14 de abril de 2013
Pé-Sujo!
ele sempre parava naquele bar que fica próximo ao hospital e funciona 24 horas. e parece não fechar em nenhuma data, seja ela, santa ou pagã. um ambiente frequentado por todo tipo de gente, ou melhor, pelo pior tipo de gente. esse que recebe adjetivos como boteco. caga-sangue. pé-sujo. última-gota. onde se encontra o clássico torresmo, a linguiça frita, e os ovos coloridos. amarelos e cor de rosa. onde a maquininha sempre toca Maluco Beleza. debruçado no balcão o cidadão tomava o seu refrigerante, quando adentrou ao local um bêbado conhecido. ele havia pulado o corpo de outro bêbado da redondeza, que derrotado, jazia na porta do bar. esse bêbado que ainda não chegara as vias de fato, um tipo que balança, mas não cai. ou vaso ruim não quebra. disse: cachaça na veia! e depois de cuspir ao apontar o bêbado caído na porta do bar. balão! e se dirigiu até um dos bolsos do bêbado derrotado, e tirou de lá algumas moedas. pôs no balcão, e ordenou: uma cachaça! o dono do distinto estabelecimento, sem pestanejar, serviu-lhe uma dose. depois de furtar o gole do santo, e jogar toda a maldita goela abaixo, o bêbado se encaminhou ao bêbado derrotado e vistoriou o seu outro bolso. puxou um pacote de biscoitos recheados. pôs no balcão. uma cachaça! o dono do ambiente familiar, não teve dúvidas. pegou o pacote, misturou na prateleira com os outros, e depois de uma que desceu na pancada, o bêbado que estava de pé, cedeu e caiu dormindo numa cadeira. o cidadão que tomava o seu refrigerante apoiado no balcão gritou. Caralho!
domingo, 7 de abril de 2013
Assassinos por Natureza!
nada justifica um
assassinato. quando um psicopata empunha uma arma, e todos aqueles que têm
armas são psicopatas, sejam eles das forças de paz da ONU, das polícias
que foram criadas para nos "proteger", ou soldados que protegem
os seus países, ou quem porte uma arma para proteger a sua
família, ou o que quer que seja, é um assassino em potencial. mesmo que se
apodere dessas imundícies ideológicas que justificam atos violentos. Lao Tsé
disse que "a simples existência das instituições é uma prova de
declínio do cárater do homem." se você dirige alcoolizado, você é um
psicopata que gosta de desafiar a morte, e pôr em risco a tua vida, e a vida
dos outros. quando você mata alguém, na verdade, você está matando quem irá
ficar vivo. a pior morte que existe é a morte em vida. andar
arrastando um corpo morto por aí. antigamente se acreditava que os homens
nasciam bons, e que o ambiente os corrompia. hoje, eu acredito, que é o
inverso, nascemos tenebrosos, e talvez alguém faça alguma coisa para mudar
isto. a maior parte de nós, brasileiros, somos extremamente violentos. assim
como a maior parte do povo americano, indiano, mexicano e etc. somos
a favor da pena de morte, que já existe, não institucionalizada.
Justiça é vingança, como já foi dito. e a maior parte de nós, agora,
queremos ter o direito, de se vingar dos marginais ainda mais
jovens. alimentando o ciclo de ódio. para se diminuir a
violência neste país, será necessário mexer no bolso de muita gente
corrupta, e materialista. inclusive de nós, mesmos. nunca o mundo irá viver
numa paz eterna. a não ser que a você acredite em estórias da
carochinha. sempre irá existir um psicopata trancafiando a filha num
porão durante décadas. mesmo num país civilizado. vejo por mim, a minha esposa
pintou os cabelos. eu estou barbudo e cabeludo. um verme ficou rindo da gente
num supermercado. pois o brasileiro é racista e preconceituoso. mas quem
vive com eu vivo, não pode reclamar de chamar a atenção
de imbecis no meio da rua. a intenção é esta. pois sou um transgressor,
e tudo que faço é lutar contra os preconceitos. mas se eu tivesse um revólver
ali, teria matado o desgraçado. ainda bem que pelo menos, aparentemente, sou
contra a violência. igual a todos nós. preferiria morrer. do que matar alguém
em legítima defesa. ao invés de ficar igual o avô de Garcia Marques. que após
voltar de uma guerra em que matou um homem. passou o resto da vida a dizer.
caralho, como pesa a morte em minhas costas!
sábado, 23 de março de 2013
Eu Não Sou Cachorro, Não!
o Velho estava deitado ali debaixo daquela passarela que dá para o outro lado da Penha. quando veio uma dessas mulheres que passam Leite de Aveia Davene com um poodle no colo. o quadrupede vestido e calçado. esse deve fazer até ioga! pensei. quando o velho perguntou: pode me ajudar para que eu tome um café? ela não respondeu. e o velho retrucou: eu não sou cachorro não!
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