naquela esquina sempre colava uma rapaziada. que fumava um baseado, e que fizesse chuva fizesse sol tava sempre ali no carteado. com o tempo ele mesmos fizeram uma proteção contra a chuva. fizeram bancos mesas, e uma churrasqueira de cimento. sem a ajuda da prefeitura. e alguém arrastou um sofá cortesia de uma tia aposentada. existiam uns que praticamente moravam ali. independente das reclamações de "suas" "mulheres" ou da "polícia", ou dos fofoqueiros da rua. o que eles também eram. mas eram eles também que agitavam os blocos de carnaval e as festinhas juninas. e ainda o campeonato de golzinho. ou seja, eles eram imprescindíveis para a economia, cultura e desenvolvimento local. por isso que todo mundo acabava aturando aquela rapaziada que quando exaltada pelo jogo de buraco, falava mais palavrão que o Kid Palavrão. que era o moleque que mais xingava palavrão nas redondezas. numa manhã de sábado de sol escaldante, e de todo mundo sem um puto no bolso. na sexta feira todo mundo se entocou cedo por falta de grana, tudo que era malandro tava liso. olhando pro tempo naquele sol de onze da manhã. um deles com os olhos perdidos na parede da firma do outro lado da rua, disse: vamos fazer quebra-molas! como assim? lá em casa tá cheio de cimento e de material de construção que sobrou da obra do meu pai. e daí? e daí que a gente passa o caderninho, igual nós fizemos na copa pra pintar a rua. pra poder comprar as coisas pra fazer os quebra-molas. e aí todo mundo vai ficar tocado, e vai querer proteger as criancinhas dos atropelamentos, e vai contribuir nem que for com dez contos. é início de mês, e todo mundo tá com dinheiro. um deles disse: rapa, tu é um gênio! dito e feito. rolou toda aquela encenação de recolher dinheiro, e de ir comprar cimento. e a noite aconteceu o maior churrasco que aquela rua já teve. cortesia do pai do rapaz e dono da obra. pelo aniversário do filho que seria comemorado na semana seguinte. e a rua ficou conhecida como A Rua dos Quebra-Molas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário