a produtora na sala
conversa com a minha esposa. ela tem dois filhos e tem dez anos de casada.
cara, o meu marido ele, é incapaz de trocar uma ideia dessa que nós estamos
trocando aqui. a minha esposa ri complacente. a produtora usa óculos, tem
cabelos vermelhos, e tatuagens. eu a imagino quando avó. ela diz: ele ficou
feliz da vida que conseguiu ler um livro do Paulo Coelho. Coitado, mal sabe ele
que os intelectuais são obrigados a odiar o Paulo Coelho. ele disse que leu o
Paulo Coelho para todos os meus amigos como se eles achassem o máximo... um dia
eu perguntei a ele quem era o seu maior ídolo, sabe o que respondeu? Zico, sim,
o homem mais útil da humanidade para ele, é o Zico. como eu ia
explicar que o meu é o Nietzsche? coitadinho do bichinho, mas gosto tanto dele.
cuida tão bem das crianças... menina tem de ver o amor que ele tem pelos
pequenos. é tão carinhoso comigo... o meu marido é o cara! ela sorri. a minha
esposa sorri. eu penso. feliz dia das mulheres...
sexta-feira, 8 de março de 2013
quinta-feira, 7 de março de 2013
Mais Leitura Menos Televisão...
assisti um documentário em que um cara diz que a leitura é a atividade mais criativa dos seres humanos. quando a diretora de uma escola municipal aqui da Penha, que tem uma das avaliações mais altas ao longo da história, foi indagada sobre o aproveitamento dos alunos, ela disse que a diferença é que uma vez por semana durante meia-hora, eles podem escolher o que quiser para ler. é uma tradição da escola. assisti num programa de tevê, um casal que educa seu filho em casa, com ótimo rendimento, dizer que ele não é obrigado a estudar, e sim a ler o que quiser durante meia-hora todos os dias. Machado de Assis. autodidata. Nelson Rodrigues. autodidata. Plínio Marcos. autodidata. e por aí vai... não tenho dúvida que o que fez a diferença na vida desses ídolos foi a leitura, e o convívio com a palavra. mesmo num tempo em que ainda existia educação no Brasil. um dos filhos de outro casal que foi educado em casa, passou no vestibular de medicina (acho), aos doze anos de idade, só de sacanagem, para mostrar que era capaz. e hoje ele, e seu irmão tem uma carreira bem sucedida na área de informática. é lógico que não se trata apenas disso. embora toda obrigação seja um porre. pois o pai do moleque que é obrigado a leitura diária, diz que a escola não educa o alundo para ser humano. é isso que a leitura, sem direcionamento, faz. ela quebra barreiras. preconceitos. abre as portas para o senso crítico e para a criatividade. pois ter habilidade, é diferente, de ter sabedoria. a educação formal, na maioria dos casos, te dá habilidades. mas não sabedoria. um prêmio Nobel pode ser um imbecil com o qual eu não consiga trocar um dedo de prosa na Rio Branco. nesta época de democratização da informação. a busca do conhecimento tende a ser ignorada por todas as facilidades embutidas nela. basta ver o que as pessoas mais procuram na internet. então quem tiver conhecimento, terá tudo. como sempre. leia em pé no ônibus. sentado na privada. ou enquanto espera na fila. sempre há um espaço para a leitura. e por mais insignificante que ele seja, daqui a algum tempo você verá que aquilo que leu naquele livro, irá servir para alguma coisa. televisão não. a televisão explora o sensacionalismo. com rara exceções. e noticiário faz mal ao espírito. evite principalmente os noticiários.
domingo, 3 de março de 2013
Renato Russo, Raul Seixas... (Cultura Pop)
eu não vou usar a minha caneta para danificar a imagem de pessoas que admiro. ainda mais agora que estão "mortas" e não podem se defender. então se você é um analfabeto funcional igual a maior parte da população que não consegue ler um livro por ano, e nem consegue interpretar o que lê, por favor, não vá sair por aí dizendo que falei mal deles. mas não deixe de ler para que pegue o hábito. Renato Russo é um letrista de uma classe suntuosa. alcançada por poucos, como Chico Buarque e Cartola Ou Jorge Aragão. uma poesia extrema. já o Raul era a criatividade em pessoa. não acredito em comparações, mas mal comparando, o Renato Russo é uma espécie de Rimbaud para a letra de música. o Raul junto do Caetano e do Gil, foi o artista que talvez mais tenha experimentado estilos musicais. quem vê o Raul como roqueiro não conhece a sua obra. pois ele é roqueiro, também. o Raul é o maior propagador da liberdade na letra de música. assim como Henry Miller para a literatura. o Brasil tem os maiores letristas do mundo. e normalmente os ídolos são superados. eu vi isso com os meus próprios olhos. Gilberto Gil destruiu no show em Copacabana e depois... acontece que nós falamos português. talvez por isso tenhamos os melhores letristas. embora as regras do português sejam idiotas, o português é uma língua com mais recursos. e talvez por tudo que fuja do inglês nossos artistas não tenham um status maior, como tem aqueles que escrevem nessa língua como Lennon, Shakespeare, Dylan e Marley. você pode ficar puto por não ganhar um Oscar por causa do preconceito. mas também não pode achar que o Oscar seja importante. ou o prêmio Nobel , que ainda não temos. ou o que quer que seja. sei lá, um novo papa. ou santo. mas nós podemos construir um país que não precise de nada disso. embora eu saiba que só um milagre... assisti o documentário sobre o Raul, que é o melhor documentário que assisti sobre um ídolo até agora. gostei que apareceu todo mundo que faz parte da história do Raul. foram entrevistados os familiares. as mulheres americanas e suas filhas, todo mundo. adorei o final com o Caetano dizendo: Raul, as pessoas não morrem! mas o Raul se matou. assim como o Renato Russo. a Amy Winehouse. e o Kurt Cobain. esses se mataram porque queriam virar mártires. outras pessoas como o Cazuza e o Tim Maia não queriam morrer. esses parecem ter feito de tudo para facilitar as coisas. no documentário Rock Brasília tem uma hora em que o Dado diz: quebrar hotel... sabe aquela coisa de biografia... cortar os pulsos (adolescente) e chamar a mãe... o próprio Renato havia dito que as pessoas gostavam de ver o Kurt Cobain se destruindo. no Rock Brasília mostra como o Renato manipula a sua própria história de ídolo. não julgo quem faz isso. que evidente naquela confusão em Brasília. ele podia ter tocado músicas de andamento menor para esfriar o público. mas ele ataca, vai pra cima. ou pelo menos a edição do documentário dá essa impressão. e tem uma hora em que ele conta uma história em que debocha de um usuário de drogas. debochar de drogas de frente para um público que em boa parte é por drogados putos que esperaram por mais de duas horas a Legião. as biografias sobre o Renato Russo, e olha que eu já li três delas, talvez as principais. não conseguiram me explicar porque aquilo tudo aconteceu. por isso nunca entendi aquele dia. sempre me perguntava. pô, o público ficou puto com ele? e o Renato ainda chama Brasília de cidade de merda ou coisa parecida. eu posso falar mal da minha cidade, você não. decifrado o enigma. nossos ídolos são de carne osso. eu vi Paul McCartney no Engenhão, o homem que revolucionou a música pop, e que é o Beatle mais vanguarda. tudo indica que fuma maconha até hoje. e mais importante que isso, está vivo. isso para não falar no Chico, Caetano, Dylan... então acredito que para a criatividade não exista uma época. assim como quando surgiu o Nirvana ninguém acreditava que o rock and roll a música dos nossos colonizadores fosse se renovar, e veio o grunge e toda aquela história. e assim eu vi surgir a Amy e lançar um dos melhores discos do mundo. misturando o que ouviu do jazz com o hip-hop. assim como aquele disco da Lauryn Hill, o Chico Science e a Nação Zumbi, os Racionais, e até bandas como o Strokes, que eu, considero tão boa quanto bandas que eles mesmos idolatram. nossos ídolos as vezes são vítimas da nossa própria idolatria. mas nem sempre morrem de overdose. as vezes morrem com cem anos, felizes da vida, e com uma vida toda equilibrada. isso também é atitude. eca.
sexta-feira, 1 de março de 2013
Nelsonrodrigueano
o rapaz é um casto. um puro. parece um bebê gigante. um bonecão do posto. tem os traços finos e delicados de uma adolescente carola. a secretaria diz: homem nenhum faz mais as unhas... Edgar faz as unhas. as mãos são impecáveis. aparenta ter bem menos idade, diz a copeira. os amigos de infância dizem: Edgar tomou formol! o rapaz é de uma educação finíssima. clássica. um gentleman perdido na selva tropical. trabalha num desses prédios da Presidente Vargas. é funcionário público. a mulher, Clarisse, não destoa em nada do marido. profissão. idade. religião. beleza. e o mesmo temperamento angelical. a mãe diz: nossa, parecem irmãos... Clarisse diz a Edgar que as meninas do trabalho dele são simpáticas. ma algumas delas atacam Edgar quando não há ninguém por perto. ele parece não se importar com a malícia. é como se não existisse. esse aí, não trai mesmo! dizem as destruidoras de lares. os homens exortam. és um pulha, Edgar! ele pensa. fazer o quê? sou assim, ora bolas! não sinto vontade, sei lá! a única coisa que me incomoda é o meu nome. o meu nome é que mata! nome de velho... coisa de mamãe. Edgar entra no restaurante self-service e sua frio ao ver Palhares, um amigo que foi transferido. o outro grita: és um santo, Edgar! és um santo! você devia ser o novo papa! pois foi o único que eu não consegui corromper naquela repartição! e Palhares grita para os outros comensais, que observam Edgar em sua timidez arrasadora... esse homem é um santo! vocês estão diante de um santo... e eu sou a besta do apocalipse! ele não, ele é um santo! Edgar corou. não por causa do que foi dito. e sim pelo nome esfregado em sua cara daquela maneira.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Passeio de Bêbado...
hoje no período da manhã conversei com uma bêbado que não quis se identificar, e ele me contou que de madrugada dormiu no ônibus. pegou o 355 no ponto final na Praça Tiradentes, foi até o ponto final em Madureira, e depois voltou. e nada de descer na Penha onde era o seu destino. em depoimento perante a esposa, o meliante confessou que não é a primeira vez que isso acontece. e sim a terceira. eu já ouvi aqui na Penha outras histórias com o mesmo final. será que está surgindo uma nova modalidade... passeio de bêbado?
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Até Pensei, Chico Buarque...
quando eu era adolescente um moleque tinha um vinil antigo do Chico Buarque. aquele que tem o Pedro Pedreira e A Banda. A Banda tocava duzentas mil vezes por dia. eu estou nessa ouvindo os primeiros discos dele. não sou especialista de porra nenhuma. mas aquela música Até Pensei, ou a gravação, é de um lirismo absurdo, e esmagador. que nos joga numa época de um Brasil onírico. de um Brasil pacato e de um subúrbio com casas de varanda e cadeiras no portão, como está descrito em Gente Humilde. era o Brasil que talvez Getúlio Vargas (não xingue a mãe do rapaz), sonhava. e que vivia na nossa imaginação através das chanchadas e dos artistas da nossa era do rádio. esse é o subúrbio que eu como suburbano queria, lírico. chegar em casa com o pão da tarde embaixo do braço, e ainda ter tempo de assistir o jornal com Cid Moreira e a novela das 8 com a família. hoje isso é irreal. achei a música Subúrbio do disco Carioca extremamente triste para o subúrbio real que eu conheço, e que é mais cocainômano do que a zona-sul. isso, sem nem tocar nas favelas localizadas na ZN. e não me digam que o Chico Buarque é classe média pois eu sei disso. só que o alter ego dele, é de um homem preto e pobre que se transfigura numa mulher de mesma origem. pois quando eu ouço Quem Te Viu Quem Te Vê, eu me pergunto como ele sabe daquilo? e como ele sabe que a mulher espera o homem no portão, como a minha mãe esperava o meu pai? não nego que tenho alguns preconceitos. e pensar que isso pode ser mostrado até numa novela. talvez. talvez o porteiro tenha dito a ele... ele frequentar o subúrbio acho difícil. independente disso tudo tem de se ter uma sagacidade muito grande para se falar de algo que não viveu de maneira convincente. eu li em algum livro que quando ele era criança dizia querer cantar samba como os pretos do morro. parabéns. você conseguiu Chico Buarque.
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Ser Artista...
eu tava lendo um livro
perto da minha janela. tem um preço morar no primeiro andar. eu sou o alvo
preferidos dos Testemunhas de Jeová, carteiros, gente desocupada e caras da
Light. esse cara com a voz do Azambuja chegou na Janela e me pediu. irmão,
desculpe atrapalhar o teu lazer. mas na humilde, fortalece um pão com
manteiga e um café com leite. pô, e uma blusa que essa aqui tá fedendo e tá
maior calor. fui pra cozinha e preparei um Big-Mac de pobre, e um café com
leite. quando eu fui pegar a blusa, a primeira que eu vi foi uma do Sarau de
São João de Meriti. Poesia de Botequim. e pensei. vou dar a camisa do evento
pro cara. quase não uso porque é quente ("bondade"), depois pensei
melhor. eu não vou dar a porra dessa camisa de Poesia de Botequim pro cara
senão vão pensar que ele é artista. o cara já tá fudido, mas se pensarem
que é artista ele vai ficar estigmatizado! Vão dizer: tá vendo no quê dá
essa vida de artista! o pior dos fracassos para uma família pobre é um filho
querer ser artista, aos olhos daqueles cretinos que não perdem um concurso
público para ter um lugar onde se encostar antes de morrer. e fazer justamente
aquilo que o Raul Seixas dizia não desejar para nenhum ser humano. e
passar o resto da vida sem fazer porra nenhuma que preste, mamando nas tetas do
nosso governo. vermes! eca... é melhor pensarem que ele é um otário chifrado e
que a loura do funk levou tudo dele embora. ou que ele ganhou na loto e torrou
tudo com bebidas, pó e putas. mas se disserem que ele é um artista. ele tá
fudido. como diria o deus Henry Miller: "na sociedade o artista é menos
tolerado do que os ex-presidiários".
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