eu não vou usar a minha caneta para danificar a imagem de pessoas que admiro. ainda mais agora que estão "mortas" e não podem se defender. então se você é um analfabeto funcional igual a maior parte da população que não consegue ler um livro por ano, e nem consegue interpretar o que lê, por favor, não vá sair por aí dizendo que falei mal deles. mas não deixe de ler para que pegue o hábito. Renato Russo é um letrista de uma classe suntuosa. alcançada por poucos, como Chico Buarque e Cartola Ou Jorge Aragão. uma poesia extrema. já o Raul era a criatividade em pessoa. não acredito em comparações, mas mal comparando, o Renato Russo é uma espécie de Rimbaud para a letra de música. o Raul junto do Caetano e do Gil, foi o artista que talvez mais tenha experimentado estilos musicais. quem vê o Raul como roqueiro não conhece a sua obra. pois ele é roqueiro, também. o Raul é o maior propagador da liberdade na letra de música. assim como Henry Miller para a literatura. o Brasil tem os maiores letristas do mundo. e normalmente os ídolos são superados. eu vi isso com os meus próprios olhos. Gilberto Gil destruiu no show em Copacabana e depois... acontece que nós falamos português. talvez por isso tenhamos os melhores letristas. embora as regras do português sejam idiotas, o português é uma língua com mais recursos. e talvez por tudo que fuja do inglês nossos artistas não tenham um status maior, como tem aqueles que escrevem nessa língua como Lennon, Shakespeare, Dylan e Marley. você pode ficar puto por não ganhar um Oscar por causa do preconceito. mas também não pode achar que o Oscar seja importante. ou o prêmio Nobel , que ainda não temos. ou o que quer que seja. sei lá, um novo papa. ou santo. mas nós podemos construir um país que não precise de nada disso. embora eu saiba que só um milagre... assisti o documentário sobre o Raul, que é o melhor documentário que assisti sobre um ídolo até agora. gostei que apareceu todo mundo que faz parte da história do Raul. foram entrevistados os familiares. as mulheres americanas e suas filhas, todo mundo. adorei o final com o Caetano dizendo: Raul, as pessoas não morrem! mas o Raul se matou. assim como o Renato Russo. a Amy Winehouse. e o Kurt Cobain. esses se mataram porque queriam virar mártires. outras pessoas como o Cazuza e o Tim Maia não queriam morrer. esses parecem ter feito de tudo para facilitar as coisas. no documentário Rock Brasília tem uma hora em que o Dado diz: quebrar hotel... sabe aquela coisa de biografia... cortar os pulsos (adolescente) e chamar a mãe... o próprio Renato havia dito que as pessoas gostavam de ver o Kurt Cobain se destruindo. no Rock Brasília mostra como o Renato manipula a sua própria história de ídolo. não julgo quem faz isso. que evidente naquela confusão em Brasília. ele podia ter tocado músicas de andamento menor para esfriar o público. mas ele ataca, vai pra cima. ou pelo menos a edição do documentário dá essa impressão. e tem uma hora em que ele conta uma história em que debocha de um usuário de drogas. debochar de drogas de frente para um público que em boa parte é por drogados putos que esperaram por mais de duas horas a Legião. as biografias sobre o Renato Russo, e olha que eu já li três delas, talvez as principais. não conseguiram me explicar porque aquilo tudo aconteceu. por isso nunca entendi aquele dia. sempre me perguntava. pô, o público ficou puto com ele? e o Renato ainda chama Brasília de cidade de merda ou coisa parecida. eu posso falar mal da minha cidade, você não. decifrado o enigma. nossos ídolos são de carne osso. eu vi Paul McCartney no Engenhão, o homem que revolucionou a música pop, e que é o Beatle mais vanguarda. tudo indica que fuma maconha até hoje. e mais importante que isso, está vivo. isso para não falar no Chico, Caetano, Dylan... então acredito que para a criatividade não exista uma época. assim como quando surgiu o Nirvana ninguém acreditava que o rock and roll a música dos nossos colonizadores fosse se renovar, e veio o grunge e toda aquela história. e assim eu vi surgir a Amy e lançar um dos melhores discos do mundo. misturando o que ouviu do jazz com o hip-hop. assim como aquele disco da Lauryn Hill, o Chico Science e a Nação Zumbi, os Racionais, e até bandas como o Strokes, que eu, considero tão boa quanto bandas que eles mesmos idolatram. nossos ídolos as vezes são vítimas da nossa própria idolatria. mas nem sempre morrem de overdose. as vezes morrem com cem anos, felizes da vida, e com uma vida toda equilibrada. isso também é atitude. eca.
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