Não há mais espaço para os velhos nas casas e apartamentos atualmente. Eles não foram projetados para isso. Antigamente se puxava uma edícula. Hoje, não. Pouco a pouco as crianças são substituídas por animais domésticos e as filhas que cuidavam dos velhos têm as suas próprias vidas. Os velhos de quem tem dinheiro são mandados para a casa de repouso. Se é um velho que produz e consome este é tolerado. Mas um velho que já foi chutado pelo mercado de trabalho é abandonado como um menino em situação de rua. Quem é que vai continuar pagando pensão para esses velhos? A sociedade não vai aguentar. E além do mais ela valoriza a eterna juventude. Aos poucos esses velhos imprestáveis terão de se afastar para morrer... assim como fazem os velhos elefantes.
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
terça-feira, 28 de novembro de 2023
É preciso andar para a frente
Mesmo que esta não seja uma ideia original… É preciso andar para a frente. Você não pode atrapalhar o fluxo do trânsito de pedestres na hora do rush. Ou os peões que se movem. Tem que se adaptar aos seus ritmos. Você precisa andar para a frente mesmo carregando peso. O seu peso não é problema de ninguém. É preciso andar para a frente sem olhar para cima, para atrás, ou para os lados. Não pare no meio da calçada porque senão vem algum transeunte tromba em você e te joga no chão. Aí eu vou querer ver você soerguer com o seu peso. É preciso andar para a frente. Não olhar para o outro. É preciso andar para a frente. Mesmo que o caminho seja o mesmo.
sexta-feira, 24 de novembro de 2023
Pelo menos por vinte e quatro horas
Escrever para quê? Escrever para quem? Se o mundo sofre de ejaculação precoce e disenteria. Quando o objeto de desejo é meio que uma foda mal dada. Quando o sumo que é a gozada cai no chão antes mesmo da consumação do ato e o único tesão que existe é pelo álcool. Quando todos são influencers e todos os influencers são artistas e o ego se esconde embaixo das auréolas de santos. E as risadas são como expressões de plásticas mal feitas. E quando olhar para si mesmo é ver o reflexo de tudo isso. Quando os leitores morrem de cancro com cem anos em camas de campanha. Escrever para quê? Escrever para quem? É necessário parar. Pelo menos por vinte e quatro horas.
quinta-feira, 23 de novembro de 2023
Eu e a Escola - Parte Dois
Renato Russo disse que teve um começo feliz. Mano Brown fala que aprendeu com a disciplina do colégio interno dos seus primeiros tempos. Eu penso que o meu início nas antigas escolas foi mais importante do que o que veio depois. Antes de declinar em direção à merda cheio de tédio e depressão e me juntado às gangues ao ter de decorar tanta bobagem e tanta fórmula naqueles salas lotadas e pixadas em meio ao calor e aos banheiros sujos... Mas, ah... os anos infantis... as tias... Os cadernos de caligrafia, e os beliscões da minha mãe quando eu cometia erros. Adorava cantar os hinos todos os dias. A comida das merendeiras. O futebol com amêndoas. O macarrão com salsicha. As festinhas juninas. Os completes, ditados, e continhas. Os uniformes novos, lancheiras, e cadernos. As explicadoras. As normalistas no fundo da sala. E o melhor... a pequena biblioteca em que vivia os livros. Não tenho a menor dúvida que os anos de formação da pessoa são os mais importantes tanto na escola quanto na família.
terça-feira, 21 de novembro de 2023
Eu e a Escola
Eu amei o período da minha alfabetização. Mas eu passei a ser o atrasado da escola a partir do antigo ginásio. Empaquei na quinta série. Repeti 5 vezes. Fiquei dois anos sem estudar, voltei, e até hoje não sei por quais motivos... desde então era o mais velho em todas as classes. Larguei de novo. Fiz provão. Enem. Entrei na universidade. No mestrado melhorou. Tem outros velhos. O ruim de ter sido o velho era que as pessoas olhavam para você como se fosse um intruso no filminho colorido que a escola havia criado e não uma prova de seus fracassos. O que me incomodava e que era chato pra burro é que eu sempre fui voltado para as letras e eles queriam me empurrar os números goela abaixo. E também e sobretudo, apesar de ser um aluno problemático, com problemas com os quais a escola não sabia lidar... Depois de ter concluído a minha licenciatura eu não devo mais nada a ela e ela não me deve mais nada. Estamos quites. Depois escrevo sobre a minha alfabetização...
segunda-feira, 20 de novembro de 2023
À Ivy League
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
Mais um dia vencido...
Toca o despertador. Em algum momento você terá de abrir os olhos e levantar da cama. De manhã a preguiça bate. Uma voz diz: "Você não vai conseguir. Hoje, não. E qual é o sentido disso tudo que você está fazendo?". E você pensa: "Porquê eu estou fazendo isto mesmo?". Talvez não exista mesmo um sentido. Então é preciso se esforçar e dar um sentido a isso tudo. Você arrasta o seu corpo até o banheiro e de lá para a cozinha. Depois disso vem o computador ou o transporte, o frio ou o calor. Aos poucos você recobra o ânimo, e sabe que será mais um dia vencido. Mas, virão outros...
terça-feira, 14 de novembro de 2023
A Terapia
O negócio é não pensar. Manter a mente ocupada. A mente vazia é a oficina do diabo. Por isso eu escrevo. Reescrevo. Apago tudo. Rasgo. Jogo fora. Levanto. Tomo um café. Respiro. Vou lá fora. Aos poucos o medo some. A ansiedade vai embora. Começou como um hobby. Virou uma profissão de fé. Hoje é uma terapia.
segunda-feira, 13 de novembro de 2023
O Compositor
Ninguém sabe qual é o rosto,
ninguém sabe qual é o nome,
ninguém sabe nem a cara do compositor.
O compositor é mais um rosto,
ele é mais um sobrenome,
atrás da cantiga do cantor.
E se o cantor não grava,
o compositor acaba.
E se o compositor acaba,
o cantor não grava.
Pois ele também tem a sua saudade,
ele também tem a sua solidão.
Enquanto o mundo ouve a sua poesia,
o compositor carece de provisão.
Enquanto o mundo ouve a sua poesia,
o compositor carece de provisão.
E se o cantor não grava...
sexta-feira, 10 de novembro de 2023
É O Que Há
No começo eram os Beatniks e o Jazz, os Teddy Boys, A Juventude Transviada, os Rockers. Depois vieram os Hippies, o Maio de 68, o Tropicalismo, o Reggae. Então veio o Funk, o Soul, o Black Power, a Disco, os Punks, o Hip Hop, a New Wave... e porquê não o Grunge, os Clubbers, e o Mangue-Beat? Mas... aí veio a Internet... e fodeu com tudo. Acabaram as utopias. As revoluções. E ninguém mais quer saber de nada. Ouvir nada. Ler nada. Tá todo mundo de saco cheio. Sem paciência. Eu também tô de saco cheio. Tudo é muito rápido. Ninguém se reúne mais. Nada mais é espontâneo. Ninguém quer mais ficar no meio da rua ou ir às manifestações culturais. Tudo é feito no quarto ou na tela. Os ídolos têm os pés de barro. O que tem são uns poucos saudosistas. Hoje em dia o quem manda é o dinheiro. É o que tá tendo. É o que há.