O tédio é uma
invenção da multiplicidade de opções do século XX. Muitos velhos piraram com o
confinamento por não entenderem que um novo problema existencial fora posto. Eu
conheço um escritor que sempre viveu em casas cheias, nunca teve um quarto, videogames,
ou televisões exclusivas como os playboys; mas, desde criança ele inventava os
seus próprios brinquedos ou ia às bibliotecas escolar e pública, pegava um
livro ensebado, baixava a tampa do vaso, e sentava para ler longe do alvoroço do
ambiente familiar. Perguntei a ele: “O quê você ganhou com isso?” Ele
respondeu: “Nada. Não fiquei rico nem comi ninguém por esse motivo. Mas uma
vida tediosa, eu nunca conheci!” Antes da pandemia ele fugiu do Brasil. No seu
início foi à bancarrota. Eu disse a ele: “Para você foi fácil. Você fugiu.” Ele
me desdisse: “E quantos têm a oportunidade e não o fazem, pois preferem ficar
em suas celas roendo osso?” É a indagação que eu me faço todos os dias.
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