Eu
era viciado em RJTV. Acordava ouvindo tiro e com o helicóptero da Globo filmando
os traficantes. Você começa o dia com sangue nos olhos e faca entre os dentes. De
noite no Jornal Nacional o Bonner olhava na minha cara e dizia: “Fodeu”. Num
pico de ansiedade e viciado em adrenalina eu mudava para a CNN americana e a
âncora começava a cantar The Doors: “This is the end...” Em Portugal a senhora da
SIC tranquila com voz serena diz: “Estamos passando por um momento delicado. Pois tivemos
um acidente automobilístico, dois grupos políticos se desentenderam, e um bacana que fugiu com uma mala foi capturado.” O ritmo é lento e pausado. Estou
acostumado com sangue, tiroteios, carros virando. No Brasil um acidente não é
notícia. Toda semana morrem mais gente em acidentes do que na Segunda Guerra. O brasileiro ri da cara da morte, faz piada. Ela se sente humilhada, anda cabisbaixa pelos cantos, não assusta
ninguém. Morrem milhões de COVID e a
maioria está indignada porque não vai ter carnaval. Como assim? Por que não? Eu
vivi situações em que ao ouvir o armamento pesado e alguém comentar: “Eles estão trocando tiros na rua detrás... Quanto foi o jogo?” Na
corrupção brasileira os caras saquearam o Rio de Janeiro todo com o caô das Olímpiadas
e da Copa do Mundo, quando não tinham mais o que roubar levaram os ferros velhos
(Perimetral) da cidade. Os governadores foram presos e o prefeito? Reeleito! Independente
do idiota de chapéu de coro, Moro, morô? Lula pôs a Petrobrás no bolso. Ele foi
preso e virou Nelson Mandela. Bolsonaro vende até a mãe se precisar. Graças a
Deus consegui fugir no porão daquele navio.
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