quinta-feira, 28 de maio de 2020

Deus e o Diabo na Terra do Sol...


Deus e o Diabo na Terra do Sol é uma alucinação no meio do deserto-sertão com o sol batendo na moleira e causando vertigens. É um western brasileiro. Faroeste Caboclo de Renato Russo. John Ford 
Neo-Realista. O maior deles. Chico-Science high-tech. O povo espera junto de Antônio Conselheiro que Dom Sebastião volte do fundo do mar para nos salvar. O cego cantador do sertão, violeiro, e repentista, conta a nossa história na figura de Sérgio Ricardo que quebrou o violão no palco num festival na época da ditadura. De onde o cego sentado pergunta se Antônio das Mortes sabe o que significa àquela imensidão à sua frente. Ele responde que é Canudos. Antônio Conselheiro é o beato que incomoda a igreja. Todo o povo segue Conselheiro-Sebastião a Monte Santo. Assim como no livro A Guerra do Fim do Mundo de Mario Vargas Llosa. Padre Cícero fecha o corpo de Corisco e arruma armas para que Lampião derrube o governo. Mas eles cortaram a cabeça de Lampião e exibiram numa feira. E na quinta expedição conseguiram derrubar CanudosO Sertão vai virar mar, o mar virar sertão. Canta o violeiro a frase de Conselheiro. No futuro Sá e Guarabyra a cantarão. Antônio das Mortes continua matando no sertão sem água por causa da corrupção endêmica do Brasil. Corisco estupra uma mulher. Diz que entrou naquela casa, pois foi humilhado pelo pai do cabra que ele chama de corno. Corisco precisa matar, matar, e depois morrer. Assim como Antônio das Mortes diz que temos todos o mesmo sangue. Somos tudo farinha do mesmo saco. O ambiente é hostil. Inóspito. Bucólico. Como dizem. Rosa mata Sebastião. Ele sacrificou o seu filho. O mesmo padre do Alto da Compadecida de Suassuna. O mesmo bispo que deseja a morte de Conselheiro. O mesmo que não aceita os milagres de Padre Cícero. O mesmo que não deixa Zé do Burro de Dias Gomes pagar a sua promessa no filme de Anselmo Duarte. É o mesmo que está ali agora e que pede a cabeça de Sebastião. É o pecado, pecado, e pecado de país pobre do terceiro mundo. Antônio das Mortes precisa matar para se livrar do pecado. Rosa mata sebastião para se vingar do infanticídio. Manoel é batizado de Satanás por Corisco. Manoel é nome de vaqueiro. Mas ele era o crente que seguia o santo que falava em paraíso. Quem carrega o pecado é a república que expulsou a coroa. São eles que vão liberar o divórcio. São eles que são o diabo. Aquela república estúpida. Sentimos saudade de Conselheiro que nos acolheu. Volta Conselheiro! Vem salvar o seu povo junto de Dom Sebastião. E temos aquele monólogo de Antônio das Mortes. O solilóquio de Corisco no sertão. Depois vemos a cabeleira de Corisco. Rosa que se aproxima dele, e no meio da sede na seca do sertão, ele beija a Rosa. A mulher de Satanás. E se deita com ela no meio do sertão. Aparece Antônio das Mortes. Os quatro estão fugindo no sertão. Tudo está cercado. O mesmo aconteceu com Lamarca isolado naquele filme de Sérgio Rezende. As fronteiras estão fechadas. Os limites dos estados. Corisco diz a Padre Cícero que ele irá matar os macacos. Não mata. Eles estão cercados. Pula como um guia de macumba. E o assassino morre. Segurando Dadá. Tenta fugir. Manoel e Rosa correm para o mar. Fogem da morte. O sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão.... A frase é repetida. Corre Manoel... Corre!

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