tava jogando a pelada de segunda meia noite na praça. quando ainda tinha algum fôlego para correr. enquanto eu passava eles gritavam, tá na capa! físico de jogador de dominó! tá malhando? pele e osso. aí eu me lembrava daquela música em que o Cartola diz, e quando eu passo, a gurizada pasma, horrorizada, como quem vê um fantasma! e o esqueleto humano, assim vai, cambaleando, quase cai, não cai. eu falei pro moleque no meio da pelada. passa a bola, sangue bom! ele explodiu, caraca! sangue bom! da antiga aí, valeu! ele ficou deliciado em ouvir aquela gíria. talvez ela o remetesse a algum pai, ou a algum tio com quem tenha convivido quando era criança. ou trouxesse a ele lembranças da rua.