ele disse: mostrou na
televisão um cara zoando a Brasil, atrapalhando o trá-fe-go. eu disse: eu vi.
tinha que dar um sossega leão, nele... ele me olhou como se eu fosse contra os
direitos humanos, e essa treta toda. eu disse: sossega leão não é só porrada,
não. uma vez fiquei internado na enfermaria de um hospital público. e aí tinha
um velho que toda madrugada as 2 em ponto, ele começava a gritar que o filho
era isso e aquilo, aquela treta dos velhos. e ninguém conseguia dormir. mas
tinha uma enfermeira de cabelo vermelho, diziam as más línguas que ela cheirava
éter no banheiro para suportar o plantão. ele com sotaque carioca me pergunta
cantando... mentira? sério! quando era o plantão dela o velho começava. o que
é, que há?! o meu filho fazer um papelão desses... me deixar no meio dessa
porção de gente desclassificada! eu sou funcionário público, bacharel em
jornalismo, ele erguia o dedo, cuspindo e concursado! aí vinha a enfermeira.
ela sempre tava com uma coriza, e ficava mexendo no nariz o tempo todo. ela
dizia toda ouriçada, balançando os dedos, vou dar um sossega leão, nele! ela ia
lá dentro e voltava com o líquido que despejava naquela bombinha. o velho
dormia como se fosse uma donzela. ele me pergunta: mas o sossega leão é
proibido? eu digo: não sei. nós descemos do muro e vamos caminhando pela linha
do trem.
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