Ela atendeu ao telefone e disse:
fala. Eu odeio quando ela faz isso, pois me dá a sensação de que está falando
com um cachorro. Eu disse: sou eu. Ela disse: eu sei, fala! A minha mãe gritou
da cozinha. Não demora no telefone que a conta vem alta! Eu tapei o bocal com
vergonha. Mas ela do outro lado continuou em silêncio. Eu disse: e aí quando
você volta pra casa? Ela me disse: quando acabar a feira, sabe aquele cara aquele prêmio no ano passado, aquele eu te falei, ele tava falando aqui hoje! Nossa, ele é legal, é sim, Como ele é legal! Eu
queria dizer a ela que o baile acabou porque prenderam o
frente. Não tive coragem. Logo veio a minha cabeça aquele escritor afetado de echarpe que ela admira. e me deu vontade de desligar. Eu
disse a ela: quando... Ela me cortou: está uma barulheira danada aqui, e o
Brian tá falando comigo... Ela disse: já vou, Brian! Esse deve ser um puta
intelectual, pensei. Um baita intelectual. Um puto desses que usa óculos, boina, e pronuncia as palavras corretamente. Ela disse: João, eu vou ter que
desligar. Eu sei que quando ela fala João, ao invés de falar “Jão”, é porque ela
quer esquecer daqui. Eu também, ás vezes eu quero. Eu disse: tudo bem. A minha mãe gritou:
já vai desligar, ou não? Interurbano, pô! Ela disse: eu vou estar fora para ti por
enquanto. Eu pensei "eu também". Estou fora para ti!
Cara... Uma das suas melhore!
ResponderExcluirhehehehehe...
Muito obrigado... vamos nessa!
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