Naquela casa tudo é velho. O
ventilador com hélices de alumínio. O vídeo cassete. Os móveis. A tinta das
paredes. O fogão enorme. A geladeira. Inclusive o velho gorducho com bochechas
rosadas que ouve ópera numa vitrola e apoia os pés num banquinho. E todas as
histórias. Ele limpa a garganta e com a sua voz mais áspera diz:
Antigamente o sujeito entrava num
lugar e pedia: me dá uma média com pão e manteiga. Hoje em dia não tem mais
isso (o autor discorda). Antigamente o sujeito entrava numa mercearia, pegava
um tomate e saia comendo. Hoje em dia não tem mais isso. Antigamente não
existia droga. O único cara que fumava maconha aqui era um tal de João Banana.
Foi o primeiro maconheiro que vi. Ele ficava dentro do bar, mas só fumava
escondido. Hoje em dia está tudo mudado...
Quando disse isso o fiquei imaginado
ainda de calças curtas, olhando esse tal de João Banana palitando os dentes
todo de branco parado em frente ao bar, e pensando como ele ia esconder a
erva do diabo. Como eles diziam. Antigamente.
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