domingo, 4 de agosto de 2013

Marilyn e JFK - François Forester

Marilyn Monroe. o sobrenome é do pai substituto. a mãe era maluca. vivia internada tentando se matar. do pai verdadeiro não sabia nada. nem sabia que tinha irmãos. a guarda dela foi dada a uma família, que depois passou a bola para outra família. um dia o patriarca da família bêbado tentou abusar de Marilyn que tinha apenas 11 anos. antes da família se mudar, eles casaram Marilyn com o vizinho que a levava de carona para a escola. onde sempre rolava uns amasso. ele tinha um trabalho. um cara bom que caiu na besteira de ir para guerra. quando voltou, Marilyn sabendo do seu poder de sedução, deu um chute no traseiro do rapaz, e partiu com um cara do exército em troca de umas fotos sensuais e uns trabalhos. começou a sua escalada rumo a fama. sempre o medo de ficar maluca igual a mãe. se entupindo de remédios. uma junkie de farmácia, como diz o autor. Marilyn conseguiu entrar na alta roda prestando serviços sexuais. e dizem as más línguas que era especialista na felação. o Kennedy adorava uma rapidinha. puxou o pai. dane-se o prazer da mulher. Marilyn não quis ficar como o Joe DiMaggio que representa para o Baseball, o que o Maradona representa para o futebol mundial. Joe amava, e respeitava Marilyn, e queria que ela se casasse com ele, e abandonasse toda aquela bajulação, lavasse a sua roupa no tanque, enfim. ele queria tirá-la daquela vida. mas não era isso que ela queria. Marilyn gostava mais da glória do que do dinheiro. tinha a síndrome de Madame Bovary. a matriarca da família Kennedy era uma carola que rezava depois do sexo. uma das filhas seguia o mesmo estilo. a outra retardada passou por uma lobotomia com a autorização do pai. uma delas era casada com um ator medíocre que trabalhava de atravessador de mulheres para Frank Sinatra, e para o próprio cunhado. uma vez Kennedy perguntou ao empregado negro o que os negros queriam. o empregado disse que não sabia. e Kennedy respondeu: eu quero comer todas as mulheres de Hollywood. aprendeu isso com o pai. Kennedy era de uma família de caipiras irlandeses, machistas e antissemitas. mas eles também eram discriminados. o sonho de ser presidente pertencia ao pai, que não conseguiu alcançá-lo, passou a tarefa para o filho mais velho, que infelizmente veio a falecer. Kennedy ficou na rebarba. o seu irmão Robert posando de ministro tentava dar uma de herói e provocou a ira de mafiosos, com os quais o pai tinha rabo preso. Jackie Kennedy era uma menina atrás de grana e fama. uma esposa perfeita com a sua classe e ambição. era um casamento de fachada que o pai Kennedy mantinha aos trancos e barrancos. mas o mais impressionante é saber que Marilyn Monroe não usava tampão higiênico. enquanto homens do mundo inteiro sonhavam casar com ela que não tomava banho direito, um reles mortal abria a braguilha para ela dar uma chupada em troca de um papel melhor num filme. segundo o livro. e saber que a sua casa era suja. que ela era uma acumuladora, e que um amante uma vez ao descer da cama pisou na merda do cachorro. enquanto o povo sonha com os seus heróis, eles se divertem na Casa Branca. Frank Sinatra e Arthur Miller (ex-marido) tomaram pavor de Marilyn. Jackie odiava Frank Sinatra e seus capangas. ele era o braço da máfia entre os artistas, é o que dizem. rolava o troca-troca de casais no poder e o Kennedy era fã dessa fofocada toda. e isso tudo aconteceu numa época em que a espionagem era uma paranóia generalizada. Marilyn e seus surtos de loucura. querendo se tornar uma atriz dramática. troca-troca. até o psicanalista se apaixona por Mariyin. provando que a vida da mulher bonita é um inferno. é difícil acreditar que Kennedy tenha sido assassinado por um maluco. mas tudo acabou. vamos voltar a democracia, e esquecer o tempo em que Marilyn Monroe andava nua dentro de casa tendo surtos de loucura.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Pulp Fiction!

então apareceu esse cara aqui em casa. ele era alto, usava calças jeans e chinelos. acho que era do Recife. parecia um personagem do Amarelo Manga, ou quem sabe o Selton Mello do Árido Movie. ele tem uma banda de vários estilos, e disse que em determinados países tem McDonald`s de acordo com os preceitos dos religiosos. eu tava com aqueles caras com quem fazia teatro em Ipanema, e esse cara que tinha uma banda underground, disse: eu vou no McDonald`s. olhei pro ator politizado pra ver a sua reação. ele disse: McDonald`s é um lixo! prefiro comer no Bob`s. o cara da banda disse: cara, o McDonald`s é mais barato, e mais gostoso. o politizado disse: eles exploram as pessoas, argh! olhei pro cara da banda que respondeu: o Bob`s também. ele atravessou a rua e disse. eu vou nessa! não entendi quando aquele cara disse que o Tarantino se repetia. ele disse: vai, por mim. concordei. eu quero perguntar a ele se o Pulp Fiction não é uma obra prima. e se uma obra prima não basta para um criador. pois assim como Nabokov não era só Lolita, chegar a um livro que é unanimidade de público e de critica não é quase impossível. mesmo cravar um livro entre os mais lidos de um país. tudo porque uma vez um cara me disse: tendo MacDonald`s se come bem em qualquer lugar do mundo. independente da cultura. lembrei que ele disse isso.

Um Dia, Sabotage...

quando eu peguei o disco do Sabotage pela primeira vez, tive certeza que ia gostar daquilo. não sei porque, era a capa, os nomes das músicas. País da Fome, por exemplo, é um nome sintético. foda. do caralho, porra! resume o Brasil. conheci gente que não gostava de rap, mas que gostava do Sabotage. agora, se você não é, vai ficar de bigode na pista. dificilmente vai entender o que Sabotage diz. já teve comedia que me disse não gostar do Sabotage porque ele só falava de um "cara" chamado Brooklin. mas vai pegar frases antológicas como. desencana. a fama que matou Daiana. El Ninho na Itália, na sul polícia mata. ele é um perito em comparações, não sei quem mata mais, a fome, o fuzil, ou Ebola, quem sofre mais, os pretos daqui, ou de Angola. muitos que estão com o pensamento ao contrário. e no seu trabalho com a imagem, o meu pivete se diverte. reparo o jeito dele, quando ouve o som do rap, esquece. Sabotage vem a público falar de pó. e a gente sabe que tem muitos irmãozinhos derramado, mesmo. o Sabotage diz que tem de parar de cheirar, ele fala isso com a maior naturalidade. não deixa de ser um pedido de ajuda. sem o pó, só verdim. sou Sabotage, para ter mais humildade, só tomando Sustagen! Sabotage dispara a sua metralhadora giratória. são muitas palavras por metro quadrado. é muito rápido. é muita gíria. muita palavra cortada pela metade. Sabotage era gente boa. falava com todo mundo. conheço que gente que teve contato com o Sabotage, é unânime que o cara era gente boa mesmo no meio artístico, que é um lugar aonde a vaidade impera. é lógico que sempre existem os invejosos. vou longe, não preciso de capataz, dou meu sangue! até loki sente. é muito triste. é difícil ser feliz. Sabotage provavelmente era aquele cara que nas ruas das favelas é chamado de tio. e que todo mundo gosta. tanto os velhos quanto as crianças. Sabotage da religigiosidade afro. sobre os orixás. é de uma religiosidade brasileira... olhe por mais um nessa terra, senhor do Bonfim! sincretismo religioso. subiu para cantar num show de terno branco, e de blusa vermelha. e se vivesse no nordeste provavelmente ia falar do Padre Cícero. Sabotage fala de saudade do irmão, e das dificuldades de quem é pobre. mas fala isso como num blues. num tom de lamento. Sabotage não é agressivo. apesar da revolta é sereno. não é como a maioria de nós. por isso que para além dos palavrões. das gírias. e das histórias do crime, todo mundo gosta do Sabotage. velho, ou criança. a sua filosofia é básica, e funciona. é só fazer o bem para todo mundo ficar bem. ele tem a classe do Cartola. Sabotage deve ter tido uma iluminação na cadeia. Sabotage fez filmes. Até que um dia Sabotage ia levar a sua esposa ao trabalho, veio um cara, atirou no Sabotage, e acabou com a sua vida física. mas o Sabota já deve tê-lo perdoado.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Nicholas Cage...

Nicholas Cage caminha pelas ruas do centro. Nicholas Cage dirigi ali pela Lapa. Nicholas Cage pega uma mina que é a cara da Eva Mendes. Nicholas Cage dá uma dura num casal. e diz: eu quero um naco desse baseado! o rapaz olha para o Nicholas Cage. ele faz parte da máfia. da máfia dos italianos, tá ligado? Nicholas Cage namora a Eva Mendes que mora num daqueles cortiços do centro da cidade, esses cortiços antigos que são bucólicos durante as tardes de domingo, e tristes durante os dias de carnaval, quando ficam mais tristes pois parecem estar mais expostos aos nossos olhares, assim como os barrigões de chopp. Nicholas Cage é todo malandreado. macumbeiro. Nicholas Cage fez capoeira na juventude, e hoje ele está um pouco enferrujado. Nicholas Cage é malandro a moda antiga. se vivesse antigamente ele ia usar chapéu panamá na cabeça e andar de tamanco. Nicholas Cage desce do carro. Nicholas Cage diz: me dá o cachimbo de crack. Nicholas Cage fuma o cachimbo de crack igual aquele advogado. Nicholas Cage é do povo da rua. Nicholas Cage entra na favela e diz. eu quero maconha, e pó, eu quero maconha e pó. Nicholas Cage é carioca. deixa o radio do carro ligado numa radio que toca pagode. Nicholas Cage ouve A Patrulha da Cidade. Nicholas Cage diz rindo: enfia os vinte centavos no rabo! Nicholas Cage foi a um jogo no Maracanã. Nicholas Cage ouve o Maracanã dizendo: Nicholas Cage! Nicholas Cage ficou sentado perto da Charanga do Flamengo, curtindo o jogo chapado com o sorriso no rosto. Nicholas Cage anda bêbado pela cidade enquanto rola um blues ao fundo. Nicholas Cage vai beber até morrer. Nicholas Cage bêbado na Praça Onze durante o carnaval, ele diz. o Rio é foda, uh! Nicholas Cage ouve a música Naquela Mesa numa barraquinha de camelô, e diz para o rapaz, essa me lembra o meu avô! Nicholas Cage pega um disco do Benito de Paula de um viciado. ele diz: esse, fica comigo...Nicholas Cage vai buscar o pão com mortadela e o jornal. Nicholas Cage diz para o bandido. me dá só a maconha, e rala! Nicholas Cage passa no carro. eu atravesso no sinal aberto. Nicholas Cage balança o dedo na minha cara me ameaçando por ter avançado o sinal. ele faz como se fosse me pegar. Nicholas Cage entra num grupo de anônimos. Nicholas Cage se mata? Nicholas Cage, morre? não, ele não morre. ele para com tudo, e fica com o a Eva Mendes. hum... e diz: o meu nome é Nicholas Cage. estou em recuperação... e depois Nicholas Cage se converte. só não consegue parar de fumar cigarro. é, maldito cigarro.

Subúrbio...

uma menina preta passa com o namorado preto. ele diz: cala a boca, oh, você só fala merda! ela mete a mão na cara do filho da puta e diz, cala a boca é o caralho! corta pra ele de novo. subúrbio. pô, cara, eu queria ler um livro que eu vi naquele sebo que fica embaixo do viaduto da Lobo Júnior...  ele se chama O Porteiro da Noite... dei mole. subúrbio. o Thiago da Dulcineia. o Thiago da Conceição. o Leandro da Belisário. o Leandro do Prédio. subúrbio. plataforma. subúrbio. o cara no buraco da Penha. o cara paga vinte reais em dois bifes desse tamanho! subúrbio. como é que tá o rap? tá bem! como é que tá o charme? tá bem! como é que tá o rock? tá bem, também! subúrbio. corta pra um bêbado no bar, eu conheço esse cara, é o cara do rap! subúrbio. vai lá assistir o jogo com nós... subúrbio. toca a bola, sangue bom. caralho, da antiga, aí! só relíquia. subúrbio. pai, vai com essa barriga do lado de fora? maior micão, aí! você vai me buscar assim? maior micão, aí! subúrbio. Parque Shangai, subúrbio. você só anda de tênis? só. subúrbio. aí aquele cara começou a dançar caindo em cima de mim. gente, medo. subúrbio. eu cortei o meu dedo cortando laranja, vi o sangue escorrer, e saí gritando e chorando no meio da rua... ah, o meu dedo! oh, o meu dedo! subúrbio. como é que tá o livro? o livro tá bem! subúrbio. e a banda? tá indo bem! subúrbio. vai chupar, ou vai lamber! senta, senta, senta na piroca! subúrbio. menina, você acredita que no casamento do Naldo... subúrbio. O Dia. O Meia-Hora. O Extra. O Globo. Na Globo todo dia. uma colher de açúcar. uma colher de sal. o dia da eleição. Festa da Couto. subúrbio. feira da Montevidéu. subúrbio. Feirinha de Itaipava. católico. macumbeiro. espírita. budista. crente. subúrbio. a menina me olha, e diz. ter de ver esse tipo de coisa no meio da rua! lembro Cartola que dizia, quando eu passo, a gurizada pasma, horrorizada, como quem vê um fantasma, e o esqueleto humano, assim, vai cambaleando, quase cai, não cai. esse cara estudou comigo. ele é casado com uma prima minha. um moleque fala com a mãe cantando: mãe, eu posso ficar com o troco do pão? maquininha de música. Maluco Beleza. Vida Louca. Papel de Pão. subúrbio. bicho. corrida de cavalo. Nextel. Tablet. vamos circular. circulando, rapaziada! subúrbio. subúrbio. subúrbio...

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Tipo, Rolando Boldrin!

este cara que eu conheço é um bom contador de causos. pouco importa se é história ou se é estória. ela te prende. gosto de bons contadores de causos. tipo, Rolando Boldrin. ser um bom contador de causos independe de profissão, ou formação didática. o cara não precisa nem saber escrever. no caso dele, ele lê, e escreve bastante. e também já viajou um bocado. o que com certeza ajudou no seu conhecimento. então paro e fico ouvindo esse cara durante todo o tempo. ele diz: o cara apareceu na rua. ele tava com uma Kombi da firma em que trabalhava, e queria que a gente fosse com ele no centro. aí nós fomos, eu, ele, e mais dois moleques. aí num dos sinais da Leopoldina um cara disse de outro carro: pô, que cheiro de maconha, hein! o motorista olhou pro lado com a cara mais cínica do mundo, e disse: num tô sentindo, não! aí a fumaça começou a sair da Kombi. pô, como é que tu não tá sentindo? o motorista não deu mais ideia a ele. o cara olhou pro sinal, e disse: polícia! encosta... aí todo mundo desceu da Kombi. o parceiro dele ficou olhando os documentos, e ele ficou fazendo pergunta. nisso o motorista disse: esses caras ficam tudo no meio da rua de bobeira. aqui tá tendo muito assalto... não deixa de ser uma segurança, doutor. e o policial disse: mas, fumando maconha! o policial me perguntou: o que você faz? eu disse: sou estudante. ele virou pro outro moleque, e perguntou. e você, o que faz? ele disse: também sou estudante. e quando virou pra esse moleque que eu tava te falando, ele perguntou: e você, faz o que? ele respondeu assim: eu não faço nada... e o policial perguntou: como assim você não faz nada?! ele disse: eu não faço nada! o policial disse: você não trabalha? ele disse: não, eu nunca trabalhei! aí o policial perguntou indignado. e como você, vive? o meu pai me banca! o policial bufou, e desistiu. o parceiro dele devolveu os documentos e entrou no carro. o carro saindo, ele pôs os braços pra fora da janela do carona, e perguntou: você nunca trabalhou? aí esse moleque reafirmou: não, eu nunca trabalhei! ele sorri e dá um trago no cigarro...

Perdi a Minha Primeira Gravação...

era um rap. gravei uma fitinha demo. quem conhecia a música a chamava pelo nome de Terra Encantada. mas na verdade a música se chama Uma Jogada Do Destino, porque era o título de um filme que eu gostava. a estória não tem nada demais. um turista se perde, esbarra com um bandido "consciente" (sem piadas, por favor), e vai para o desenrolo. gravei a música com um ódio que nunca mais consegui repetir. como um crente fanático gritava que a gente estava tudo ferrado, e que ia tudo morrer de fome. depois fui descobrir que a maior parte de nós não está nem aí para o apocalipse, ou pra hecatombe que provocamos com nossa indiferença perante a vida. mas gosto daquela performance. depois disso me transfigurei numa porção de coisas, do romântico suburbano ao piadista sem graça. popular ao extremo. obviamente, que essa, por ser a minha primeira gravação, tem para mim um valor sentimental. levava as copias desta fitinha para as rádios comunitárias num tempo em que praticamente não existia internet. não passei a música para o CD. ela é de uma época em que me perguntavam: você é do hip-rock? eu parava festinhas juninas, e festinhas de pegação em escolas para gritar palavras de ordem! e assim como um Tim Maia raquítico, e anônimo, abandonei palcos. fui expulso. boicotado. fiz inimigos. dei lição de moral em gente da plateia. parei bailes funk. bailes charme. festivais de rock. importunei pessoas. quanta besteira, meu deus! quantas vezes desafinei no underground, como diz meu tio músico, e sai do tempo com essa mania de querer fazer, apesar de tudo. mas se algum doido que não consegue se desfazer das coisas, não por sua qualidade, (risada nervosa.) e sim pelo valor emocional que elas têm, e se tiver uma fitinha dessas, ou se tiver esse material digitalizado, entre em contato comigo. não tenho a música porque assim como hoje, naquela época acreditava que tudo é o registro de um momento, e por mais que não seja perfeito, é para ser compartilhado com os outros, para que eles possam compartilhar comigo também. mas, nem a esperança, nem o texto, morrem com o ponto final.