e ódio, ódio, ódio.
Tento ver a rede social...
e ódio, ódio, ódio.
Tento assistir a um canal...
e ódio, ódio, ódio.
MC Poze é um reflexo da sociedade carioca e consequentemente brasileira. Um país onde a meritocracia advinda dos esforços individuais é pífia. Uma sociedade que há muito deixou de acreditar e investir realmente em educação. Provavelmente Poze presenciou pais saindo de madrugada e passando boa parte do tempo em trens lotados e engarrafamentos para ganhar uma miséria, e mães sofrendo horrores sozinhas para educar os seus filhos. A escola um deserto de desmotivação, desde os seus prédios tediosos às suas propostas pedagógicas caducas. O futebol cada vez mais elitizado, menos uma saida rara para menores pobres. O que sobra? O tráfico ou o funk. No funk é possível com uma batida e uma voz, espalhar a música na favela, se tiver carisma e os contatos certos. Poze diz que é sabio por ter "vencido" na vida. Mas ele é o somatório de uma sociedade movida por cliques e dinheiro no banco. Para cada um Poze existem milhões de ressentidos que não chegam a lugar algum. Poze ostenta porque todo mundo quando pode ostenta em suas redes sociais. Poze faz apologia ao tráfico porque a sociedade brasileira é corrupta e apoia ao crime mesmo quando disfarçado de politica. Poze é machista porque é isso que ele vê em seu dia a dia, e as próprias cantoras de funk diminuem as mulheres. E o pessoal do politicamente correto não vai se meter com o machismo de Poze porque sabe que é muita treta meter bronca com a favela. Então censuram os Racionais e os Chico Buarques da vida. E se Poze faz sucesso é porque algum talento ele tem. Mesmo que seja o de captar o que vai nos corações de parte dos favelados.
Eu, nervoso, encontrei o Paul no metrô e disse a ele: "Uma das coisas que eu gosto mais do que as outras são os Beatles." Ele levantou a cabeça do livro que em meu nervosismo não vi qual era, e me perguntou educadamente: "Quais álbuns que você gosta?". Eu disse que gostava de todos, mas que se tivesse de apontar dois eu diria Rubber Soul e Magical Mystery Tour. Ele respondeu: "São bons álbuns. Eu gosto muito deles." Aí chegou a minha estação. Bye, Bye. Eu queria perguntar tanta coisa...
Às vezes você conhece uma pessoa que todo mundo fala mal. Mas, você decide investir nessa pessoa, pois acredita que ela tem potencial. Ela está numa situação difícil porque não recebe ajuda de ninguém... e o mundo é cruel (o que não deixa de ser verdade) etc. Aí você leva a pessoa para um castelo, e ela rouba um talher. Existe espaço para o bom samaritano e para gente bem intencionada. Só é preciso tomar cuidado para não se decepcionar. Porque tem pessoa que nós queremos ajudar porque ela tem um problema, mas o problema é ela.
O ser humano quando decide tomar o poder sempre entra arrebentando. Entra com tudo, derruba estátuas, castelos, templos antigos, esfaqueia quadros, rouba, pilha, e a história se vai… E isso independente da ideologia seguida. E se tomam o poder em nome da liberdade logo implantam governos autoritários. Invariavelmente.
Hoje de manhã eu estava numa tasca a tomar o tinto quando ouvi um velhote de boina: "Eh, pá!!!! O gajo..." É uma triste constatação perceber que os jovens portugueses evitam usar a palavra gajo. E quando esta lhes vem à boca eles metem algum neologismo em inglês. Quando eu fui perguntado qual palavra mais me causava confusão em Portugal não tive dúvidas: "Gajo!" O gajo é o nosso "cara" no Brasil. Também hoje em desuso por causa dessa geração de molengas. Gajo é pronome pessoal indefinido. Há relatos de que algumas pessoas usam gaja, ou seja, a versão feminina. Mas para mulheres já ouvi alguma velhota dizer "tipa". A sonoridade desta palavra é ótima e a entonação é carregada de desprezo. Não consigo imaginar uma Barbie ser tratada por gaja. Nem uma mignon. Gaja e gajo estão relacionados a algum tipo de força. É como o "varão" dos evangélicos. Ou o empertigado. Engajado. Não vou pesquisar a origem da palavra para não perder a magia do que sugere o som.
Caros amigos e amigas apologéticos e recalcitrantes desta mansarda chamada vida. Desculpem o português pernóstico, mas com um pouco de poesia nos entendemos, sem que para isto seja preciso consultar Aurélios e Googles. Com a sonoridade de uma palavra chegamos ao seu significado. Avante! Em meus preconceitos mais sórdidos eu havia pensado que fanatismo era coisa de gente pobre e analfabeta. Confesso com torpor o meu engano. O fanatismo é como uma nave mãe que estende as suas asas a todos. E mesmo entre pessoas de nível socieconômico e formação mais avançada é possível encontrar fanáticos. Nem sempre religiosos, ou futebolísticos, e sim, principalmente políticos e estéticos. Provavelmente este tema será central em minha tese. Tendo em vista que tenho eu posto os meus cotovelos em tal assunto. Pois nestes últimos anos ele foi o responsável por três das minhas úlceras nervosas... adios, amigos!