O melhor da Internet são os comentários. Ignorem as leis, a opinião pública, os formadores de opinião… A vida real está nos comentários. Os comentários são as conversas de alcova, o palavreado das casernas, das tabernas, das zonas, das tascas imundas, dos pés sujos, das bocas de fumo, e dos risca facas. O politicamente correto e os seus modismos são motivos de piada nos comentários. Eu vejo o título de um vídeo e nem assisto. Pulo direto para os comentários. Ali é onde a vida pulsa. Onde está o povo. A massa. As conversas de rua e das celas das cadeias. Lugar onde filho chora e a mãe não vê. Onde você conhece a podridão humana. Esqueçam os púlpitos, os altares, os plenários... nem quero ouvir esses chatos com suas notas de repúdio, seus abaixo-assinados, suas manifestações... Eu gosto da idiotice humana, de sua cupidez, e do seu ultrarrealismo. Eu quero a verdade. Eu quero a realidade. Por mais feia que ela possa parecer.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2024
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
Manu Chao: uma inspiração
Sempre lembro da música Clandestino de Manu Chao. Pois desde que comecei a mudar de cidade me sinto assim. Já sentia ser um estrangeiro em minha própria terra. Pois lá, como em todo lugar sofria descriminação. Por causa da origem, da raça, e das escolhas. Vim morar em outro continente. Compus um poema pensando nisso. Amo tanto a canção Me Llaman Calle, o clipe, o filme, a sua história, que fiz uma versão dela. Mas ninguém nunca vai ouvir. É uma pena. Manu Chao morou no Rio de Janeiro. No clipe de Desaparecido ele anda por suas ruas. A música inicia com a narração de um jogo do meu time, o Flamengo. E aquela em homenagem ao Maradona? Ele cantando à sua frente. Não canso de assistir...
Logos in loco
Sigo logo.
Tenho logos.
A Deus,
ateus,
adeus,
eu jogo.
Não cobro.
Não troco.
Não logo.
Dialogo.
Aos seus,
aos teus,
aos meus,
eu rogo.
domingo, 18 de fevereiro de 2024
Ouvindo Billy Paul cantando Purple Rain...
Hoje a tristeza veio com tudo. Nesta manhã de domingo ensolarada. Eu lembrei do meu livro Cidade Nova e de seu protagonista e fiquei triste. Ele morre na estante. Os meus tios todos mortos. Eles, os meus pais, e os meus avós estão no livro. Eu carregando a mesma árvore genealógica deles. Com os mesmos fracassos. Os mesmos vícios. Ouvindo Billy Paul cantando Purple Rain. Eu queria chorar mas não tenho lágrimas. Tem tanta gente com quem eu quero falar, e tanta gente que eu sei que ficaria feliz se eu entrasse contato. Mas simplesmente não tenho essa disposição. Devia ter ido caminhar. Vou ver o que eu faço. Ouvindo Billy Paul cantando Purple Rain...
sábado, 17 de fevereiro de 2024
Raul Seixas e Edith Wisner
Chico Buarque e a Zona Sul Carioca
Quando ouço músicas como Todo o Sentimento, Leve, e As Vitrines… eu me lembro da Zonal Sul Carioca. De sua beleza. "De um tempo em que eu não vivi". Lembro do sonho de Jovelina Pérola Negra em Garota Zona Sul. E da tristeza que eu sinto em não ter explorado essa parte da cidade ou conhecido as suas Lauras e Marianas. Da bronca pelo Rio de Janeiro não ter mudado e feito com que eu precisasse mudar. Provoca mágoa a minha cidade. Ela foi injusta demais comigo depois de tudo o que eu fiz por ela. Não há gente, como gente de teatro, como diz Caetano Veloso. As lembranças que eu tenho da Zona Sul, é de seus morros, e das coxias de seus teatros. De ouvir Chico Buarque com os elencos. Um dia desses aqui em Portugal, nos bastidores do teatro ouvíamos Chico Buarque, antes da peça, e eu me lembrava de tudo isso.
ChatGPT e a literatura
Pedi ao ChatGPT para criar textos como se fosse escritores aos quais eu domino completamente, pois li tudo o que eles escreveram. Por exemplo, Nelson Rodrigues e Henry Miller. O resultado foram trabalhos clichês e caricatos visivelmente baseados na média do que o senso comum diz sobre esses artistas. Ele tentou se inspirar na primeira fase de Henry Miller, apenas parte de sua escrita, além do vulgarmente dito sobre ela, e montou uma baboseira qualquer. O mesmo aconteceu com Nelson Rodrigues. Tive a impressão de ler alguém sem conhecimentos desse autor e que escreveu a partir do que ouviu falar. A inteligência artificial terá de comer muito feijão com arroz se quiser substituir os seres humanos em algumas funções da vida. Quanto a isso, os escritores podem ficar sossegados.