segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Eu Apenas Escrevo

Eu li Drive e assisti à sua adaptação para o cinema onde a personagem de Ryan Grosling ao ser contratada para dirigir numa fuga responde algo assim: "Não quero saber quem vocês são ou o que irão fazer... eu apenas dirijo." Fiquei tão obcecado com o filme que passei a viver como se fosse o "driver" e respondia:

- Vamos ao jogo?

- Eu apenas escrevo.

- Vamos ao show?

- Eu apenas escrevo.

- Vamos..

- Eu...

- Ao...

- Só...

- Shopping.

- Escrevo.

Então precisei pagar uma conta e acabou a fantasia.

Sobrinha versus Tio do ZAP sobre as vacinas

 Sobrinha digitando...

Sobrinha  - De cada dez pessoas que morreram em Portugal, apenas três estavam vacinadas. Ou seja, se eu tomar a vacina tenho setenta por cento de chance de sobreviver ao vírus. 

Tio do ZAP - Esta vacina foi criada muito rápido.

Sobrinha - Com dinheiro e interesse de todo mundo tudo é veloz. Até a cura do câncer seria possível com o mesmo investimento...

Tio do ZAP - Mas a indústria farmacêutica...

Sobrinha - Quando você tem dor de dente você toma remédio ou contesta a indústria farmacêutica? 

Tio do ZAP - Tomo remédio.

Sobrinha - Então é só utilizar o mesmo raciocínio.

Tio do ZAP saiu do grupo. Silêncio no grupo da família.

domingo, 26 de dezembro de 2021

John Doe no Dick Cavett

Dick Cavett - A curiosidade?

John Doe  - Acabou 

Dick Cavett - Quando?

John Doe - Com o advento da banda larga?

Dick Cavett - Porquê?

John Doe - Por causa da falta de tempo.

Dick Cavett - Como assim?

John Doe - Um jogo, um vídeo engraçado, um pornô, ou um livro?

Dick Cavett - Eu faço as perguntas.

John Doe - Um pornô.

Dick Cavett - Uma novidade ou uma celebridade? 

John Doe - Uma celebridade gera mais engajamento.

Dick Cavett - Alguém em especial?

John Doe - Aquela bunda que canta.

Dick Cavett - Quem vai disputar emprego com os robôs no futuro?

John Doe - Os curiosos...

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

O Presente de Beatriz

O presente de Natal que deixou Beatriz tão feliz foi um kit de beleza dado por uma vizinha. A menina de treze anos mora numa favela num pequeno barraco com a mãe empregada doméstica. A mãe diz que Beatriz aprendeu inglês sozinha. Intrigada a vizinha pergunta: "Na escola?", "Num aplicativo. Eu quero estudar nos Estados Unidos". Beatriz faz o cabelo das vizinhas e vende doces aos colegas para poder ajudar nas despesas. A vizinha pergunta: "Como você aprendeu?", "Não é no YouTube que se aprende tudo?", "E como você encontra tempo?", "Controlo num App até o tanto que passo nas redes sociais. Entro lá mais para mostrar os cabelos que fiz." Quando a vizinha saí, ela evita fazer comparações, mas pensa: "A menina teve sorte ao nascer com essa personalidade. Se a minha condição permitir eu vou comprar um computador para ela." Beatriz sempre utiliza o wi-fi da vizinha.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O melhor Natal da minha vida

Ele nasceu no Natal. Então a sua família comemorava o seu aniversário. Eles comiam, bebiam, trocavam presentes, e usavam as suas roupas novas. O aniversariante tomou uns copos de vinho, e a dançar e sorrir saiu pela porta dos fundos que era por onde os empregados entravam na mansão da família. Apesar de rico, ele usava vestes simples. O porteiro de plantão que conhecia os seus hábitos estranhos disse: "O senhor não pode deixar a sua família...", "A minha família é todo mundo." Ele respondeu. E o porteiro seguiu o homem. Naquela noite ele visitou asilos, presídios, hospitais, orfanatos, hospícios, prostíbulos, pontos de drogas... falou com gente de todas as raças, religiões, orientações politicas, ideológicas, e sexuais. O porteiro percebeu que ao lado dele o tempo parecia não passar. Já dia claro comentou: "Este foi o melhor Natal que eu passei." E ele deu o riso mais sereno que o porteiro jamais veria em sua vida.

O Jangadeiro e o Urubu-Malandro

Jangadeiro - Aí embaixo está cheio de jacarés. Está vendo aqueles pontinhos verdes? São eles... tudo de butuca em silêncio.

Urubu-Malandro - Por que ninguém diz nada?

Jangadeiro (ironia) - Com a valorização dos rios agora todos eles viraram subcelebridades.

Urubu-Malandro - Bom dia, jacarés?

Ninguém responde.

Jangadeiro - Eles não irão dizer nada.

Urubu-Malandro (insiste) - Bom dia, jacarés!

Jangadeiro - Não adianta... Nós não pertencemos à espécie deles.

Urubu-Malandro - Quer ver eles dizerem alguma coisa? 

Jangadeiro - Duvido. Aposto uma carniça.

Urubu-Malandro - Não concordo com nada do que vocês dizem!

Os jacarés saem voados em direção à jangada .

Urubu-Malandro - Toca o barco que os bichos "tão" tudo doidos!

Jangadeiro - Tomara que não bloqueiem o rio! 

Urubu-Malandro - Ufa... Pensei que ninguém ia dizer nada.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

MetaUniverso

 Neta – Vovó... nesta época acontecia o antigo Natal não era?

Avó – Sim, minha filha.

Neta – Vovó... é verdade da outra vovó que vocês andavam no meio da rua?

Avó (alerta) - Sim, é verdade minha filha.

Neta – Fazendo o quê?

Vovó – As mesmas coisas que fazemos hoje em dia. Só que ao ar livre.

Neta – Por quê?

Avó (desconfiada) – Não sei minha filha. As coisas eram assim. Ainda não existia o MetaUniverso.

Neta - É verdade da outra vovó que eram vocês que faziam as músicas de Natal?

Avó – Sim, minha filha. Nós fazíamos as músicas.

Neta – Mas não são os robôs que fazem as músicas?

Avó – Naquela época não existiam robôs do jeito que existem hoje.

Neta – A vovó prefere assim ou preferiria como era antigamente?

Avó (trêmula) – Eu prefiro assim, minha filha. Depois que o nosso salvador inventou o Metaverso em sua primeira intervenção o mundo ficou bem melhor.

Neta – Ah, tá, entendi Vovó... Ótimo.

Avó: “Esta minha neta virtual deve ser um caçador de infiéis. Meu Deus me ajuda... Não consigo parar de tremer.”

Neta – Seria uma contradição estar no MetaUniverso e não gostar, não acha? Os infiéis dizem que são obrigados...

Avó (medrosa) – Verdade minha filha, verdade... Seria contraditório.