Não
adianta ser indiferente ou não tomar partido da desgraça alheia. Se você vive
no mundo pode ser atingido com o sofrimento do outro. Não funciona morar num
prédio da zona-sul do Rio de Janeiro e viver cercado de favelas. O garoto que
você menospreza no sinal é o mesmo que vai dar um tiro no seu filho amanhã. Isto
acontece agora com a variante descoberta na África. Vivemos num mundo
globalizado e sem fronteiras espaciais. É gente indo e vindo o tempo todo. Não vale
estocar vacina ou comida se o outro não tem nada disto. Um dia inevitavelmente
ele irá bater à sua porta. Seja através de um vírus ou como imigrante. Mesmo
que precise viajar dias num pequeno barco furado fugindo de uma guerra. Nós
sobrevivemos por causa disso, lembra da teoria da evolução? A pulsão de morte e
a pulsão de vida precisam caminhar juntas. Independente de você acreditar em Deus,
na medicina, no governo, ou na indústria farmacêutica, caso você vá para o
carnaval ou para as festas de fim de ano, você terá de assumir o risco de o
vírus comer o seu cu, independente da sua idade e orientação política.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2021
Variante vinda da África
terça-feira, 30 de novembro de 2021
Bolsonaro e Aristides
Eu amo essa história... Do cara que foi criado na carreira militar, mas que no fundo sente afeição por outros homens, e vive uma paixão ardente por seu colega de quartel, mas os dois não conseguem assumir isso publicamente. Ele vive atormentado. O filho também não pode dar testemunho da sua sexualidade. A mulher o trai porque não consegue segurar seu desejo como ele. Acho esta história tão bonita... A sociedade com a religião e a sua cultura não deixam o cara se entregar às suas inclinações. Ele com raiva começa a combater os que sentem o mesmo que ele. Eu imagino Bolsonaro abandonando tudo, presidência, Lula, bolsonaristas, e o cacete a quatro, e indo encontrar Aristides que o espera sem camisa manejando um barco em frente a uma cabana numa ilha do Pacífico. Seria um fim tão bonito. Pena que a vida é tão amarga e cheia de contratempos.
Tempo a Perder
segunda-feira, 29 de novembro de 2021
Literatura de Compadres e Comadres
Português corretíssimo.
Ausência de clichês.
Pontuação perfeita.
Falta de baixo calão.
Literatura de compadres... e comadres.
Inúmeros títulos.
Estudos acadêmicos.
Adotados em escolas.
Prêmios em concursos.
Literatura de compadres... e comadres.
Sem sangue.
Sem sexo.
Sem ódio.
Sem ressentimento.
Literatura de compadres... e comadres.
Cantatas poéticas.
Saraus, tertúlias.
Vozes sonolentas.
Bocejos.
Literatura de compadres... e comadres.
Vírgula milimétrica.
Decantar o amor.
Escrever à noite.
Sobrenome pomposo.
Literatura de compadres... e comadres.
sábado, 27 de novembro de 2021
Resignação na Pandemia
A pandemia levou pessoas, oportunidade, e lucidez. Para uns uma catástrofe, em outros casos bem menos, e ainda tiveram aqueles que conseguiram "crescer" com ela. O povos em sua maioria não aceitam as medidas de prevenção, e desconfiam da ciência, pois preferem negar o lado trágico da vida. Buscam culpados por sua sorte. Eles querem resolver as suas necessidades de carência, e na ânsia esquecem que este é um impulso de preservação da vida; assim como lavar as mãos, usar máscaras, e manter a distância. Os governantes obedecem às vontades da massa com medo de sua censura. Ser livre totalmente não é utopia para quem vive em sociedade? Com todo o revés que a pandemia tem causando, se vier um novo confinamento eu tentarei ir atrás de resignação.
quarta-feira, 24 de novembro de 2021
A Paixão e o Amor
A paixão existe no temor da perda. A paixão é imediatista. O amor não, o amor resiste mesmo à distância ou à morte. O amor deixa lembranças. A paixão deixa saudade. O amor é sereno. A paixão é a adrenalina. O amor se constrói com o tempo. A paixão é isso que chamam de amor à primeira vista. A paixão é a explosão dos sentimentos irracionais. O apaixonado sofre e faz à pessoa o que não se deve fazer por ninguém. O amor faz com que uma mãe entregue o filho à Justiça e perdoe o assassino da filha. A paixão não, a paixão faz com que o pai esconda o filho e vingue a morte da filha. O amor é tranquilo e suave como uma brisa de dezembro, ele faz com que mesmo no momento da morte se deixe o ser amado ir… nós sabíamos que um dia teríamos de nos separar. A paixão é isso, egoísta, faz perder tempo, dinheiro, saúde, ânimo, e às vezes a própria vida. Paixão é doença, é vício, é cocaína, é sexo. O amor não, o amor é tranquilo… pois ele está para além de todas as limitações materiais.